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Justiça manda ex-PM investigado em morte de Marielle para presídio de segurança máxima

Na quinta-feira (10), a Polícia Civil reconstitui o assassinato de Marielle - FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO
Na quinta-feira (10), a Polícia Civil reconstitui o assassinato de Marielle Imagem: FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, no Rio

14/05/2018 19h36

A Justiça do Rio de Janeiro determinou, nesta segunda-feira (14), a transferência do ex-PM Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como Orlando de Curicica, para um presídio federal de segurança máxima. Uma testemunha do caso afirma que Orlando está envolvido na morte da vereadora Marielle Franco. 

Na decisão também foi definido que Orlando deve permanecer em Bangu 1, na Penitenciária Laércio da Costa Pelegrino, enquanto o Depen (Departamento Penitenciário Nacional) decide para qual dos quatro presídios federais ele será encaminhado. Araújo nega ter planejado o assassinato da vereadora do PSOL, baleada em uma emboscada na região central da cidade, em 14 de março.

A Justiça acatou um pedido feito pelo Ministério Público fluminense. De acordo com os procuradores, a transferência “é de grande relevância para o interesse da segurança pública, visando inibir a atuação do preso em referência e de coibir eventuais associações criminosas, bem como quaisquer outras práticas que atentem contra o Estado e a população”.

Preso preventivamente em Bangu por um homicídio ocorrido em 2015 e por outros crimes, o ex-PM estaria fazendo greve de fome por medo de ingerir comida envenenada, segundo relatou o advogado Renato Darlan. 

A defesa sustenta que, na quarta-feira (9), o investigado deixou a unidade Bandeira Stampa (Bangu 9) e foi encaminhado para a Penitenciária Laércio da Costa Pellegrino (Bangu 1), considerada de segurança máxima pelo governo estadual. Desde então, estaria em regime disciplinar diferenciado e sem direito a visitas de parentes.

O deslocamento teria ocorrido um dia depois de uma reportagem de "O Globo" na qual o ex-policial e o vereador Marcello Siciliano, líder do PHS na Câmara Municipal, são apontados por uma testemunha não identificada como mandantes do crime. Na quinta (10), o ministro de Segurança Pública, Raul Jungmann, confirmou que ambos são investigadosAssim como o ex-PM, Siciliano nega qualquer relação com o crime.

O advogado afirma que, quando estava em Bangu 9, o ex-PM sofreu uma tentativa de envenenamento ao ingerir refeição fornecida pelo sistema prisional. A partir disso, teria começado a se alimentar apenas com o que era levado pela família nos dias de visita. Como está supostamente em regime disciplinar, em Bangu 1, isso não seria possível.

O defensor também disse que o cliente relatou ter sofrido uma "ameaça" na quinta-feira (10), quando um delegado da Divisão de Homicídios, responsável pela investigação do caso Marielle, teria visitado Araújo em Bangu 1. "O delegado estava acompanhado de um inspetor e disse a ele: 'Ou você confessa esse crime ou eu vou colocar mais dois homicídios na sua conta e vou te mandar para [o presídio federal] Mossoró'", disse o advogado.

siciliano e marielle - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Siciliano e Marielle eram colegas na Câmara Municipal do Rio
Imagem: Reprodução/Facebook

Os dois homicídios mencionados na suposta ameaça seriam os praticados contra Marielle e o motorista dela, Anderson Gomes. A referência a Mossoró (RN) diz respeito à penitenciária federal de segurança máxima situada na cidade potiguar.