Número de mortos pelas polícias no RJ passa de 1.000 em 2017 e já é o maior em quase 10 anos
O número de mortos pelas polícias no Estado do Rio de Janeiro chegou a 1.035 entre janeiro e novembro de 2017, segundo dados do ISP (Instituto de Segurança Pública) divulgados na sexta-feira (15). Em todo ano passado, foram registradas 920 mortes.
Ao ultrapassar os mil mortos, o Rio se aproxima dos números do período pré-UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) e chega ao maior índice desde 2009, quando 1.048 pessoas foram assassinadas em decorrência de suposta intervenção policial.
Essas estatísticas têm como fonte os registros de ocorrências feitos em delegacias, além de informações complementares da Polícia Militar.
No mesmo período, entre janeiro e novembro de 2017, o ISP informa que 27 policiais militares morreram em serviço no Estado. Considerando também os PMs assassinados em horário de folga, o Rio registra, até esta segunda-feira (18), 129 agentes mortos no ano.
Procurada pelo UOL, a Secretaria de Segurança do Estado do Rio não comentou a evolução dos indicadores.
As mortes provocadas pela polícia fluminense entre janeiro e novembro deste ano representam ainda cerca de 17% do total das 6.173 mortes violentas registradas no Estado no mesmo período.
Um PM morto para cada 38 pessoas assassinadas
Para a organização Human Rights Watch, que lançou em julho o relatório "O Bom Policial Tem Medo: Os Custos da Violência Policial no Rio de Janeiro", os números endossam "o entendimento das autoridades de que execuções extrajudiciais são bastante comuns" no Estado.
"O número de mortos por ação policial é muito maior do que o número de baixas na polícia, fazendo com que seja difícil acreditar que todas estas mortes ocorreram em situações em que a polícia estava sendo atacada", diz o relatório. Para cada policial assassinado no Rio de Janeiro em serviço em 2017, outras 38 pessoas morreram em decorrência de intervenções policiais.
A posição é corroborada pela Anistia Internacional, que considera que a política de Segurança Pública atual não protege moradores nem policiais. "As operações policiais no Rio de Janeiro seguem um padrão de alta letalidade, deixando centenas de pessoas mortas todos os anos, inclusive policiais no exercício de suas funções", afirma a organização.
"Em geral, são operações altamente militarizadas, que seguem uma lógica de guerra [neste caso, guerra às drogas], que enxerga as áreas de favelas e periferias como territórios de exceção de direitos."
Segundo a instituição, além das execuções, essas operações também resultariam em outros abusos, como invasão de domicílio, agressão física e verbal, e cerceamento do direito de ir e vir.
Escalada de violência
Desde setembro, traficantes se enfrentam pelo controle da venda de drogas na favela da Rocinha, na zona sul do Rio.
Por uma semana, quase mil homens das Forças Armadas e policiais fizeram um cerco à favela. Cerca de 8.500 militares reforçam a segurança no Estado desde o fim de julho.
Em agosto, o governo do Rio decidiu reduzir em 30% o efetivo das UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora) como forma de aumentar o número de policiais nas ruas. Essa mudança foi considerada um recuo no programa implantado em 2008 para tentar retomar áreas dominadas pelo tráfico de drogas.
Na primeira semana de outubro, pesquisa Datafolha mostrou que, se pudessem, 72% dos moradores iriam embora do Rio por causa da violência. O desejo de deixar a cidade é majoritário em todas as regiões e faixas socioeconômicas. Foram ouvidas 812 pessoas, e a margem de erro do levantamento é de quatro pontos percentuais, para mais ou para menos.
Nas últimas semanas, segundo o Datafolha, um terço dos moradores da cidade mudou sua rotina por causa da violência e presenciou algum disparo de arma de fogo. O levantamento revela que 67% das pessoas ouviram algum tiro recentemente.
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