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Preso apontado como um dos líderes do PCC no RN é encontrado morto em cela

Nego Lázaro (à esq.) e Sheik foram encontrados mortos dentro da cela - Reprodução
Nego Lázaro (à esq.) e Sheik foram encontrados mortos dentro da cela Imagem: Reprodução

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

26/02/2018 10h43Atualizada em 26/02/2018 15h24

Dois presos ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital) foram encontrados mortos dentro da Penitenciária Estadual Rogério Coutinho Madruga, localizada no Complexo de Alcaçuz, em Nísia Floresta, na Grande Natal, na noite deste domingo (25). Eles estavam no Pavilhão 1 com outros dez detentos e foram achados mortos enforcados com lençóis.

Segundo o delegado que investiga o caso, dois detentos assumiram a autoria dos homicídios. Para a polícia, eles disseram que os dois mortos queriam criar uma nova facção criminosa.

Um dos presos mortos era apontado como um líder local do PCC, inclusive com passagem por presídio federal. Lázaro Luís de França Ferreira, 34, conhecido com o Nego Lázaro, estava detido desde 2014 por crimes como assassinato, assalto e tráfico de drogas. A outra vítima era Shakespeare Costa de França, 24, o Sheik.

Segundo Eloi Xavier, delegado de Nísia Floresta, os dois detentos que confessaram o crime disseram que as vítimas tinham interesse em criar uma nova facção, a Legião do Norte.

Os suspeitos pelos homicídios são Laerte Ambrósio de Oliveira e Habynnadad Dalton Bezerra, que já foram ouvidos pelo degelado.

"Eles disseram que não tiveram ordem de ninguém de fora, que eles mesmo mataram por iniciativa própria. Disseram que tiveram uma discussão por conta dessa facção nova, não tiveram ajuda de ninguém. Eles [os suspeitos] são do PCC", disse o delegado.

Apesar da informação, o delegado diz que desconhece qualquer plano de criar uma nova facção. "Ouvi falar esse nome pela primeira vez agora, disseram que estava com essa pretensão. Nunca ouvi falar nessa facção", afirmou.

Nos últimos dias, a disputa interna no PCC resultou em mortes no Ceará e São Paulo. Em um primeiro momento, a polícia diz não ver relação entre os casos.

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Segundo a Secretaria de Justiça do Rio Grande do Norte, os dois foram achados mortos por volta das 21h, durante ronda efetuada pelos agentes penitenciários de plantão.

"A direção do Rogério Coutinho Madruga acionou a Delegacia Especializada em Homicídios e o ITEP [Instituto Técnico Científico de Perícia]. As circunstâncias das mortes serão investigadas pela polícia civil e só o laudo do Instituto Técnico poderá determinar a real causa da morte", informou a pasta.

A secretaria não confirma, mas o UOL apurou com fontes de dentro do complexo que a hipótese de briga entre facções está inicialmente descartada.

Isso porque o presídio onde ocorreram as mortes  --conhecido como pavilhão 5 do complexo penitenciário de Alcaçuz-- é destinado apenas a detentos com ligação com o PCC, que estão separados dos presos da outra facção com quem disputa o domínio do crime no Estado, o Sindicato do RN.

Nego Lázaro era um dos presos mais perigosos do RN

Em 2011, após ataques a ônibus em Natal, Nego Lázaro foi transferido para a penitenciária federal de Mossoró (RN). À época ele já era apontado como suspeito de ser um dos líderes o PCC no Rio Grande do Norte.

Segundo uma fonte ouvida pela reportagem, ele era visto como um dos presos mais perigosos do Estado, com poder de liderança sobre o grupo em uma região da periferia de Natal.

Chacina em 2017

Em janeiro de 2017, presos do PCC promoveram um massacre dentro do complexo atacando detentos do Sindicato do RN. Ao menos 26 presos mortos e outros desapareceram --não se sabe se fugiram ou morreram e tiveram corpos enterrados e escondidos.

Em outubro, o UOL entrou no presídio e ouviu de seus diretores que o local estava sob controle e não havia risco de novos massacres.

Hoje, o complexo inteiro possui 2.045 presos, segundo o sistema Geopresídios, do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). A capacidade do local, porém, é de 942 vagas.