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Corpo de delegado é encontrado em porta-malas de carro em avenida da zona norte do Rio

Reprodução/Facebook
Imagem: Reprodução/Facebook

Paula Bianchi

Do UOL, no Rio

12/01/2018 15h49Atualizada em 12/01/2018 22h41

Um delegado foi encontrado morto com marcas de tiros na tarde desta sexta-feira (12) na zona norte do Rio de Janeiro.

Fábio Monteiro estava chegando à Cidade da Polícia, complexo policial próximo à favela do Jacarezinho, quando foi reconhecido por criminosos e sequestrado.

O corpo do delegado foi encontrado por pedestres no porta-malas de um carro na avenida Dom Helder Câmara, próximo à favela do Arará.

O delegado trabalhava na Central de Garantias da Cidade da Polícia e ingressou na corporação em 2013. Além de agente, ele também era professor de Direito Penal e Processo Penal em um curso preparatório para ingresso na Polícia Civil.

Pouco antes das 16h, após o corpo ser encontrado, houve um tiroteio na região em que Monteiro foi sequestrado. Passageiros que tentavam embarcar na estação de trem Jacarezinho se jogaram no chão para se refugiar.

Imagens da "GloboNews" mostraram um homem, aparentemente desfalecido, sendo colocado na parte traseira de um veículo da Polícia Civil. Oficialmente, a morte não foi confirmada. 

Tiroteio Jacaré - Reprodução/GloboNews - Reprodução/GloboNews
12.jan.2018 - Passageiros se refugiam em estação de trem durante tiroteio na zona norte
Imagem: Reprodução/GloboNews

A Supervia informou que as viagens entre as estações Central e Jacarezinho, no ramal Belford Roxo, foram suspensas entre 16h e 19h por questão de segurança.

De acordo com as primeiras informações, o delegado estava acompanhado de uma mulher ainda não identificada quando foi abordado pelos criminosos. No momento, ela presta depoimento.

Monteiro teria chegado a trocar tiros com os criminosos antes de ser morto.

A Polícia Civil busca na região os envolvidos no assassinato do delegado --dezenas de pessoas já foram detidas após o crime para averiguação. Carros com agentes fortemente armados circulam na área.

O Disque Denúncia oferece R$ 5 mil reais de recompensa por informações que possam levar à prisão dos responsáveis pela morte. 

No fim do ano, o delegado lamentou no Instagram a atual situação da segurança pública no Estado. "Foi um ano difícil, principalmente na área de segurança pública: salários atrasados e morte de colegas (alguns amigos) mas chegamos até aqui e sobrevivemos!", escreveu.

RJ já tem 6 policiais mortos em 2018

Nesta quinta-feira (11), o cabo Edson Magalhães Ribeiro Júnior, 38, foi assassinado em Cosmos, na zona oeste do Rio; antes dele, outros quatro PMs foram mortos desde o começo do ano.

As mortes dos agentes da PM e do delegado Monteiro somam-se à triste estatística de policiais assassinados no Estado. Em 2017, 134 PMs foram mortos entre janeiro e dezembro --um a menos que em 2016--, e outros quatro policiais civis assassinados em serviço. 

O relatório final da CPI da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio) que investigou mortes de policiais, apresentado em setembro, aponta que os agentes do Rio correm seis vezes mais risco de morrer do que policiais de São Paulo, situação agravada pela “política de confronto” adotada no Estado.

De acordo com a pesquisadora da Maria Cecília de Souza Minayo, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), citada no relatório, o Rio alcançou, em 2014, uma taxa de 265 mortes por 100 mil policiais. Já em São Paulo, no ano anterior, o índice foi de 41,8 por 100 mil policiais.

A CPI compara ainda a taxa de mortes de policiais no Estado e a registrada em outros países. Nos Estados Unidos, a taxa é de de 7,1 mortes por 100 mil policiais, 37 vezes menor do que a registrada no Rio. Na Alemanha, 1,2 por 100 mil e, na Inglaterra e País de Gales, a taxa não passa de uma morte por 100 mil agentes.