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Testemunha-chave confirma ataque epilético de motorista, diz delegado

AFP PHOTO / CARL DE SOUZA
Imagem: AFP PHOTO / CARL DE SOUZA

Marina Lang

Colaboração para o UOL, no Rio

19/01/2018 12h02

Uma testemunha-chave da investigação sobre o acidente que feriu 17 pessoas e matou uma bebê de oito meses em Copacabana confirmou ao delegado Gabriel Ferrando (12ª DP) que o motorista Antônio de Almeida Anaquim, 41, sofreu um ataque epilético enquanto estava dirigindo.

Segundo o delegado, a testemunha é uma mulher que o acompanhava. "[A mulher] Não é uma pessoa muito próxima a ele, ao que tudo indica. Ela foi ouvida e confirmou o ataque. Ela estava no veículo quando foi surpreendida por um movimento rígido dele, o que teria ocasionado essa perda de consciência."

A principal linha investigativa é que teria sido esse evento epilético. Ele [o motorista] narra que teria tido uma espécie de disritmia decorrente desse problema epilético.

Gabriel Ferrando, delegado

"Esse apagão, segundo ele, teria ocasionado uma perda de consciência temporária no momento em que ele estava conduzindo o veículo, o que ocasionou aquela manobra brusca", afirmou Ferrando.

O motorista foi autuado por homicídio culposo (sem intenção) e deve responder ao crime em liberdade. O prazo de conclusão da investigação é de 30 dias.

Copacabana um dia após o atropelamento - Fábio Motta/Estadão Conteúdo - Fábio Motta/Estadão Conteúdo
19.jan.2018 - Trecho de Copacabana onde aconteceu o acidente estava vazio no dia seguinte ao atropelamento
Imagem: Fábio Motta/Estadão Conteúdo
Segundo o delegado, até o momento, não há indícios que levem à conclusão de que o motorista teve a intenção de atropelar 18 pessoas no calçadão. "Neste presente momento não tenho como trabalhar com a voluntariedade do crime", disse, ao comentar a autuação por homicídio culposo.

Exame toxicológico preliminar não apontou uso de álcool ou outras substâncias pelo motorista. No entanto, o delegado afirmou que aguarda exames mais detalhados para assegurar que Anaquim não estava sob efeito de drogas.

O motorista deixou a delegacia por volta das 15h30 sem falar com a imprensa.

Câmera grava o momento em que carro invade calçadão

redetv

Ferrando disse que requisitou ao Detran do Rio de Janeiro o prontuário médico de Anaquim --segundo o órgão de trânsito, ele negou que sofresse de epilepsia ao validar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação). O delegado informou que Anaquim "não se lembra" a respeito de não ter mencionado isso no exame.

Com 62 pontos acumulados na carteira, o motorista estava com a CNH suspensa desde 2014. "Convoquei funcionários do Detran para me posicionar a respeito da carteira de motorista." De acordo com Ferrando, Anaquim relatou não ter recebido nenhuma notificação do Detran.

Segundo o delegado, se comprovado que ele omitiu informações ao Detran, isso pode agravar a pena.

"Ele afirma que teve um apagão numa outra ocasião há três ou quatro anos. Ele fala que é diagnosticado, falou que vai de seis em seis meses ao médico. Ele tem um médico que o acompanha e toma medicação regular e que, por conta disso, ele não teria tido outro surto desse", relatou Ferrando.

O delegado acrescentou que apreendeu a medicação e a carteira de motorista de Anaquim. "Independentemente da situação dele no Detran, eu já arrecadei a carteira dele para que não haja nenhum risco de ele transitar com a habilitação na mão. E agora estamos aguardando os laudos médicos e outros exames."

Australiano em estado gravíssimo

As vítimas do acidente foram levadas para hospitais municipais do Rio. Para o Miguel Couto, no Leblon, zona sul, foram levadas 11 pessoas. Até a manhã desta sexta-feira, quatro já haviam recebido alta médica. Entre os que permanecem internados, estão três crianças e um australiano em estado gravíssimo, que respira por aparelhos.

No Hospital Souza Aguiar, no centro da cidade, duas pessoas permanecem internadas. Uma, com fratura na perna, fará cirurgia hoje, e outra, com fratura no braço, deve ser transferida para um hospital especializado em ortopedia. Uma outra vítima deixou o hospital por volta das 3h, à revelia, sob a alegação de que precisava viajar de volta ao seu Estado de origem. Três pessoas haviam recebido alta hospitalar até a manhã de hoje.