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Chefe do MP-RJ minimiza trocas no caso Marielle e alega "independência"

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio de Janeiro

21/08/2018 19h21

O procurador-geral de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, minimizou a troca da equipe de promotores que vinha atuando no caso da morte da vereadora Marielle Franco desde o começo da investigação. A parlamentar foi assassinada em 14 de março deste ano.

Gussem participou nesta terça-feira (21) de uma reunião com o secretário estadual de Segurança, general Richard Nunes, o chefe de Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, o delegado do caso, Giniton Lages, e outras autoridades. O objetivo, segundo ele, foi comunicar oficialmente a troca da equipe.

A mudança ocorre devido à promoção de Homero das Neves Freitas Filho, que conduzia os trabalhos desde o início. Ele será substituído pela promotora Letícia Emili Petriz.

Ao fim do encontro, Gussem concedeu uma breve entrevista à imprensa e respondeu a número limitado de perguntas. Deixou o local rapidamente (alegando conflito de agenda) e evitou dar detalhes sobre a troca da equipe do MP mobilizada para colaborar com o caso Marielle.

"Isso é uma opção da [nova] promotora de Justiça. O MP, por princípios constitucionais, o promotor de Justiça goza de independência funcional e a ele cabe fazer as escolhas dos segmentos que irão acompanhá-lo", explicou.

Letícia assumirá oficialmente a condução dos trabalhos a partir de 1º de setembro, mas já adiantou o primeiro ato à frente do caso: quer uma equipe composta por profissionais de dois grupos internos do MP ligados à investigação (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, o Gaeco) e à inteligência (Coordenadoria de Segurança e Inteligência, a CSI).

Gussem disse acreditar que não haverá prejuízo à apuração em decorrência da mudança. Também ressaltou que os promotores do Gaeco possuem uma grande experiência no combate às milícias do Rio. A atuação de grupos paramilitares é hoje a principal linha de investigação da Polícia Civil.

“Há um forte indício nesse sentido e parece que as investigações caminham com muita força no sentido da participação de milicianos”, disse Gussem.

As autoridades envolvidas no caso Marielle têm sido pressionadas em função da demora para elucidação do crime. O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann (PPS-PE), chegou a sugerir publicamente que a investigação fosse federalizada e que a Polícia Federal atuasse no caso.

Sobre o assunto, Gussem repetiu a resposta a resposta que já havia sido dada pelo secretário de Segurança, general Richard Nunes:

“A Polícia Federal já vem atuando dentro da sua expertise e sempre que for necessário continuará atuando.”