Grupo de moradores de prédio que desabou negocia com Prefeitura para deixar acampamento
Moradores do edifício que desabou na madrugada de terça-feira (1º) em São Paulo estão negociando com a Prefeitura deixar a praça próxima ao imóvel, onde se estabeleceram desde o acidente, e se direcionar a um abrigo debaixo do Viaduto Pedroso, também no centro de São Paulo, a cerca de 3 km do Largo do Paissandu,
Quatro vans com identificação da Secretaria chegaram à praça por volta das 19h45 para transportar os residentes. Segundo a Smads (Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social), um grupo de 100 a 150 pessoas seria transportado, mas um impasse criado depois das 20h interrompeu a mobilização. Várias pessoas já haviam saído - os números exatos não foram divulgados.
Alguns moradores pediram para continuar no Largo nesta noite, para deixar o local amanhã. Outros se recusam a sair da praça porque às 22h15 a Polícia Militar iniciaria uma operação de limpeza, com jatos d'água, impossibilitando um eventual retorno. O secretário de habitação, Fernando Chucre, mandou a PM cancelar a operação de limpeza.
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Benedito Barbosa, da União de Movimentos de Moradia, disse que algumas famílias não querem deixar a praça porque estão "inseguras". "Não acreditam na Prefeitura, acham que não vão ser atendidas", afirmou.
Ele ainda disse que "a Secretaria e o governo querem levar todo mundo", mas que o movimento defende que aqueles que não querem ir para o abrigo "têm o direito de permanecer na praça".
O secretário de habitação, Fernando Chucre, afirmou ter negociado com os moradores para que as famílias com crianças, idosos e pessoas com problemas de saúde sejam levadas para o abrigo ainda nesta noite. Segundo ele, se algum adulto decidir permanecer na praça, "não há nenhum problema".
"A decisão mais importante agora é levar as pessoas para o abrigo, porque o que garante o atendimento não é a permanência na praça, o que garante o atendimento é que esses nomes estejam na lista do cadastramento feito na Sehab 30 dias atrás", disse.
Segundo ele, há mais de 100 famílias que não ocupavam o prédio e que estão agora na praça, junto com o grupo de moradores, que estariam "tumultuando" na tentativa de conseguir algum tipo de auxílio ou benefício.
O secretário afirmou, ainda, que as famílias que residiam no edifício podem continuar se apresentando à Smads.
A ocupação do prédio, segundo ele, tinha um caráter "transitório", com aluguéis por curto período de tempo, inclusive por apenas uma noite. "O que nós vamos fazer é cruzar com os dados da Sehab todos os nomes", disse. Esse processo, segundo ele, será feito ao longo dos próximos dias.
Novo local
De acordo com a Secretaria, o novo espaço foi oferecido pelo MNPR (Movimento Nacional das Pessoas em Situação de Rua), que administra o local, e abrigará os moradores de forma temporária.
O local era usado como uma espécie de centro cultural e tem camas, cobertores, travesseiros, cadeiras e mesas. A Prefeitura arcará com os custos de alimentação e com a instalação de novos chuveiros.
No local, será checado se os moradores vieram de fato do prédio que desabou através de um cruzamento de dados da Secretaria de Habitação com dados da Secretaria de Assistência Social.
A transferência dará prioridade a mulheres e crianças. Inicialmente, os moradores se recusavam a deixar o Largo do Paissandu, onde se instalaram em barracas perto da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.
Segundo a Prefeitura de São Paulo, assistentes sociais que atuam no local haviam cadastrado até a madrugada desta quarta-feira 428 moradores, de 169 famílias. "Elas receberam alimentação, mas a maioria não aceitou acolhimento. Foram 45 pessoas encaminhadas aos abrigos municipais", informou a prefeitura em nota nesta manhã.
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