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Desfile de 7 de setembro lembra agentes mortos na intervenção; Grito dos Excluídos fala de Marielle

07.set.2018 - Fotos de policiais e militares mortos foram posicionadas abaixo da tribuna de autoridades - Taís Vilela/UOL
07.set.2018 - Fotos de policiais e militares mortos foram posicionadas abaixo da tribuna de autoridades Imagem: Taís Vilela/UOL

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

07/09/2018 18h18

O desfile de 7 de setembro, em comemoração ao Dia da Independência, realizado no centro do Rio de Janeiro, contou com homenagens aos 31 militares e policiais mortos em combate desde o início da intervenção federal na segurança pública do estado. Já o Grito dos Excluídos, protesto que acontece tradicionalmente após o desfile, fez críticas à intervenção e lembrou do assassinato da vereadora Marielle Franco em março --o crime permanece sem elucidação.

O evento militar, realizado no dia seguinte ao ataque a faca sofrido pelo candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL), nesta quinta-feira (6), também foi marcado por manifestações de populares que pediam a extensão do decreto de intervenção federal, que se encerra no dia 31 de dezembro.

Antes mesmo de o cortejo começar, a organização do evento pediu um minuto de silêncio em homenagem aos agentes mortos em operações da intervenção neste ano. Um cartaz com as fotos das vítimas também foi colocado junto ao púlpito reservado às autoridades.

"É necessário que manifestemos o nosso respeito aos policiais civis e militares, além dos homens que fazem parte do corpo das Forças Armadas, que morreram em combate. Essas mortes não foram por acaso e não podem ser esquecidas", disse o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, que compareceu ao evento no Rio. Ao menos três militares morreram em operações na capital fluminense.

Além das mortes de agentes, outros indicadores chamam atenção no período. Entre fevereiro e julho deste ano, foram registradas 636 mortes por ações policiais no estado --número 38% maior do que registrado no mesmo período de 2017, segundo o Instituto de Segurança Pública.

Também presentes no evento, o interventor na segurança pública do Rio, general Walter Braga Neto, e o secretário de Segurança, general Richard Nunes, não falaram com a imprensa. Mas viram uma faixa estendida em frente ao local em que estavam, pedindo a prorrogação da intervenção.

Nas arquibancadas instaladas na avenida Presidente Vargas, bandeiras do Brasil se misturavam a outras, que pediam o fim da corrupção. Militantes com camisas alusivas a Jair Bolsonaro também foram vistos na região.

O aposentado Sérgio Montuani contou que vai há 22 anos ao desfile. "Eu faço questão de vir prestigiar todo ano. Não podemos nos esquecer que tem quem zele pela nossa segurança", disse.

Ministro Carlos Marun comenta ataque a Bolsonaro

UOL Notícias

Após o desfile, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, classificou o ataque sofrido por Bolsonaro como "inaceitável".

"Bolsonaro, neste momento, é um civil, um brasileiro vítima de um atentado. Esperamos que isso sirva para que tenhamos mais sensatez e possamos sair desse momento de ódio. Apesar dessa tentativa de assassinato ser um ponto fora da curva na corrida eleitoral, ela é um reflexo dos tempos de ódio em que vivemos", disse o ministro.

Nas palavras dele, o assunto é tratado como prioridade pelo presidente Michel Temer (MDB), que mantém contato contínuo com médicos e integrantes do seu ministério sobre a situação de saúde de Bolsonaro.

Grito dos Excluídos lembra Marielle

O Grito dos Excluídos deste ano contou com baixa adesão se comparado com o número de ativistas dos últimos anos.

Manifestantes estiveram na Praça Mauá, na região portuária, onde protestaram contra a intervenção. O nome da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em março, foi lembrado no carro de som.

"Essa, e outras mortes, aconteceram durante o decreto de intervenção, que não baixou os números totais de violência. Precisamos de trabalho sério para que outras vítimas não morram igual Marielle Franco morreu", disse um dos manifestantes em um carro de som.

O funcionário público Felipe Arozzi disse que estava ali justamente em oposição ao desfile cívico-militar que tinha acabado de terminar. "Não posso aceitar essa exaltação ao militarismo, por isso não falto ao Grito dos Excluídos", explicou. 

Grito dos Excluídos Rio - Gabriel Sabóia/UOL - Gabriel Sabóia/UOL
07.set.2018 - Manifestantes participaram do Grito dos Excluídos, no centro do Rio
Imagem: Gabriel Sabóia/UOL