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Polícia e criminosos trocam tiros na favela da Rocinha

Do UOL, em São Paulo

27/12/2017 07h48Atualizada em 27/12/2017 08h02

A favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, tem registro de tiroteios na manhã desta quarta-feira (27). Em vídeos publicados em redes sociais é possível ouvir o som da troca de tiros. Segundo a PM (Polícia Militar), confrontos ocorrem em alguns pontos da comunidade.

A corporação informa ainda que policiais entraram em confronto com criminosos armados em diversos pontos da comunidade. Até o momento, não há informações sobre feridos, presos ou apreensões.

Hoje, a PM informou que aumentou o emprego das unidades do comando de operações especiais BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais), BPChq (Batalhão de Polícia de Choque), BAC (Batalhão de Ações com Cães) e GAM (Grupamento Aeromóvel)-- na Rocinha. Policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) e do 23º Batalhão de Polícia Militar, do Leblon, também na zona sul, atuam nos pontos de cerco e contenção.

A comunidade conta com atuação diária das forças especiais e apoios de outras unidades da PM há mais de três meses, de acordo com a corporação. O objetivo da ação é intensificar a busca por armas e criminosos.

Disputa por poder

A Rocinha voltou a ganhar atenção após a prisão do traficante Rogério 157, que comandava o crime na região, em 7 de dezembro, e estaria no centro de uma disputa por poder na localidade.

A notoriedade de 157 veio em agosto de 2010, quando um grupo de traficantes da Rocinha invadiu o Hotel Intercontinental, em São Conrado, zona sul carioca, após um confronto com a polícia. Tentando fugir dos oficiais, Rogério e outros nove membros do tráfico na Rocinha se refugiaram dentro do hotel de luxo.

Os dez mantiveram 35 reféns, entre funcionários e hóspedes. Depois de negociações e sob orientação de Nem, o grupo se entregou. Nenhum dos reféns se feriu. A perseguição deixou quatro policiais feridos.

Em 2017, novos problemas começaram a surgir na comunidade da Rocinha. Rogério 157 estaria obrigando moradores a pagar uma taxa de gás e cobrando tributos adicionais de mototaxistas e comerciantes, o que lhe rendia R$ 100 mil por mês. Essas informações foram reveladas pelo também traficante Edson Antônio da Silva Fraga, o Dançarino, preso em setembro.

A extorsão teria desagradado Nem, que ordenou a saída de Rogério 157 do morro. Segundo uma testemunha, em agosto deste ano, Rogério 157 teria executado três traficantes aliados de Nem em retaliação à ordem e expulsado a mulher do chefe, Danúbia de Souza Rangel, 33, da Rocinha.

Em seguida, Rogério 157 teria convocado uma reunião com lideranças do tráfico de drogas para se autodeclarar o novo chefe. Aliados de Nem teriam discordado e, na madrugada de 13 de setembro, deflagrou-se uma série de confrontos entre os rivais com armamento pesado na Rocinha.

O confronto fez a polícia do Rio pedir ajuda às Forças Armadas, que já realizavam uma operação da Garantia da Lei e da Ordem no Rio de Janeiro. A favela foi cercada por forças federais e os esforços para capturar Rogério 157 foram intensificados.

Mas o traficante teria fugido do morro com o auxílio de um amigo cantor de funk. Ele então anunciou sua ruptura com a facção ADA (Amigos dos Amigos) e a adesão ao CV (Comando Vermelho). A informação estava em uma gravação de áudio do próprio traficante interceptada pela polícia em setembro.

Desde então, Rogério 157 passou a se deslocar entre as diversas favelas do Rio tentando evitar a captura pela polícia. Ele chegou a ser visto em bailes funk de diversos morros por testemunhas, até ser preso na manhã do dia 7 de dezembro. Aliados de Nem chegaram a comemorar com tiros a detenção de Rogério 157.

Por ocasião da captura do criminoso, o secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá, disse que "há dez anos (ele) vem causando problemas para o Rio de Janeiro."