Professora transforma vida de crianças especiais com aulas de capoeira
A cada toque do berimbau, uma gingada. Na batida do atabaque e do pandeiro, crianças, adolescentes e adultos cantam e jogam capoeira. Os passos e os ritmos são monitorados cuidadosamente pela voluntária e professora Michele Correa Rodrigues, 34.
"Fênix", como é chamada entre os capoeiristas, trabalha como voluntária há quatro anos na Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) do município de São Leopoldo (RS), distante cerca de 35 km de Porto Alegre. A entidade atende mais de cem crianças portadoras de síndrome de Down, autistas e com paralisia infantil.
Ao menos duas vezes por semana, Michele dedica suas tardes com treinos especiais de capoeira, que envolvem habilidades lúdicas, aos alunos da Apae.
"A capoeira desenvolve habilidades importantes para o desenvolvimento motor da criança, além de estimular a interação social, que é uma das áreas afetadas nos alunos com autismo", explica a voluntária, que também cursa a faculdade de educação física.
A prova de que a capoeira tem beneficiado a vida do pequeno Gabriel, 4, é confirmada com orgulho pela mãe, Laura da Rosa, 33.
"Gabriel tem autismo e começou a praticar o esporte há um ano. Desde então aprendeu a ter disciplina e esperar sua vez na realização das tarefas designadas pela professora. Estou muito satisfeita com os resultados alcançados", diz Laura.
A mesma opinião é compartilhada pela mãe de Kauã, aluno autista de 8 anos. "Meu filho tinha medo de tudo, era assustado e, desde que começou a treinar, melhorou o seu comportamento. Hoje, já brinca com os amigos e interage muito mais", confirma Sandra Haubert, 41. Kauã começou a praticar capoeira em março deste ano.
Michele explica que, durante as aulas, são apresentados os instrumentos musicais utilizados na prática da capoeira, ou seja, berimbau, pandeiro, atabaque e agogô.
No entanto, alguns alunos com autismo apresentam certa sensibilidade ao som, o que acaba deixando a criança ou adolescente mais agressivo e irritado na sua forma de agir.
"Por isso, de início, apresento os instrumentos tocando um som muito leve para não os incomodar e aos pouquinhos vão se acostumando e adquirindo confiança. Também trabalho com figuras, cores e faço os movimentos dos animais dentro do jogo da capoeira", conta a voluntária.
Neste ano ela levou seus alunos para participarem da 20ª edição das Olimpíadas Especiais das Apaes do Rio Grande do Sul. O evento ocorreu durante a primeira semana de dezembro, na Ulbra (Complexo Esportivo da Universidade Luterana do Brasil), no município de Canoas, região metropolitana de Porto Alegre.
Das 11 modalidades esportivas, a prática da capoeira estava inserida na competição que contou com mais de 800 atletas de 205 Apaes de todo o Rio Grande do Sul. O objetivo do evento foi integrar os alunos e promover a sua inclusão na sociedade.
A professora Michele, também casada com um capoeirista, lembrou orgulhosa da classificação do primeiro lugar com sua equipe de oito alunos especiais.
"Foi muito gratificante para mim. Trabalhar com estas pessoas e ver o desenvolvimento delas a cada dia, isso é muito bom e não tem preço."
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