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Padre ironiza ausência de Temer em Aparecida (SP) e sugere que "popularidade" foi motivo

Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Imagem: Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Janaina Garcia

Do UOL, em Aparecida (SP)

12/10/2017 13h58

A organização das festividades pelos 300 anos de aparição da imagem de Nossa Senhora de Aparecida, no Santuário Nacional, ironizou nesta quinta-feira (12), feriado nacional da padroeira, a ausência do presidente Michel Temer (PMDB) no evento.

O peemedebista enviou como representantes os ministros Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia) e Antônio Imbassahy (Secretaria-Geral). Além deles, o único político de mais projeção nacional a aparecer na solenidade foi o governador Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato à sucessão presidencial e visitante tradicional da basílica desde os anos 1980.

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“Se eu fosse presidente do Brasil, eu viria. Pode ser uma questão até de assessoria, né? De repente, os assessores não atentaram para isso [a importância dos 300 anos da festa pela aparição da imagem]”, disse o reitor do Santuário, padre João Batista de Almeida. Indagado por jornalistas se a baixa popularidade de Temer –3%, segundo pesquisa Datafolha– pode ter sido um fator para a ausência, o religioso riu e respondeu: “É.”

Sobre a baixa participação de autoridades no evento, o reitor minimizou a situação ao afirmar que a basílica “está sempre de portas abertas para todo mundo”, ainda que não seja, essa participação, “a tradição”. “Convidamos, mas não é tradição”, disse o reitor. Por outro lado, ele lembrou que, dos mais de 300 bispos católicos que existem hoje no Brasil, vieram para o jubileu dos 300 anos entre 30 e 40.

"Não misturo política e religião", diz Alckmin

Vaiado por parte dos fiéis ao ser anunciado com os ministros de Temer e logo após uma mensagem do papa Francisco contra o desânimo e corrupção, Alckmin disse não ter ouvido “vaia nenhuma”. “Você que está com a audição bem apurada”, disse, questionado sobre a manifestação por um repórter de rádio. Kassab e Imbassahy deixaram a basílica sem falar com a imprensa e sem participar da entrevista coletiva.

Em seguida, o governador disse não ter feito “pedido algum” à santa com vistas a 2018 –pré-candidato, ele disputa internamente a indicação com seu afilhado político, o prefeito de São Paulo João Doria (PSDB). Com viagem a Milão, o prefeito não foi a Aparecida, nem mandou representante– o vice, o também tucano Bruno Covas, está em viagem a Paris.

Geraldo Alckmin e o reitor do Santuário Nacional de Aparecida, João Batista de Almeida - Janaina Garcia/UOL - Janaina Garcia/UOL
Geraldo Alckmin e o reitor do Santuário Nacional de Aparecida, João Batista de Almeida
Imagem: Janaina Garcia/UOL
“Não misturo política e religião; aliás, se amanhã eu não for candidato a nada, e se não tiver nenhum cargo político, continuarei vindo aqui, como faço há décadas. Sou sempre da tese de que você não deve fazer aquilo que você não faz com naturalidade, ao [só] fazer por política”, definiu o tucano, que, antes de conceder entrevista, assinou, nas dependências do santuário, uma ordem de serviço para a construção de 62 unidades habitacionais de interesse social, por meio da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), orçada em R$ 6,59 milhões e a ser construída em Aparecida.

O governador reforçou o discurso de que, entre ele e Doria, prevalecerá “o critério de escolha do partido” –mesmo que pesquisa Datafolha do último domingo (9) tenha apontado que o eleitor de Doria prefere Alckmin na disputa pela sucessão presidencial. “Se tiver mais de um candidato, [o partido] deve fazer prévia. Eu estava nos EUA em janeiro de 2007 e se dizia que a candidata seria a Hillary Clinton. Obama era vice, ninguém acreditava no Obama. Aí ele ganha as primárias e ganha a eleição”, comparou.