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Greve de caminhoneiros afeta postos e circulação de ônibus no Rio, dizem empresas

23.mai.2018 - Movimento dos caminhoneiros na Washington Luiz em frente à Reduc - Gabriel de Paiva/Agência O Globo
23.mai.2018 - Movimento dos caminhoneiros na Washington Luiz em frente à Reduc Imagem: Gabriel de Paiva/Agência O Globo

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

23/05/2018 14h24Atualizada em 23/05/2018 17h30

A paralisação dos caminhoneiros começou a afetar a circulação de ônibus no estado do Rio de Janeiro, segundo informou nesta quarta-feira (23) a Fetranspor (Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro) --a Baixada Fluminense foi a região mais prejudicada, enquanto na zona sul e centro ônibus circularam normalmente. O sindicato que responde pelos postos de gasolina confirmou que há unidades afetadas e, na zona oeste, motoristas fizeram filas para abastecer nesta quarta.

Moradora de Nova Iguaçu (Baixada Fluminense), a recepcionista Maria Eduarda Gomes, 31, conta que esperou o ônibus 420 da Viação Tinguá por mais de 40 minutos. “Saí de casa uma hora e meia antes do horário habitual. O ônibus demorou 40 minutos para passar. Quero ver como será a volta para casa”, disse, preocupada.

De acordo com balanço divulgado pela Fetranspor, 40% da frota de ônibus do estado não circulou nesta quarta-feira --dos 23 mil ônibus que servem o estado, 9.200 não teriam saído da garagem. O déficit de coletivos é reflexo da paralisação dos caminhoneiros, que já dura três dias, e impede a chegada dos veículos com combustível nas garagens.

Segundo o gerente de planejamento e controle da Fetranspor, Guilherme Wilson, a previsão é de que o estoque de diesel --combustível usado para o transporte público de massa-- acabe até sexta-feira (24). As empresas de ônibus abastecem os veículos nas garagens, onde mantêm um estoque de combustível suficiente para, no máximo, três dias de abastecimento total.

“As empresas fizeram um esforço, abasteceram veículos em postos de combustíveis, mesmo o valor sendo bem mais caro, mesmo assim, a previsão é de que 70% da frota não opere na quinta e 100% na sexta”, disse ele.

O gerente de planejamento da Fetranspor destacou ainda que o valor do diesel representa 30% dos gastos de operação no transporte de ônibus. “O aumento do diesel foi de 40% no período de um ano. Imagina o impacto disso? É muito prejudicial para todos. Esse valor vai para as tarifas e prejudica toda sociedade”, afirmou.

Greve afeta postos de gasolina no Rio

Além de afetar a circulação de ônibus, a paralisação de caminhoneiros atinge estoques nos postos de gasolina do Rio. São 65 postos afetados (totalmente ou parcialmente sem combustíveis) na cidade do Rio --8% dos 850 postos, segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Rio.

É o caso do posto Shell próximo à linha Amarela, que liga as zonas norte e oeste da cidade. Um comunicado foi colado na tabela de preço do posto informando sobre o desabastecimento. “Sem combustível. Greve dos caminhoneiros”, diz o aviso fixado.

Quem passou pelo posto na manhã desta quarta-feira precisou sair em busca de outro local para abastecer. “Entrei no posto e o frentista só apontou para o cartaz. Nem álcool tinham. Tive que procurar na internet qual era o outro posto mais perto”, disse a motorista Isabela Motta.

Em alguns pontos da capital, a notícia sobre a falta de combustíveis provoca uma corrida a postos. Os postos da avenida das Américas, na Barra da Tijuca (zona oeste), já estão com filas para abastecer.

A Prefeitura do Rio de Janeiro recomendou à população que os deslocamentos fossem feitos por metrô, trens e VLT. A secretaria de Transportes solicitou às concessionárias desses e outros meios de transporte coletivo que fosse feito reforço nas frotas para absorver o possível aumento da demanda.

Apesar do reforço, a concessionária Metrô Rio informou que a circulação era considerada normal na manhã de hoje. Já a Supervia, responsável pelos trens, informou que monitora o fluxo de passageiros e que também considera normal o movimento de passageiros. A concessionária responsável pelo serviço das barcas também reforçou a operação.

Greve de caminhoneiros

Nesta quarta (23), caminhoneiros deram continuidade ao movimento de paralisação. Muitos ocuparam acostamentos das principais rodovias --BR 101 Norte; BR 493; BR 116; BR 101 (Niterói Manilha e Rio Santos); BR 393; BR 465 e BR 116 Norte.

Na BR 040, meia pista chegou a ser bloqueada pelos motoristas nos dois sentidos na altura de Duque de Caxias, na baixada. O trecho em direção a Juiz de Fora (MG) registrou 8 km de lentidão às 12h20 devido à interdição.

Na avenida Brasil, pela manhã, um comboio de caminhões se deslocou lentamente no sentido centro, a partir da saída da rodovia Presidente Dutra, causando um longo congestionamento. Muitos motoristas preferiram evitar a avenida Brasil --uma das principais vias do Rio.

Apesar disso, o Centro de Operações da Prefeitura, que monitora o trânsito na capital, disse que a cidade registrou 53 km de congestionamento às 8h35 em todo o município, o que foi considerado normal para o horário.