Entre inéditos de Chico Xavier, MG encontra projeto de Niemeyer para construir centro espírita
Museólogos e historiadores de Uberaba (MG), município distante 475 km de Belo Horizonte, terminaram parte do trabalho de restauração de um enorme acervo com cartas, dossiês de viagens, manuscritos datilografados, fotos, jornais, revistas e livros sobre o médium Chico Xavier (1910-2002) e a doutrina espírita.
Os documentos inéditos foram encontrados há seis meses em um cômodo da residência do médico e médium Waldo Vieira (1932-2015), amigo e vizinho de Chico Xavier.
Ambos moravam no complexo da Comunhão Espírita Cristã entre as décadas de 1960 e 1970. Waldo Vieira teria organizado o acervo nesse período.
A Comunhão Espírita foi o primeiro centro fundado no município pelo médium mais famoso do Brasil, em 1959, quando se transferiu de Pedro Leopoldo (MG), sua cidade natal, a 40 km da capital mineira, para Uberaba, onde permaneceu até a sua morte.
Um dos achados mais importantes do acervo é uma planta arquitetônica para a construção de um memorial espírita creditada a Oscar Niemeyer (1907-2012).
A surpresa para os pesquisadores foi descobrir que Chico Xavier, Waldo Vieira e outros adeptos da doutrina já pensavam em construir algo bem parecido com o atual Memorial Chico Xavier, concebido em 2003, um ano após a morte do médium.
A planta creditada a Niemeyer era para a edificação de uma exposição espírita permanente.
O museólogo disse ter entrado em contato com a Fundação Niemeyer, no Rio de Janeiro, e enviado cópia da planta arquitetônica e dos documentos relativos a ela. A fundação, porém, ainda não se manifestou sobre o achado. O UOL também procurou a diretoria da fundação, mas eles não comentaram o caso até a publicação deste texto.
Além de cinco cópias da planta arquitetônica, foram encontrados dentro de uma pasta documentos datilografados com registros do que teria nela, como funcionaria o espaço e a quantidade de material necessária para a obra.
Há também um relatório datilografado, sem assinatura, mas possivelmente de Waldo Vieira, comentando sobre contatos que teriam sido feitos com Oscar Niemeyer para tratar do prédio da Exposição Espírita, no Rio.
Coordenados pelo museólogo Carlos Vítor, do Memorial Chico Xavier, estudantes do curso de história da UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro) fazem a higienização do acervo e o arrolamento, que é o processo de identificação, numeração e levantamento de informações básicas sobre o conteúdo de cada item. A partir daí, o arquivo é registrado em um programa de computador.
"Temos um material muito importante para pesquisas com diversos exemplares de mais de 80 periódicos espíritas publicados entre as décadas de 1960 e 1970. A maioria deles não existe mais. Temos também relatos datilografados de viagens que Chico Xavier e parceiros fizeram para a disseminação da doutrina espírita pelo país e pelo mundo", disse Vítor.
O acervo foi cedido em comodato ao Memorial Chico Xavier, que, em parceria com a UFTM, deu início aos trabalhos de restauração, que devem durar até o fim de 2019. O museólogo estima que o acervo deva ter ficado guardado por cerca de 50 anos, época em que Chico Xavier morou lá (de 1959 a 1975).
"É um processo muito delicado e minucioso. Muitos papéis ficaram fragilizados. Depois disso, vamos avaliar qual será a melhor metodologia para catalogação e finalmente disponibilizá-lo para pesquisadores e o público", disse.
Para o presidente da Comunhão Espírita Cristã, Nereu de Sousa, o material encontrado é muito importante para o conhecimento do desenvolvimento da doutrina espírita no período e da vida de Chico Xavier.
"A Comunhão Espírita Cristã foi o primeiro centro espírita fundado por Chico Xavier e seus companheiros em Uberaba. Ali os trabalhos do médium foram desenvolvidos de 1959 a 1975, antes da fundação da Casa da Prece. As atividades na Comunhão Espírita continuam ativas e com a forte memória de seu médium fundador, com o reconhecimento da grandeza de seu trabalho", disse Souza.
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