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"Além de Marielle, todos os dias jovens negros morrem no Rio", diz suplente

Na eleição de 2016 para vereador, Babá recebeu 6.661 votos - Divulgação/Facebook Babá
Na eleição de 2016 para vereador, Babá recebeu 6.661 votos Imagem: Divulgação/Facebook Babá

Carolinas Farias

Do UOL, no Rio

16/03/2018 15h03

Quem assume a cadeira de Marielle Franco, vereadora assassinada na noite de quarta-feira (14) no Rio, é um velho conhecido da política nacional. João Batista Oliveira de Araújo, o Babá, ainda não sabe quando deve tomar posse e garante não ter ainda pensado na questão.

Segundo ele, a prioridade é acompanhar os desdobramentos da investigação do crime --que também vitimou o motorista Anderson Pedro Gomes-- e questionar a intervenção militar na segurança do Estado.

"Jamais esperava essa barbaridade. Sou suplente, vou ter que assumir na realidade. Mas agora estou preocupado com a investigação para pegar os assassinos e também demonstrar que essa intervenção não resolve a situação”, afirmou o político de 64 anos.

Babá é um velho conhecido da política nacional. Pelo PT ele foi vereador em Belém (sua cidade natal), deputado estadual no Pará entre 1991 e 1998, e ocupou uma cadeira na Câmara dos Deputados pelo Estado de 1999 a 2006.

Expulso do Partido dos Trabalhadores em 2003 por críticas ao governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, veio para o Rio para ser um dos fundadores do PSOL. Na eleição de 2016 para vereador, Babá recebeu 6.661 votos.

Marielle - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Marielle era socióloga e foi a quinta vereadora mais votada no Rio em 2016
Imagem: Reprodução/Facebook

Na Câmara Municipal do Rio, ele ainda não sabe quais serão os rumos do mandato e se vai seguir a linha de Marielle, que era atuante na defesa dos direitos humanos e das mulheres negras, principalmente. 

“Nesse momento a preocupação nem é com a posse, o dia que vou assumir nem o que vou fazer no mandato. Lógico que sempre tive preocupação com movimentos sociais, a luta das mulheres. Minha preocupação agora é que haja punição aos culpados”, ressaltou.

Segundo ele, toda a bancada do PSOL na Câmara, nos Estados, municípios e os diretórios do partido estão acompanhando o caso.

“É nossa obrigação pedir medidas necessárias não só para isso [o crime], mas para tudo, contra esse governo [do presidente] Michel Temer [MDB], [do governador] Luiz Fernando Pezão [MDB], sem esquecer do [ex-governador] Sérgio Cabral [MDB]. Eles causaram todo esse drama no Estado. Além de Marielle, todos os dias jovens negros morrem no Rio e em todo Brasil”, afirmou.

Babá já foi vereador no Rio

No Rio, não será a primeira vez que assume o cargo de vereador. Ele também foi eleito primeiro suplente em 2012 e ocupou a cadeira de Eliomar Coelho, que foi eleito deputado estadual dois anos depois.

Em seu mandato, apresentou projetos a favor de professores, estudantes, e usuários dos transportes públicos.

O futuro vereador é professor de ciências sociais na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e integrante do Fórum de Ciências e Cultura. Quando era deputado nas duas casas legislativas, segundo ele, fez questão de manter um salário igual ao de professor, sem receber os aditivos que o cargo dispõe.

“Em todos os anos como deputado eu não enriqueci. Também não aceitei a aposentadoria. Se eu tivesse um padrão de vida de deputado na época, não conseguiria voltar a ser professor.