"Ainda bem que o porte de arma é proibido", diz pastor atacado com faca em culto
Era um dia especial para a igreja O Brasil Para Cristo na cidade de Tatuí, interior de São Paulo. Mais de 350 pessoas lotaram a celebração mensal da Santa Ceia no último domingo (5), que contou até com transmissão ao vivo pelo Facebook. O que ninguém esperava era que um homem de 26 anos invadisse o púlpito empunhando uma faca e avançasse em direção ao pastor Getero Augusto de Campos, que fazia um sermão.
Após registrar boletim de ocorrência como agressão, Campos ressalta que o caso poderia ter um fim diferente e acredita que a transmissão ao vivo do incidente não tenha sido por acaso. “Ainda bem que o porte de arma é proibido no Brasil. Se ele estivesse com uma arma, um desastre poderia ter acontecido.”
A transmissão ao vivo permitiu que os fiéis assistissem ao momento em que o homem sobe por uma escada lateral, saca uma faca da cintura e segue em direção ao pastor, que, em posição defensiva, anda para trás repetindo por diversas vezes a frase “o sangue de Jesus tem poder”.
“Ele ficou irritado com as palavras do louvor”, contou o pastor Campos ao UOL. “O louvor dizia que, se Deus fizer, é Deus, se não fizer, é Deus também. Era o reconhecimento de sua divindade em todas as circunstâncias.”
O homem, que segundo Campos tem um “déficit mental”, teria se irritado porque sua mãe, cega, não é curada por Deus. “Ele não é um frequentador assíduo, mas vem à igreja de vez em quando. Na quinta passada (2), apareceu com a mãe.”
O pastor conta que estava bastante concentrado durante o incidente. “Ele subiu e quase ninguém percebeu. Minha esposa me chamou duas vezes, mas eu não escutei. Quando vi, ele estava a dois passos de mim”, conta. “Foi um momento propício porque os diáconos estavam reunidos em uma sala ao lado para preparar a Santa Ceia, enquanto eu e os membros da igreja líamos a Bíblia depois do louvor.”
Campos diz que conhece a família do homem. Ele mora com a mãe em um cortiço com alguns de seus 14 irmãos. “É uma família simples. O tio dele é meu amigo”, diz o pastor, que foi contra o registro do Boletim de Ocorrência.
“Eu não acredito no sistema carcerário, mas um pastor nosso orientou a fazer o boletim porque o rapaz tem um distúrbio mental. Vai que ele entra em uma escola…” Depois que o agressor foi encaminhado para a delegacia, Campos foi até o distrito conversar com ele. “Registramos o B.O como agressão.”
Para Campos, “a igreja está longe demais da discussão social sobre violência”. “Temos de parar com o discurso de ódio e fazer como Cristo, que nos veio falar de amor. E nós, como igreja, não devemos criticar os outros, mas amá-los também.”
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