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PM dá voz de prisão à médica após confusão e bate-boca em UPA do Rio; assista

Wanderley Preite Sobrinho

Colaboração para o UOL

18/10/2017 13h09

Uma confusão envolvendo policiais militares e profissionais da saúde de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Rio de Janeiro terminou em empurra-empurra, bate-boca, insultos e voz de prisão a uma médica. O episódio aconteceu na madrugada desta terça-feira (17) em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

A discussão foi filmada e ganhou as redes sociais, gerando uma investigação policial e pedidos de esclarecimentos por parte da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa (Alerj).

A gravação começa com a médica, vestida de azul, pedindo para um policial "falar baixo". De repente, o PM parece ouvir alguma coisa antes de perder a paciência e ir em direção à mulher. Na sequência, o agente avança e outra funcionária, aos gritos, pede que ele não bata em sua colega. “Você está presa”, diz o oficial.

Ao UOL, a assessoria da PM contou que naquela madrugada os agentes do 20º Batalhão "foram recebidos a tiros por marginais" na comunidade Grão Pará. No confronto, três suspeitos ficaram feridos. “Os policiais socorreram os baleados para a UPA de Cabuçu, mas segundo os policiais, a médica recusou o atendimento, sugerindo que eles os levassem para o Hospital Geral de Nova Iguaçu.”

O agente, que nega a agressão, diz que a médica lhe feriu o rosto e o chamou de “animal” por diversas vezes. “O policial e as demais vítimas foram atendidos no Hospital Geral de Nova Iguaçu.” O oficial registrou queixa na 53ª DP, que promete investigar as circunstâncias do incidente.

Procurada pela reportagem na manhã de hoje, a Secretaria de Saúde prometeu tomar “as medidas cabíveis” em relação à médica porque “a orientação aos profissionais é que todos os pacientes devem ser acolhidos”. No final da tarde, no entanto, a pasta encaminhou uma atualização da nota oficial.

Nela, a secretaria “repudia a agressão sofrida” pela médica de plantão e diz que “não houve omissão de socorro” no episódio. “Segundo o relato da médica, os três óbitos já tinham sido constatados, sendo que um dos pacientes trazidos pelos policiais chegou a ser acolhido e levado para a sala vermelha da unidade”, escreve. “Os outros dois, de acordo com a profissional, também seriam acolhidos e levados ao necrotério da UPA após confirmação da coordenação médica de que havia capacidade para receber os corpos.”

De acordo com a assessoria, a agressão começou depois que os policiais recolheram o corpo da sala vermelha e decidiram levar os três homens para outra unidade de saúde “mesmo depois de a médica ter comunicado aos PMs que os três seriam acolhidos na UPA e encaminhados ao IML”.

Diante da repercussão do caso, a Comissão de Segurança Pública e Assuntos de Polícia da Alerj encaminhou um ofício à Polícia Civil para apurar o caso. Ao UOL, a assessoria da presidente da comissão, deputada Martha Rocha (PDT), também informou que pediu esclarecimentos à PM e à Secretaria Estadual de Saúde. “A comissão quer saber quais foram as providências adotadas pelas instituições”, informa. “Uma audiência pública para discutir a postura dos profissionais também pode ocorrer.”