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Irmã revela que ela e a filha de Marielle iam ao último evento da vereadora antes do assassinato

Anielle chora sobre o caixão da irmã Marielle - Marcos Arcoverde/Estadão Conteúdo
Anielle chora sobre o caixão da irmã Marielle Imagem: Marcos Arcoverde/Estadão Conteúdo

Carolina Farias*

Colaboração para o UOL, no Rio

15/03/2018 22h34

A irmã de Marielle Franco (PSOL-RJ), 38, Anielle Franco, revelou nesta quinta-feira (15) que ela e a filha da vereadora, Luyara, também iriam ao evento de ontem à noite, último ato público do qual Marielle participou antes de ser assassinada a tiros no centro do Rio. O motorista dela, Anderson Pedro Gomes, 39, também morreu no ataque.

"Minha sobrinha e eu íamos para o evento. Não fomos porque estávamos com conjuntivite. Eu peguei conjuntivite em um time de vôlei em que jogo. Ela também pegou. Ficamos em casa", contou Anyelle nesta tarde.

A vereadora voltava de um evento chamado “Jovens Negras Movendo as Estruturas”, na Lapa, também na região central, quando um carro emparelhou com o veículo em que ela estava e ao menos nove disparos foram efetuados. Uma assessora de Marielle também estava no veículo, mas não foi atingida pelos tiros e teve ferimentos leves, derivados dos estilhaços de bala.

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Companheiras de vida, Anielle e Marielle se falavam todos os dias. A irmã mais nova conta que na terça, recebeu uma mensagem via WhatsApp diferente.

"No dia anterior, parecia até que ela previa alguma coisa. Ela me mandou uma foto nossa na igreja de São Jorge, que sempre íamos dia 23 de abril, dizendo ‘para você nunca esquecer que a gente está sempre juntas’”, lembrou. “Não sei como foi o dia dela, mas ela estava com uma bolsa no carro para ir malhar depois". 

"Tive com ela domingo, normal. Falei segunda, terça e quarta com ela. A gente não esperava isso. Ela não falou de ameaças", afirmou.

Telefonemas de artistas e Lula

Anielle revelou que entre os telefonemas que ela e a família receberam como consolo pela morte da vereadora, um foi do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"O ex-presidente Lula me ligou. Deu os sentimentos, falou que não era para desistir nesse momento era difícil, que a luta continua. Não sei se ele a conhecia pessoalmente, mas citou muitas coisas que ela estava fazendo e pediu para falar com a minha mãe”, contou. “Botei no viva voz, aquele alvoroço, ninguém acreditava que era ele, mas a voz é inconfundível”.

“Muitos artistas que agora não vou lembrar o nome também ligaram", afirmou Anielle, que disse que a sobrinha preferiu não ir ao enterro.

"Ela não veio, preferiu não vir. Está arrasada. A preocupação maior é com a minha mãe. Provavelmente, agora ela vai morar com a gente", disse.

Investigações

A Polícia Civil do Rio investiga a possibilidade de a vereadora carioca ter sido seguida desde que deixou o evento na Lapa até o momento em que foi assassinada. Cerca de 4 km separam os dois locais.

No trajeto, o carro em que Marielle estava circulou por diversas ruas movimentadas, sendo atacado no momento em que passava por um local mais ermo.

A polícia também investiga se alguma pessoa envolvida no crime estava monitorando a vereadora durante o evento. Ninguém foi preso até o momento.

A vereadora fez uma denúncia, no último sábado (10), em seu perfil nas redes sociais contra policiais do 41º BPM (Batalhão da Polícia Militar) de Acari. Segundo a vereadora, o batalhão estaria "aterrorizando e violentando moradores de Acari".

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