Topo

Polícia prende suspeito de matar colaborador de vereador investigado na morte de Marielle

Foto: Reprodução/Redes Sociais
Imagem: Foto: Reprodução/Redes Sociais

Do UOL, em São Paulo

30/05/2018 15h07Atualizada em 30/05/2018 16h20

Policiais da Delegacia de Homicídios da Capital, no Rio, prenderam em uma loja do shopping Nova América, em Del Castilho, zona norte da cidade, Thiago Bruno Mendonça, 33, conhecido como Thiago Macaco. A prisão aconteceu na tarde dessa terça (29), mas só foi divulgada pela Polícia Civil nesta quarta-feira (30).

Mendonça foi alvo de um mandado de prisão temporária expedido pela 2ª Vara Criminal da Capital. Ele é suspeito de ter matado Carlos Alexandre Pereira Maria, o Cabeça, que era colaborador do vereador Marcelo Siciliano (PSH). O parlamentar foi apontado por uma testemunha, nas investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Fraco (PSOL), em 14 de março deste ano, como suposto mandante do crime, no qual também morreu o motorista Anderson Gomes. Siciliano nega qualquer envolvimento no crime.

Cabeça foi morto no dia 8 de abril em um bar em Jacarepaguá, zona oeste do Rio. No último dia 19, a polícia já havia cumprido a prisão temporária de Rondinele de Jesus Da Silva, o Roni, também suspeito de assassinar o colaborador do vereador. Ainda é procurado Ruy Ribeiro Bastos, 38, apontado como um dos executores do homicídio.

No dia 9 de maio, o vereador disse não acreditar que a morte de seu colaborador esteja ligada ao assassinato de Marielle. Segundo ele, a vítima trabalhou um ano e três meses para seu gabinete. Siciliano disse ainda que disponibilizou 80 ofícios ligados ao colaborador que provariam o teor do trabalho dele. "Quando eu quis mostrar o trabalho que ele fez de levar as demandas das comunidades para o gabinete, ninguém se interessou. Só mostraram foto dele com um relógio de ouro", disse.

O mesmo delator que envolveu Siciliano no caso Marielle apontou que Thiago Macaco teria sido o responsável pela clonagem da placa do Cobalt usado pelos criminosos no dia em que a vereadora foi morta. Segundo reportagem do jornal "O Globo", outra função relatada e atribuída ao rapaz preso ontem era o monitoramento da rotina da vereadora.

O delator citou ainda como suposto co-autor do assassinato de Marielle o ex-policial militar Orlando Oliveira Araújo, acusado de chefiar uma milícia da zona oeste do Rio. Preso em Bangu, Araújo também negou envolvimento no crime e afirmou que o delator do caso Marielle é um PM da ativa que estaria agindo por vingança.

Tanto Siciliano como Araújo são investigados no caso, segundo confirmou neste mês o ministro de Segurança Pública, Raul Jungmann. A polícia do Rio adotou sigilo e não comenta as investigações.

O UOL tenta contato com a defesa de Thiago Bruno Mendonça.

Delator relatou supostas motivações para matar Marielle

No início deste mês, reportagem de "O Globo" revelou que o delator, em depoimento à Delegacia de Homicídios do Rio, disse ter testemunhado ao menos quatro conversas entre Siciliano e Araújo nas quais a dupla teria debatido o assassinato de Marielle.

À polícia, ele narrou que as conversas sobre a morte da vereadora teriam começado em junho do ano passado depois de ela ter passado a promover ações comunitárias em bairros da zona oeste --os quais, embora controlados por traficantes, seriam de interesse da milícia.

Segundo a testemunha, Thiago Macaco teria sido incumbido de identificar a rotina da vereadora, como os lugares que ela costumava frequentar e os trajetos que usava regularmente.

De acordo com a testemunha, após a morte de Marielle, pelo menos dois outros assassinatos foram cometidos como "queima de arquivo": dois dias depois da morte de Alexandre Cabeça, em 8 de abril, foi assassinado a tiros o subtenente reformado da PM Anderson Claudio da Silva, suspeito de envolvimento com milicianos.