Topo

"Choro agora por amiga admirável", diz ex-chefe do Estado-Maior da PM do RJ

O coronel Robson Rodrigues, ex-chefe do Estado Maior da Polícia Militar do Rio, em 2011 - Divulgação/Consulado dos EUA-RJ
O coronel Robson Rodrigues, ex-chefe do Estado Maior da Polícia Militar do Rio, em 2011 Imagem: Divulgação/Consulado dos EUA-RJ

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

18/03/2018 21h59

Em uma mensagem a um amigo policial militar da ativa compartilhada neste sábado (17) no Facebook, o ex-chefe do Estado-Maior da Polícia Militar do Rio, coronel Robson Rodrigues, fez um apelo para que as pessoas parem de agredir a memória de Marielle Franco – vereadora do PSOL assassinada na última quarta-feira (14).

Robson Rodrigues, que ajudou a implementar o projeto de UPP (Unidades de Polícia Pacificadora) do Rio, criticou a onda de boatos e mensagens difamatórias a respeito da trajetória de Marielle a quem chamou de amiga admirável.

“Marielle era corajosa; lutava a favor das minorias, mas principalmente contra a estupidez das mortes desnecessárias que têm endereço e destinatários certos. Mortes muitas vezes festejadas por pessoas que querem que nós, policiais, façamos para elas o serviço sujo de um extermínio fascista. Não se esqueça que também acabamos vítimas dessa estupidez”, diz um trecho da mensagem.

Na postagem, Rodrigues conta ainda como Marielle e ele se aproximaram. A vereadora o procurou inicialmente por conta de um caso de abuso que estava ocorrendo em uma favela com UPP. “Tomei minhas providências”, conta ele que logo em seguida destaca que Marielle confiava no trabalho da PM.

“Se Marielle veio até mim buscando solução, era porque confiava na polícia, pelo menos em parte dela, uma parte da qual eu te incluo [referindo-se ao amigo policial]. Marielle, assim como nós, não confiava na polícia violadora de direitos, na polícia bandida, mas confiava na instituição policial, naqueles que não querem que ela seja instrumentalizada para fins vis e elitistas”.

De acordo com a publicação, os encontros entre Marielle e o coronel da PM, se repetiram inúmeras vezes - antes mesmo de Marielle se tornar vereadora. Outra visita a Rodrigues ocorreu quando a vereadora quis saber como ajudar policiais que sofriam abusos, assédios moral e sexual e outros tipos de violações de direitos.

“Eu te pergunto: alguém que “só quer defender bandido” teria esse comportamento?”, questiona Rodrigues na mensagem compartilhada na internet.
O ex-chefe do Estado-Maior da PM do Rio lembra ainda que em um dos encontros sugeriu a Marielle a auxiliar nos processos de pensão de viúvas de policiais mortos no estado. De acordo com Rodrigues, logo depois disso ela e o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) criaram um núcleo de atendimento a policiais.

“Mesmo depois de ter deixado a PM, encaminhei alguns casos a eles”, contou o coronel reformado que destaca o quanto Marielle lutou por integrantes da corporação.

“Nossos praças e oficiais mais subalternos, principalmente as policiais negras, são discriminados diariamente em nossa instituição, sofrem assédios, sobretudo por parte de pessoas como nós, oficiais e brancos. Marielle se interessava por essas causas, que, infelizmente, ainda não tocam nossa sensibilidade institucional. Com suas bandeiras ela defendia muito mais nossos policiais do que nós fomos capazes de compreendê-lo e de fazê-lo.”

Robson Rodrigues encerrou a mensagem fazendo uma homenagem à ex-vereadora do Rio.

“Que tenhamos Marielle presente para transformar nossa polícia em uma instituição melhor para a sociedade e para policiais vocacionados.”

A reportagem tentou contato com o policial, mas, até agora, não teve sucesso.