Como mudamos o mundo?

Nove líderes religiosos e um ateu apresentam, em artigos, sugestões para construirmos uma sociedade melhor

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"O primeiro passo é começar consigo mesmo"

Jorge Godinho Barreto Nery, presidente da Federação Espírita Brasileira

A máxima “Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal? Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo” é destacada na pergunta 919 de "O Livro dos Espíritos". Mas como conseguir isto?, pergunta o codificador Allan Kardec aos Espíritos, que o respondem:

“Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Aquele que, todas as noites, evocasse todas as ações que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo de guarda que o esclarecessem, grande força adquiriria para se aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria. Dirigi, pois, a vós mesmos perguntas, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que objetivo procedestes em tal ou tal circunstância, sobre se fizestes alguma coisa que, feita por outrem, censuraríeis, sobre se obrastes alguma ação que não ousaríeis confessar”.

O primeiro passo para mudar o mundo é, portanto, trabalhando a si, “a chave do progresso individual”, como nos trazem os Espíritos. A partir deste momento de reflexão e reforma íntima contínua nos tornamos mais próximos à realização de ações que concretizarão o Evangelho do Cristo no nosso dia a dia.

Reformando-nos, agindo pautados no Cristo, é momento de nos unirmos, sendo este, pois, um aspecto de suma importância na transformação do mundo. Como Jesus, nosso Mestre e Guia convida aos que desejam ser seus discípulos à prática dessa união, recomendando: “Meus discípulos serão reconhecidos por muito se amarem”. Amemos, pois!

Nesta caminhada de união, a paciência, o respeito, a benevolência, a tolerância se fazem essenciais na prática genuína do bem e no exercício da caridade, conforme questão 886 de "O Livro dos Espíritos": “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas”.

Ao exercitar a caridade não apenas material, mas de palavras, pensamentos e ações positivas ao longo de nossa existência, trabalhamos por nosso melhoramento, ao mesmo tempo em que auxiliamos a caminhada de nossos irmãos e a mudança de mundo

Com serenidade, paciência, tolerância e solidariedade, empenhados na nossa reforma íntima e em busca da prática do Evangelho em cada ação do nosso cotidiano, trabalhamos na construção de um mundo melhor para hoje e para as novas gerações.

* Jorge Godinho Barreto Nery é presidente da FEB (Federação Espírita Brasileira), com mais de 32 anos de serviços prestados à entidade no Brasil e no exterior. É expositor e monitor espírita desde 1983 e divulga o espiritismo em diversos países.

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"Melhore a si mesmo"

Ajahn Mudito, da Sociedade Budista do Brasil

"Ao contrário do que muita gente pensa, não acho que faltem pessoas querendo fazer o bem; o que falta são pessoas capacitadas a fazê-lo", afirma o monge Ajahn Mudito

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"Buscar a prática do respeito às diferenças à diversidade"

Pai Guimarães, sacerdote umbandista na Abratu

"Cabe a cada um de nós iniciar uma busca incansável na prática do respeito às diferenças e um profundo respeito à religiosidade e às escolhas que cada um faz", diz o sacerdote

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"Relacionar a vida que se tem ao que uma mudança pode proporcionar"

Sheik Abdel Hamid Metwally, líder religioso da Mesquita Brasil

"A maior parte dos pesquisadores aponta a existência de uma força interna que ajuda a concretizar a mudança, porém muitos de nós a ignoramos", afirma Sheik Metwally

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"Só conseguirei se olhar para o outro"

Dom Murilo S.R. Krieger, vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

"Como estar satisfeito com um mundo que conseguiu globalizar a economia, as ciências, a arte etc., mas não conseguiu globalizar a solidariedade, a partilha, a justiça etc.?", pergunta o arcebispo

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"Quem é capaz de amar é forte e tem este poder"

Dom Damaskinos Mansour, da Arquidiocese Ortodoxa Antioquina de São Paulo

"O amor é o rei das virtudes e nos dá a vitória, especialmente quando começamos a vivê-lo em nós mesmos e o praticamos em nossas relações com nossos semelhantes", afirma o arcebispo

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"Superar o desconhecimento e a nossa tendência a ilusão"

Daniel Sottomaior, presidente da Atea

"As ilusões cognitivas estão em todos os lugares. Na política, na medicina, na religião, nos relacionamentos pessoais", afirma presidente da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos

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"Atitude ritual e o comportamento social devem ser coerentes"

Michel Schlesinger, da Congregação Israelita Paulista

"Quando não deturpadas, as condutas religiosas ajudam o indivíduo a ordenar sua escala de valores e redirecionar suas atitudes", afirma o rabino

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Antonello Veneri Antonello Veneri

"Nunca perder a capacidade de me indignar com as mazelas humanas"

Mãe Stella de Oxossi, ialorixá do candomblé

"Ninguém, até hoje, conseguiu mudar o todo, apenas a parte; quero dizer que consigo, com muito esforço, mudar apenas a mim mesma e, assim, tento atingir o mundo", diz Mãe Stella

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Carine Wallauer/UOL Carine Wallauer/UOL

"Acreditar que as pessoas podem mudar"

Paulo Eduardo Gomes Vieira, pastor presidente da Primeira Igreja Batista de São Paulo

"Deixar de acreditar significa render-se ao conformismo. Deixar de acreditar significa cruzar os braços e se conformar com o caos", diz o pastor

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