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Duas vítimas de tiros em colégio de Goiânia têm melhora no estado de saúde, entre elas, a mais grave

No sábado, os corpos de João Pedro Calembo e João Vítor Gomes foram enterrados - André Costa/Estadão Conteúdo
No sábado, os corpos de João Pedro Calembo e João Vítor Gomes foram enterrados Imagem: André Costa/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

23/10/2017 12h51

Duas vítimas do adolescente de 14 anos que matou dois colegas e feriu outros quatro no Colégio Goyazes, em Goiânia, na última sexta (20), apresentaram melhora no quadro de saúde nesta segunda-feira (23). Ambas são meninas, têm 14 anos e estão internadas no Hugo (Hospital de Urgências de Goiânia).

O quadro mais delicado era o da adolescente I.M.S., internada em estado grave, na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), sedada, com tubos e respirando por aparelhos. Ela era a vítima em estado mais crítico depois de levar três tiros que atingiram uma mão, o pescoço, de forma superficial, e o tórax.

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De acordo com a assessoria de imprensa do hospital, hoje o estado dela evoluiu de grave para regular, de modo que a paciente está “orientada, consciente e com respiração espontânea”, segundo as informações do boletim médico divulgado por volta de meio-dia. Ela continua na UTI humanizada –em que é possível um acompanhante, familiar, 24 horas –, mas, conforme os médicos do setor, não corre risco iminente de morte.

A outra adolescente internada permanece em estado regular, mas, hoje de manhã, recebeu alta da UTI e foi transferida a um leito de enfermaria do Hugo. Sem risco de morte, ela teve o pulmão esquerdo perfurado por um tiro.

Segundo a assessoria, a paciente também está orientada, consciente e com respiração espontânea. Ela havia sido levada à UTI no fim de semana para “melhor observação da drenagem torácica e de possíveis sangramentos, o que não aconteceu até o momento.”

No domingo (22), uma das vítimas, um estudante de 13 anos, recebeu alta hospitalar. H.M.B. levou um tiro no tórax, mas o projétil não chegou a perfurar o pulmão. A bala ficou alojada nas costas do estudante e, segundo o pai, os médicos decidiram não remover.

A quarta vítima foi levada para o Hospital dos Acidentados, que não informa o estado de saúde.

No sábado, os corpos dos adolescentes João Pedro Calembo e João Vítor Gomes, vítimas do atirador, foram enterrados.

Durante o sepultamento, o pai de João Pedro, Leonardo Calembro, afirmou que, no momento, não se deve julgar o responsável pelo crime, e sim entender o que acontecer e perdoar. "Eu espero que toda a sociedade e os outros pais o perdoem pelo fato acontecido. Não devemos julgá-lo agora. Nós temos de entender e perdoar”.

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Estudantes retornam a escola em Goiânia

Segundo reportagem do jornal “Folha de S. Paulo”, pais e alunos retornaram à escola particular onde tudo aconteceu para buscar o material que ficou para trás na fuga.
Na manhã desta segunda-feira, as mochilas dos estudantes estavam distribuídas no pátio da escola, de acordo com o ano dos alunos.

Alguns alunos e pais, segundo o jornal, saíram emocionados da escola. "Minha filha saiu da sala no momento do primeiro tiro. Ela ficou transtornada. Não tenho intenção de tirar meus filhos daqui [da escola]", disse o pai de dois alunos.

Justiça determina internação provisória de atirador

Também no sábado, a Justiça de Goiás acolheu pedido feito pelo Ministério Público e determinou a internação provisória, por 45 dias, do adolescente que atirou contra os colegas. A decisão é da juíza plantonista Mônica Cezar Moreno Senhorelo. Nesta segunda (23), o Tribunal de Justiça goiano informou que a audiência de apresentação à Vara da Infância e Juventude do adolescente não acontecerá hoje, conforme inicialmente anunciado. Em nota, a assessoria do tribunal se limitou a comunicar à imprensa que o Juizado da Infância ainda não designou a data da audiência e que, por razões legais, não fornecerá novos detalhes sobre o caso, que corre em segredo de Justiça.

Na decisão de sábado, a juíza disse que a internação é uma medida que se impõe para a garantia da ordem pública, considerando a gravidade do ato infracional, "análogo ao crime de homicídio consumado e tentado”, visando ainda preservar a integridade física do adolescente. No despacho, a juíza diz ainda que a internação não deverá ultrapassar o prazo máximo de 45 dias, em obediência aos artigos 108 e 174 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

Após se apresentar ao Juizado da Infância e Juventude, o adolescente deverá ser encaminhado ao Centro de Internação Provisória, conforme solicitado pelo Ministério Público e determinado pela juíza. Desde sexta, o garoto está detido na Depai (Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais).

Segundo o promotor Cássio Sousa Lima, o adolescente disse no depoimento estar arrependido e que planejou a ação como uma forma de retaliação. “O adolescente confirmou que foi motivado pelo bullying que sofria, mas demonstrou arrependimento”, disse o promotor.

Ainda de acordo com o promotor, o pai relatou que a arma estava em local seguro e difícil de acessar. A mãe não esteve no depoimento porque foi internada, em choque, após o acontecimento, e ainda não teve alta.

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