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Os US$ 5 milhões roubados em Viracopos estavam saindo do Brasil irregularmente?

As investigações sobre o assalto são lideradas pela Polícia Federal - Denny Cesare/Código19/Estadão Conteúdo - Denny Cesare/Código19/Estadão Conteúdo
As investigações sobre a ocorrência no aeroporto são lideradas pela Polícia Federal
Imagem: Denny Cesare/Código19/Estadão Conteúdo

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

06/03/2018 14h17Atualizada em 06/03/2018 14h31

Uma operação especial da PF (Polícia Federal) em Campinas, no interior de São Paulo, tenta localizar os criminosos que levaram, na noite de domingo (4), US$ 5 milhões --equivalentes a R$ 16,5 milhões-- de dentro do aeroporto internacional de Viracopos.

Por enquanto, a polícia tem apenas uma certeza: os criminosos estavam com um plano estratégico orquestrado para levar o montante certo, numa operação rápida e, se possível, sem deixar vítimas. Os ladrões estavam com fuzis, chegaram a render seguranças, mas não feriram ninguém.

Como os criminosos agiram?

Cinco homens armados com fuzis chegaram ao aeroporto através do bairro Jardim Planalto de Viracopos. Por volta das 21h30, o bando cortou um alambrado que fica paralelo à pista de voos. Eles entraram em um Toyota Hilux, clonado, como o da empresa de segurança local, e foram até o terminal de cargas.

Os criminosos se aproximaram do avião cargueiro da empresa aérea alemã Lufthansa e renderam os funcionários da companhia e do carro-forte da empresa de valores Brinks. Eles carregaram a caminhonete com o montante e fugiram arrombando um portão próximo do local de onde entraram.

A ação durou quanto tempo?

Segundo o aeroporto e a PF, a ação durou cerca de seis minutos e ninguém ficou ferido.

O que os criminosos fizeram depois?

Em uma estrada de terra, do bairro Jardim Planalto, os criminosos incendiaram o carro utilizado para o roubo. Na sequência, entraram em um outro automóvel e fugiram em disparada. 

Dinheiro seria levado para um cofre da empresa de valores Brinks enquanto as cargas eram reequilibradas no avião iria para a Alemanha. De lá, o montante iria para a Suíça - Denny Cesare/Código19/Estadão Conteúdo - Denny Cesare/Código19/Estadão Conteúdo
Dinheiro seria levado para um cofre da empresa de valores Brinks enquanto as cargas eram reequilibradas no avião iria para a Alemanha. De lá, o montante iria para a Suíça
Imagem: Denny Cesare/Código19/Estadão Conteúdo

Os criminosos foram identificados?

Ainda não. Segundo a PF, foi instaurado ainda na segunda-feira inquérito policial para investigar o roubo. Procurada nesta terça-feira, a PF informou que já foi feita perícia no local e que diligências estão em andamento. Ninguém foi preso até o momento.

De quem era o dinheiro?

Até o momento, nem PF, nem Lufthansa nem Brinks informaram de quem era o dinheiro. Questionada, a Receita Federal informou que é limitada pela lei do sigilo fiscal. Por isso, não é possível informar o dono da fortuna.

De onde o montante veio e para onde ele iria?

A Receita confirmou que o dinheiro foi carregado no aeroporto internacional de Guarulhos (Grande São Paulo), chegou a Viracopos e faria duas escalas antes de chegar a Zurique, na Suíça. Já a Lufthansa afirmou que seu voo tinha como destino Frankfurt, na Alemanha, com uma parada em Dacar, no Senegal. Como o dinheiro iria ser levado de Alemanha para a Suíça não está claro.

Em Viracopos, por que o dinheiro foi retirado do avião se ele seria levado na mesma aeronave para a Europa?

De acordo com a Receita, por questões técnicas, na hora de embarcar outras cargas, pode ser necessária a retirada de todas as cargas, para que os pesos sejam redistribuídos dentro do avião. Por isso, é comum a retirada de mercadorias.

Houve falhas na retirada?

Não é possível afirmar. Havia um carro-forte ao lado do avião. No entanto, não se sabe se houve descuido por parte dos funcionários. A empresa Brinks afirmou apenas que está à disposição das autoridades para o esclarecimento dos fatos.

Como o dinheiro estava embalado?

Não se sabe ao certo. Ele poderia ter sido carregado em malote, caixa ou mala. Em geral, a remessa de dinheiro para o exterior é coberta por seguros.

A remessa do dinheiro era ilegal?

Não. A remessa foi declarada à Receita e ao Banco Central, não aparentando irregularidades.

É possível rastrear as cédulas roubadas?

Esta é uma pergunta em aberto. É possível identificar o número de série do dólar, assim que ele for vendido. Mas para ser identificado, é necessário, antes, que a vítima do roubo informe quais são as séries dos dólares roubados.

É comum transferir grande quantia em espécie entre países?

Segundo a Receita, a transferência usual de divisas é eletrônica. No entanto, às vezes, as instituições que operam com câmbio têm a necessidade de fazer ajuste em espécie, para o fluxo de caixa.