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Polícia do Rio já tem imagens de câmeras que podem ter registrado morte de vereadora

Paula Bianchi e Marcela Lemos

Do UOL e colaboração para o UOL, no Rio

15/03/2018 01h17Atualizada em 15/03/2018 14h36

A Polícia Civil do Rio já recolheu as imagens das câmeras de segurança da área em que a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), 38, foi assassinada na noite desta quarta-feira (14). O crime aconteceu no bairro do Estácio, região central do Rio, a 100 metros de uma estação de metrô e a 700 metros da prefeitura da cidade. A principal linha de investigação da polícia aponta para uma execução.

Marielle estava dentro de um carro quando foi assassinada. A vereadora voltava de um evento chamado “Jovens Negras Movendo as Estruturas”, na Lapa, também na região central, quando um carro emparelhou com o veículo em que ela estava e efetuou disparos.

A perícia identificou ao menos nove disparos contra o veículo, todos na direção da vereadora, que estava no banco de trás. Marielle foi atingida por ao menos quatro tiros e morreu na hora. O motorista Anderson Pedro M. Gomes, 39, também foi atingido pelos disparos e morreu no local.

Policiais da Divisão de Homicídios disseram que os responsáveis pelo crime tinham conhecimento sobre a posição exata que a vereadora ocupava no veículo, que possuía vidros escuros. Na foi roubado do local.

A polícia busca também todas as câmeras de segurança do trajeto realizado pela vereadora para descobrir em qual ponto o carro começou a ser seguido.

Marielle - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Marielle era socióloga e foi a quinta vereadora mais votada no Rio em 2016
Imagem: Reprodução/Facebook

Uma assessora da vereadora que estava no carro foi atingida por estilhaços e levada imediatamente para o Hospital Souza Aguiar, no centro. Com ferimentos leves, ela foi liberada na madrugada e estava abalada emocionalmente.

A assessora terminou de depor à polícia por volta das 4h e não quis falar com a imprensa. O delegado também não divulgou detalhes de seu depoimento.

"Caso será acompanhado por mim", diz Jungmann

Ainda durante a madrugada, o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) afirmou que as características do assassinato de Marielle são "muito nítidas de execução". Ele afirmou que vai cobrar rigor da investigação da polícia.

O ministro Raul Jungmann (Segurança Pública) informou que está acompanhado pessoalmente o caso. “Considero como um caso da minha jurisdição”, declarou ao blog do Josias de Souza, do UOL.

Jungmann disse que telefonou para o novo diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, para colocar o órgão à disposição para atuar no caso. A segurança pública do Rio está sob intervenção federal.

Velório será a portas fechadas na Câmara Municipal

Marielle Franco será velada a portas fechadas na tarde desta quinta-feira (15) na Câmara Municipal do Rio. A família e o PSOL optaram por não abrir o velório ao público.

A partir das 11h, militantes e filiados do PSOL farão uma vigília em homenagem à vereadora, também na Câmara Municipal. O partido ainda não decidiu se haverá cortejo após o velório. O horário do enterro ainda não foi informado.

Quinta vereadora mais votada

Marielle era socióloga e foi a quinta vereadora mais votada no Rio em 2016 com 46.502 votos. Ela era formada pela PUC-Rio e fez mestrado em Administração Pública pela UFF (Universidade Federal Fluminense).

Há duas semanas, ela assumiu a função de relatora da Comissão da Câmara de Vereadores do Rio criada para acompanhar a atuação das tropas na intervenção federal na área de segurança do Rio.

No último sábado (10), Marielle denunciou uma ação de PMs do 41º BPM (Irajá) na Favela de Acari. Segundo ela, moradores reclamaram da truculência dos policiais durante a abordagem a moradores.