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Escola se manifesta pela primeira vez após mortes: "deixemos de lado os julgamentos"

21.out.2017 - Vítimas de atirador foram enterradas no sábado (21) em Goiânia - André Costa/Estadão Conteúdo
21.out.2017 - Vítimas de atirador foram enterradas no sábado (21) em Goiânia Imagem: André Costa/Estadão Conteúdo

Do UOL, no Rio

22/10/2017 20h09

Os diretores da escola Goyases, em Goiânia, em que dois jovens morreram após um adolescente de 14 anos atirar contra os colegas na sexta-feira (20), se manifestaram pela primeira vez neste domingo (22). Em nota, os responsáveis pela escola dizem se unir ao luto das famílias e pedem que julgamento não sejam feitos.

"Deixemos de lado os julgamentos e vamos promover uma profunda reflexão na sociedade, nas escolas e nos lares e sobretudo uma reflexão individual perguntando o que podemos fazer para amenizar a dor desse momento e como deveremos agir para evitar futuros fatos assim tristes", diz o texto.

A escola também se coloca à disposição dos pais dos alunos e diz que o calendário do ano letivo será redefinido durante a semana.

Pela manhã, um dos adolescentes feridos no ataque recebeu alta hospitalar. H.M.B., 13, estava internado no Hugo (Hospital de Urgências de Goiânia) desde sexta-feira (20), quando o jovem de 14 matou dois colegas e deixou outros quatro feridos.

O empresário Thiago, pai de H.M.B, disse ao jornal "O Estado de S. Paulo" que o jovem está andando, mas ainda sente um pouco de dor. Ele levou um tiro no tórax, mas o projétil não chegou a perfurar o pulmão. A bala ficou alojada nas costas do estudante e, segundo o pai, os médicos decidiram não remover. "Ficou a um centímetro para acertar a medula. Foi Deus", conta.

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A pedido dos familiares, o Hugo deixou de divulgar informações sobre o estado de saúde das outras duas jovens que estão internadas no local.

Na manhã de ontem (21), foi informado que a menina I.M.S., 14, estava em estado grave na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), respirando com a ajuda de aparelhos. Ela é a vítima em estado mais grave após levar três tiros, que atingiram uma mão, o pescoço, de forma superficial, e o tórax.

Já a jovem M.R.M., 14, tinha estado de saúde estável e havia sido levada para a UTI no sábado para monitoramento, mas não corria risco de morte. Ela teve o pulmão esquerdo perfurado por um tiro.

A quarta vítima foi levada para o Hospital dos Acidentados, que não informa o estado de saúde.

No sábado, os corpos dos adolescentes João Pedro Calembo e João Vítor Gomes, vítimas do atirador, foram enterrados. Eles morreram na hora, dentro de sala de aula, depois de terem sido atingidos por diversos disparos à queima-roupa.

Durante o sepultamento, o pai de João Pedro, Leonardo Calembro, afirmou que, no momento, não se deve julgar o responsável pelo crime, e sim entender o que acontecer e perdoar. "Eu espero que toda a sociedade e os outros pais o perdoem pelo fato acontecido. Não devemos julgá-lo agora. Nós temos de entender e perdoar”.

"Nós temos de entender e perdoar", diz pai de aluno morto sobre atirador

UOL Notícias

Justiça determina internação provisória de atirador

Também no sábado, a Justiça de Goiás acolheu pedido feito pelo Ministério Público e determinou a internação provisória, por 45 dias, do adolescente que atirou contra os colegas. A decisão é da juíza plantonista Mônica Cezar Moreno Senhorelo.

Em sua decisão, a juíza diz que a internação é uma medida que se impõe para a garantia da ordem pública, considerando a gravidade do ato infracional, "análogo ao crime de homicídio consumado e tentado”, visando ainda preservar a integridade física do adolescente. No despacho, a juíza diz ainda que a internação não deverá ultrapassar o prazo máximo de 45 dias, em obediência aos artigos 108 e 174 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

O jovem deverá se apresentar ao Juizado da Infância e Juventude na segunda-feira (23), que o encaminhará ao Centro de Internação Provisória, conforme solicitado pelo Ministério Público e determinado pela juíza. Desde sexta, o garoto está detido na Depai (Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais).

Segundo o promotor Cássio Sousa Lima, o adolescente disse no depoimento estar arrependido e que planejou a ação como uma forma de retaliação. “O adolescente confirmou que foi motivado pelo bullying que sofria, mas demonstrou arrependimento”, disse o promotor.

Ainda de acordo com o promotor, o pai relatou que a arma estava em local seguro e difícil de acessar. A mãe não esteve no depoimento porque foi internada, em choque, após o acontecimento, e ainda não teve alta.