Villas Bôas homenageia soldados mortos no Rio e critica falta de "empenho" do governo
Em mensagem lida na cerimônia de comemoração do Dia do Soldado, nesta sexta-feira (24), o comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas, homenageou os militares mortos em operações durante a intervenção federal no Rio de Janeiro e afirmou que as autoridades do estado não se "empenharam" na missão.
"Passados seis meses, apesar do trabalho intenso de seus responsáveis, da provação do povo e de estatísticas que demonstram a diminuição dos níveis de criminalidade, o componente militar é, aparentemente, o único a engajar-se na missão", afirma a mensagem do general.
"Exigem-se soluções de curto prazo, contudo, nenhum outro setor dos governos locais empenhou-se, com base em medidas socioeconômicas, para modificar os baixos índices de desenvolvimento humano, o que mantém o ambiente propício à proliferação da violência", conclui o texto.
O governo do Rio afirmou por meio de nota que atua de forma integrada com as forças federais e tem atendido a todas as solicitações da intervenção federal. O governo de Luiz Fernando Pezão disse ainda que comprou 580 carros de polícia e quitou dívidas da segurança pública que somavam cerca de R$ 94 milhões, entre outras ações.
A mensagem, assinada por Villas Bôas, foi lida por um oficial na cerimônia realizada no Quartel-General do Exército, em Brasília. O evento teve a participação do presidente Michel Temer (MDB).
Villas Bôas também homenageou os três militares mortos durante uma operação das forças de segurança nos complexos de favelas do Alemão, da Penha e da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro.
"Vivemos tempos atípicos. Valorizamos a perda das vidas de uns em detrimento das de outros", diz o comandante do Exército.
"Suas mortes tiveram repercussão restrita, que nem de longe atingiram a indignação ou a consternação condizente com os heróis que honraram seus compromissos de defender a pátria e proteger a sociedade", afirmou o general.
Na mensagem, Villas Bôas afirma que o Brasil vive uma era de "conflitos e incertezas" e critica o que ele chama de uma "sociedade ideologizada".
"Vivemos uma era de conflitos e incertezas, na qual os individualismos se exacerbam e o bem comum foi relegado a segundo plano", diz o general.
"Perdemos a disciplina social, a noção de autoridade e o respeito às tradições e aos valores, o que nos tornou uma sociedade ideologizada, intolerante e fragmentada. Estamos nos infelicitando, diminuindo nossa autoestima e alterando nossa identidade", afirma o comandante.
O cabo Fabiano de Oliveira Santos e os soldados Marcus Vinícius Viana Ribeiro e João Viktor da Silva morreram após serem baleados durante a operação.
Os militares mortos no Rio também foram homenageados pelo presidente Michel Temer, que teve uma mensagem lida na cerimônia.
"Hoje, uma nação agradecida honra a memória dos militares que pereceram no desempenho de sua missão", disse o presidente.
"Seu sacrifício não será em vão: cumpriremos a tarefa imperiosa de recompor a ordem pública do Rio de Janeiro", afirmou Temer.
Colaboração
A segurança pública do Rio está sob intervenção federal desde 16 de fevereiro deste ano, mas os demais setores do governo do Rio e a folha de pagamento das polícias civil e militar ainda continuam sob o controle do governador Pezão.
O governo afirmou ter colaborado com a intervenção comprando carros de polícia e quitando R$ 23 milhões em parcelas atrasadas do chamado RAS (Regime Adicional de Serviço), mecanismo que permite a contratação de policiais em horário de folga para reforçar o patrulhamento de rua. O RAS foi retomado em maio com um reforço diário de 1.300 policiais militares e 200 policiais civis.
Segundo o governo, foram desembolsados ainda R$ 1,8 milhão em julho para pagar 12 mil policiais que participaram do processo.
Também foram pagos, segundo o governo do Rio, R$ 71 milhões em dívidas do Sistema Integrado de Metas, um sistema de gestão que distribui premiações para profissionais da segurança com base em seu desempenho.
O governo do Rio disse ainda que criou um fundo de investimentos para a segurança pública com recursos de royalties do petróleo e prometeu que ele atingirá um montante de R$ 250 milhões até o fim do ano. Afirmou também ter criado uma delegacia especializada em armas.
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