Julgamento de ex-deputado acusado de matar jovens em acidente tem júri formado por 5 mulheres e 2 homens
Janaina Garcia
Do UOL, em Curitiba
27/02/2018 14h08
Cinco mulheres e dois homens definirão se o ex-deputado Fernando Ribas Carli Filho (sem partido) é culpado ou inocente pela morte de dois jovens, há nove anos, em um acidente de trânsito em Curitiba. O júri foi definido por meio de um sorteio entre 25 pessoas pré-selecionadas.
O julgamento de Carli Filho teve início na tarde desta terça-feira (27), na capital paranaense, no Tribunal do Júri. A defesa do réu havia tentado evitar ou adiar o júri, nos últimos anos, por meio de 33 recursos. No último deles, mais recente, o STF (Supremo Tribunal Federal) negou novo adiamento.
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Carli Filho acompanha o julgamento. Ele chegou por uma porta lateral do tribunal, por onde evitou a imprensa, mas foi hostilizado por populares, aos gritos de “assassino”.
Ao todo, 12 testemunhas serão ouvidas, de defesa e de acusação. A sentença deve sair até o final da semana.
Christiane Yared (PR-PR), deputada federal e mãe de um dos jovens mortos no acidente, Gilmar Yared, chegou ao fórum quase junto com Carli Filho para acompanhar o julgamento.
“Espero que a justiça venha e nos traga a paz. Não faço ideia de como vou encontrá-lo [Carli Filho] lá dentro”, disse.
A deputada era uma das testemunhas da acusação, mas foi dispensada a pedido do próprio advogado, Elias Mattar Assad, por questões emocionais. Ela acompanha o júri, entretanto, da plateia.
No acidente causado pelo ex-deputado, além de Gilmar Yared, morreu também o amigo dele, Carlos Murilo de Almeida.
Carli Filho é acusado pelo Ministério Público de duplo homicídio com dolo eventual, já que estava alcoolizado, com a carteira de habilitação suspensa e, segundo a perícia feita à época, a uma velocidade de quase 170km/h. A defesa alega que foi um mero acidente.
De acordo com a acusação, Carli Filho deve ser condenado por homicídio com dolo eventual, ou seja, assumiu o risco de matar ao dirigir em alta velocidade e sob efeito de bebida alcoólica.
O MP ainda pondera que o ex-deputado violou a legislação de trânsito ao dirigir com a carteira de habilitação suspensa —por excesso de pontos e de multas; boa parte delas, por excesso de velocidade.
A defesa de Carli Filho aposta na tese de que o acidente não foi causado por uma falha do ex-deputado, mas porque o veículo em que os dois jovens que morreram estavam não teria respeitado uma via (expressa) preferencial.