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"Nosso povo que está morrendo", disse vereadora Marielle Franco horas antes de ser assassinada

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

15/03/2018 18h19Atualizada em 15/03/2018 18h24

Até pouco antes das 21h30 de quarta-feira (14), a vereadora do PSOL Marielle Franco, 38, mediava uma roda de conversa sobre feminismo com mulheres negras em uma casa na Lapa, centro do Rio de Janeiro. Ela foi assassinada a tiros depois de deixar o evento, próximo da estação Estácio do metrô.

"Um mandato de uma mulher negra, favelada, periférica precisa estar pautado junto aos movimentos sociais, junto à sociedade civil organizada, junto a quem tá fazendo para nos fortalecer", afirmou a vereadora, abrindo o evento. A conversa foi transmitida ao vivo no Facebook de Marielle.

"É a gente que tá morrendo, é o nosso povo que tá morrendo. Então, a gente tem que lidar para avançar", disse. Ela finalizou o encontro citando que, não seria livre enquanto outra mulher fosse prisioneira, "mesmo que as correntes delas sejam diferentes das minhas". 

A principal linha de investigação da Divisão de Homicídios do Rio no caso do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) aponta para homicídio doloso (quando há intenção de matar). A possibilidade de que o crime tenha sido uma tentativa de latrocínio (roubo seguido de morte) é considerada remota. 

A forma com o crime ocorreu, de acordo com um policial que atua na investigação, indica que os criminosos tinham por objetivo apenas matar a vereadora. Nada foi roubado. "A Divisão de Homicídios está trabalhando com execução. Ainda nem pensamos em outra possibilidade, mas tudo está sendo investigado", afirmou uma fonte policial ao UOL.

A Polícia Civil do Rio já recolheu as imagens das câmeras de segurança da área do local do crime a 100 metros de uma estação de metrô e a 700 m da prefeitura da cidade.