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Polícia indicia 3 seguranças e um policial por morte de fisiculturista em boate de BH

Allan Pontelo morreu em uma boate em BH - Reprodução/Facebook
Allan Pontelo morreu em uma boate em BH Imagem: Reprodução/Facebook

Carlos Eduardo Cherem

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte (MG)

04/12/2017 19h56

A Polícia Civil concluiu o inquérito pela morte do fisiculturista Allan Pontelo, 25, e indiciou três seguranças e um policial militar por homicídio qualificado. O rapaz morreu no dia 2 de setembro dentro da boate Hangar 677, bairro Olhos D’Água, zona oeste de Belo Horizonte.

Segundo o delegado Magno Machado, da Polícia Civil, a causa da morte foi um golpe, conhecido como “mata-leão”, aplicado no fisiculturista por um dos seguranças, Carlos Felipe Soares, 30.

“Houve uma espécie de gravata, mais conhecida como ‘mata-leão’, que resultou na morte de Allan Pontelo. Na necropsia, foi constatado que houve fratura da cartilagem cricoide, que fica no início da traqueia, que contribuiu para a asfixia e morte”, afirmou o delegado nesta segunda-feira (4).

Além de Carlos Felipe Soares, William da Cruz Leal, 32, também foi indiciado por participar da agressão. Os outros dois listados no inquérito teriam feito um isolamento no local para que os golpes fossem desferidos contra Pontelo. São eles: o segurança Paulo Henrique Pardim, 29, e um cabo da PM (Polícia Militar) que não teve o nome divulgado.

“Um dos seguranças e o policial militar mantiveram as pessoas que queriam se aproximar à distância. Um amigo da vítima foi afastado mediante ameaça de arma de fogo”, afirmou o delegado.

Machado disse ainda que um dos indiciados, Paulo Pardim, tem um histórico de extorsões dentro da Hangar 677. De acordo com o delegado, ele se passava por policial civil e exigia dinheiro de usuários de drogas que eram flagrados dentro da boate.

Os três seguranças acusados pela morte do fisiculturista foram presos. O policial militar envolvido no crime vai responder ao inquérito em liberdade.

Versões sobre drogas

As investigações apontaram que, no dia do crime, Allan Pontelo foi abordado por dois seguranças quando saía do banheiro da boate. Segundo a defesa dos indiciados, eles suspeitavam que o fisiculturista estava com drogas e que tentaria vendê-las na boate.

Um pacote com ecstasy e cocaína que estariam com o rapaz foi entregue à polícia no dia da morte pelos seguranças, que disseram que Pontelo teria sofrido uma parada cardíaca em decorrência do consumo de substâncias tóxicas. Familiares e amigos alegaram que as drogas foram ‘plantadas’, isto é, colocadas depois ao lado do corpo do rapaz, mas o delegado descartou essa possibilidade.

“A droga foi periciada e, nas investigações, conseguimos apontar que Pontelo estaria com os entorpecentes. Não há indícios que as substâncias foram plantadas. Não podemos afirmar que a vítima era traficante de drogas. O que já sabemos é que ele teve envolvimento com drogas, isso foi constatado”, explicou Magno Machado.

A CY Security, empresa contratada pela Hangar 677 e para a qual os seguranças trabalhavam, informou que o advogado Ércio Quaresma, que assumiu o caso, considera que as prisões foram precipitadas. “O laudo do IML (Instituto Médico Legal) é inconclusivo. A defesa contratou uma empresa para realizar uma nova perícia particular. O resultado deve ficar pronto em 30 dias”, disse.

Segundo Quaresma, o laudo realizado pelo IML (Instituto Médico Legal) não especificou a quantidade de droga que o fisiculturista usou e nem as consequências dessa substância para a morte do fisiculturista.

A CY Security informou ainda que uma substância conhecida como cetamina, anestésico usado como entorpecente, foi encontrada no corpo de Allan Pontelo e que o laboratório da Polícia Civil não teria a tecnologia necessária para apontar a quantidade exata ingerida pelo rapaz.

O advogado Geraldo Magela e Lima, que representa a família do fisiculturista, negou as acusações da empresa e disse que não houve surpresa no indiciamento e prisão dos seguranças por homicídio qualificado.

“Essas prisões confirmam o crime. Para decretar prisões, é preciso que haja um crime de homicídio. A família sabia que não houve uma overdose, que não houve uma parada cardíaca, conforme alegaram os seguranças”, afirmou Magela e Lima.

A Hangar 677 informou que não vai se pronunciar sobre o inquérito e as prisões, lembrando que a boate não tem relação com a segurança, que é terceirizada.