PF prende na Grande SP suspeitos de integrar guerrilha marxista paraguaia
A PF (Polícia Federal) deteve na madrugada desta sexta-feira (24), na cidade de Itaquaquecetuba, região metropolitana de São Paulo, dois suspeitos de serem membros da guerrilha marxista paraguaia EPP (Exército do Povo Paraguaio).
Prestaram depoimento à polícia no fim da manhã desta sexta-feira os guerrilheiros Óscar Luis Benítez, acusado de participar do sequestro e homicídio de Cecilia Cubas, filha do ex-presidente paraguaio Raul Cubas em 2005, e Lorenzo González, procurado pelo sequestro de um fazendeiro e responsável pelo recrutamento de membros para a organização.
Procurada pelo UOL, a PF informou que ainda apura o motivo pelo qual eles estavam em São Paulo e se eles tinham ligações com facções criminosas brasileiras. "Foram realizadas duas prisões nesta manhã e estamos apurando os fatos imputados aos presos para divulgarmos as informações", disse, em nota.
O EPP é uma guerrilha rural que atua no norte do Paraguai em uma região que faz fronteira com o Mato Grosso do Sul. A milícia é acusada de dezenas de mortes de policiais e militares, além de ataques a políticos e sequestros. O governo do Paraguai a classifica como grupo terrorista.
O governo paraguaio diz que a busca pelos dois teve apoio da Interpol, que faz diligências, além do trabalho de inteligência, há cerca de um mês. O governo do país vizinho quer que o Brasil extradite a dupla.
Em nota, o ministro do Interior do Paraguai, Lorenzo Darío Lezcano, informou que a investigação teve início em meados de outubro. Após evidências de que a dupla estaria no Brasil, o juiz paraguaio Miguel Tadeo Fernández ordenou a reiteração de um mandado de prisão internacional. Com o documento, a PF colaborou com a ação.
A suspeita do governo paraguaio é de que membros da guerrilha costumavam utilizar São Paulo como ponto de conexão entre os membros. A polícia do Paraguai procurava a dupla havia 10 anos.
EPP previa instalação de bases no Brasil
O EPP surgiu no início dos anos 2000 de membros do Partido Patria Libre que inicialmente lutava pela reforma agrária, mas decidiu pegar em armas.
Membros do grupo foram acusados do assassinato de Cecília Cubas, filha do ex-presidente paraguaio Raul Cubas, em 2005.
No final da década de 2010, o grupo adotou seu nome atual e intensificou as ações de guerrilha. Na época, havia entre 100 e 200 integrantes ativos.
Eles eram uma guerrilha rural que baseava suas operações no Chaco – uma área de floresta no norte do Paraguai, pouco povoada, que faz fronteira com o Mato Grosso do Sul.
Esses guerrilheiros fizeram dezenas de ataques contra forças militares e policiais do Paraguai, realizaram sequestros de fazendeiros e empresários, além de invadir fazendas. Eles também foram acusados da tentativa de assassinato de um senador paraguaio.
Entre suas vítimas estavam paraguaios, brasileiros e também “brasiguaios” – como são chamados brasileiros que vivem do lado paraguaio da fronteira.
O governo do Paraguai chegou a decretar estado de exceção no note do país em 2010 e 2011, por períodos de 60 dias, para combater os guerrilheiros. Os departamentos de San Pedro e Concepción se tornaram áreas militarizadas, mas o movimento não foi debelado.
Na época, foi apreendido um documento do grupo que previa a instalação de linhas logísticas de retaguarda em território brasileiro.
A ideia dos guerrilheiros era obter armas, munição e alimentos no Brasil para dar apoio às suas operações no Paraguai. Autoridades paraguaias pensavam, porém, que a base seria instalada próximo à fronteira.
A conexão de São Paulo da organização deve agora ser investigada.
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