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Após polêmica, Torquato se emociona e diz que compromisso com o Rio é pessoal

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

13/11/2017 12h12Atualizada em 13/11/2017 16h31

O ministro da Justiça, Torquato Jardim, voltou a falar sobre segurança pública do Rio, nesta segunda-feira (13), três semanas depois da polêmica entrevista ao blog do colunista do UOL Josias de Souza. Em discurso durante evento com o presidente Michel Temer e o governador fluminense, Luiz Fernando Pezão (PMDB), Torquato --que é carioca-- se emocionou ao lembrar de sua infância e adolescência na cidade, quando havia menos violência, segundo ele. Também disse que seu compromisso no combate à criminalidade é "pessoal": "não abro mão."

“Esse é o Rio de Janeiro que nós todos queremos. Por acima de estatísticas, números… Essa tranquilidade de vocês terem memória. A memória de uma cidade que sabe viver em paz. Daí porque: meu compromisso com a segurança pública é pessoal”.

Esta foi a primeira vez em que Torquato e Pezão estiveram juntos desde a entrevista do ministro ao Blog do Josias, em 31 de outubro. Na ocasião, o representante do governo federal afirmou que o comando da Polícia Militar fluminense decorre de "acerto com deputado estadual e o crime organizado". O ministro disse ainda que "comandantes de batalhão são sócios do crime organizado" e afirmou estar convencido de que o assassinato do tenente-coronel Luiz Gustavo Teixeira, que comandava o 3º BPM (Méier), na zona norte do Rio, não foi resultado de um assalto.

As declarações provocaram uma crise institucional entre a pasta federal e o governo do Estado, com fortes reações de Pezão, do secretário de Estado de Segurança Pública, Roberto Sá, e do presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), Jorge Picciani (PMDB). O chefe do Legislativo fluminense chegou a dizer que Torquato mente, é "irresponsável" e "age com má-fé".

"Quando ele acusa todos os comandantes de estarem acumpliciados com o crime organizado, ele mente. A polícia tem punido os seus maus profissionais", declarou o deputado. O ministro da Justiça não rebateu.

A comitiva com Temer, Torquato, Pezão e demais autoridades esteve nesta segunda em uma solenidade no Cefan (Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes), da Marinha, na avenida Brasil, na zona norte da capital fluminense. O presidente assinou medida provisória que destina cerca de R$ 157 milhões para ações que busquem afastar crianças e adolescentes da violência. Os recursos compõem o "Programa Emergencial de Ações Sociais para o Rio de Janeiro".

A expectativa, de acordo com a União, é atender 50 mil crianças e adolescentes de 6 a 17 anos das áreas do Complexo do Lins, do Complexo do Chapadão/Pedreira, na zona norte, da Cidade de Deus e da Vila Kennedy, na zona oeste, da Rocinha, na zona sul, além de comunidades da Baixada Fluminense e de São Gonçalo (região metropolitana do Estado).

O discurso do ministro da Justiça durou cerca de dois minutos, contrastando com discursos longos dos demais ministros presentes ao evento.

Pezão elogia governo Temer

Em seu discurso, Pezão fez diversos agradecimentos, sobretudo a Temer, a quem chamou de "amigo extraordinário do Rio". "O senhor tem sido um grande parceiro do Rio. (...) se não fosse o senhor, nós não teríamos chegado até aqui", disse ele, citando ainda alguns números do governo federal, em tom de elogio.

"O senhor está com o menor nível de inflação de toda a história desse país. O maior saldo da balança comercial, recorde que nunca teve nesse país. E isso, infelizmente, não dá uma primeira página de jornal nem é mostrado no grande noticiário."

O governador do RJ não citou diretamente as críticas à área de segurança pública, mas afirmou que "ninguém quer esconder as mazelas e os erros" cometidos pelo Executivo fluminense durante a sua gestão e a do antecessor, Sérgio Cabral (PMDB), preso e condenado em ações penais da Operação Lava Jato.

"Ninguém quer esconder as mazelas e os erros nossos. Todos eles nós vamos enfrentar. Mas também temos que mostrar a agenda positiva."