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Após viver 10 anos em abrigo, adolescente alagoana é adotada por família do Rio

V., de 14 anos, posa com a defensora pública de Alagoas, Manuela Carvalho, que acompanhou todo o processo de adoção da menina por uma família carioca - Defensoria Pública de Alagoas/Divulgação
V., de 14 anos, posa com a defensora pública de Alagoas, Manuela Carvalho, que acompanhou todo o processo de adoção da menina por uma família carioca Imagem: Defensoria Pública de Alagoas/Divulgação

Aliny Gama

Colaboração, para o UOL em Maceió

20/01/2018 04h00

V. tem apenas 14 anos e passou mais de dez dentro de um abrigo de crianças e adolescentes em Maceió, vendo outras crianças entrarem e saírem do local com novas famílias. Ela, negra, nordestina e adolescente, não tinha o perfil desejado pelos interessados, e o sonho de ganhar novos pais foi ficando longe. Porém, virou realidade. Neste sábado (20), a adolescente embarca de Maceió (AL) para o Rio de Janeiro para morar com sua família adotiva.

O desfecho feliz ocorreu com ajuda da Defensoria Pública de Alagoas. A audiência definitiva na Vara da Infância de Juventude de Maceió aconteceu nesta quinta-feira (18), com parecer favorável à inserção da garota à nova família.

A menina foi encontrada pelos pais cariocas por meio do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) e já saiu da audiência com sua nova família, que agora tem sua guarda judicial.

O processo de inserção da adolescente na nova família foi iniciado há algumas semanas, com a convivência dela com a mãe em Alagoas. Agora, elas vão terminar esse estágio no Rio de Janeiro, onde será finalizada a adoção.

A coordenadora do Núcleo da Infância e Juventude da Defensoria Pública, Manuela Carvalho, afirma que famílias do Rio de Janeiro têm menos exigências relacionadas à cor e à idade das crianças que pretendem adotar. Carvalho destaca que no Nordeste, a adoção tardia, de crianças maiores de dez anos, e da cor negra, como é o caso da garota V., ainda é incomum. 

“É praticamente impossível, pois a maioria das famílias cadastradas no Estado procura por crianças pequenas e brancas. Já no Rio de Janeiro, temos conseguido sucesso em adoções tardias. Quando vemos um caso como o da V., uma menina negra, que esteve em um abrigo por mais de uma década, sabemos que a chance de encontrar uma nova família para ela é muito pequena, por isso, ficamos extremamente felizes e confiantes em participar do processo”, conta a defensora Manuela Carvalho.

Atualmente, segundo o Cadastro Nacional de Adoção, Alagoas tem 40 adotantes à procura de um lar, sendo 22 crianças com mais de dez anos cadastradas no sistema. No Brasil, são 4.822 crianças ou adolescentes aptos para serem adotados.

Alagoas tem 25 instituições de acolhimento, sendo 18 no interior e sete em Maceió. Os abrigos do estado estão com 411 crianças e adolescentes. 

Segundo dados da Corregedoria-Geral da Justiça divulgados no último Encontro Estadual de Adoção, ocorrido em 2017, mais de 300 famílias estão habilitadas para adotar em Alagoas. No Brasil, o número é de 37.390 famílias. 

Como adotar

Quem se interessar em adotar uma criança ou adolescente deve procurar uma Vara da Infância e Juventude da sua cidade, munida dos documentos pessoais, como o RG e comprovante de residência, para marcar entrevista com o setor técnico. Na entrevista, os técnicos informarão quais são os documentos necessários e o candidato informará suas preferências para questões como o tipo físico, idade e sexo da criança desejada.

Após passar pelas entrevistas e ter parecer favorável a adotar, a candidato ganha o Certificado de Habilitação para Adotar, válido por dois anos em território nacional, e terá o nome incluído na fila do Cadastro Nacional de Adoção, onde aguardará até aparecer uma criança com o perfil desejado.