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Rio: interventor nega resultados "pífios" e atribui críticas a "desconhecimento ou má fé"

O interventor federal, general Braga Netto - Foto: Agência Brasil
O interventor federal, general Braga Netto Imagem: Foto: Agência Brasil

Luis Kawaguti

Do UOL, no Rio

25/09/2018 15h47

O interventor federal Walter Souza Braga Netto reagiu nesta terça-feira (25) a críticas sobre os resultados da intervenção no Rio de Janeiro. Em palestra na FGV (Fundação Getúlio Vargas), em Botafogo, zona sul carioca, o general citou notícias veiculadas na imprensa que descrevem os resultados da ação das Forças Armadas na segurança pública fluminense como "pífios" e atribuiu essa avaliação a "falta de conhecimento --ou por falta de informação nossa ou má-fé".

“Quando você vê uma manchete: ‘sete meses de intervenção e resultados pífios’, primeiro, os resultados não são pífios. Você tem que considerar que nós só fizemos a primeira grande operação conjunta em meados de abril”, justificou Braga Netto.

O general disse que cerca de 70% (R$ 860 milhões) da verba federal de R$ 1,2 bilhão serão destinadas diretamente às polícias Militar e Civil.

Segundo dados do ISP (Instituto de Segurança Pública), a soma do número de roubos no estado entre março e agosto caiu 9,5% em relação ao total de casos no mesmo período do ano anterior --de 130.443 para 118.138. Porém, como a Polícia Civil ficou em greve no início de 2017 e não registrou casos de roubo, essa redução pode ser maior.

Os homicídios ficaram estáveis: foram 2.520 casos entre março e agosto de 2017 e 2.548 neste ano (variação de +1%)As mortes por ação da polícia subiram 53%, de 530 para 814 casos, no mesmo período.

Quando a comparação é feita entre março (o primeiro mês completo da intervenção) e agosto deste ano (quando a estrutura já estava com sua capacidade plena), os roubos caem 10%, de 21.040 casos em março para 18.774 em agosto deste ano. Os homicídios apresentam redução de 30%, de 508 casos para 358 no mesmo período. Na mesma comparação, o número de mortes pela polícia policiais sobe de 109 para 175, crescimento de 60%.

Na segunda-feira (24), o candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, disse que a intervenção federal no Rio apresentará “números frustrantes” quando acabar em 31 de dezembro. Os candidatos Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) já fizerem críticas à forma como a intervenção foi instituída.

Braga Netto afirmou ser "desconhecimento ou má-fé" cobrar resultados estatísticos de redução criminal colocando na conta os meses iniciais da intervenção, que teve início em 16 de fevereiro. Também argumentou que os cargos para os servidores da intervenção só foram criados no mês de junho, com aprovação de lei no Congresso.

“Aqui os senhores entendem porque há vários militares dentro da secretaria [de intervenção]. Eu não tinha os cargos, não existia cargo no governo, o governo não tinha uma gratificação para trazer gente de fora. Quem eu trouxe? Quem vem sem gratificação? Só militares”, afirmou.

Ele disse também que os recursos prometidos pelo presidente Michel Temer (MDB) em março só puderam começar a ser usados efetivamente em junho, devido a entraves burocráticos. “Tem gente que acha que eu ganhei um cheque de R$ 1 bilhão, depositei na minha conta e saí fazendo compras, não é assim”, disse Braga Netto. O general disse que tem que cumprir processos de compra com ou sem licitação que, devido a exigências da lei, demoram meses para ser concluídos.

Ele apresentou uma estimativa de como está gastando o montante de R$ 1,2 bilhão em investimentos. A maior verba prevista é para a Polícia Militar, que terá até o fim do ano cerca de R$ 565 milhões. A Polícia Civil ficará com R$ 296 milhões. Juntas essas verbas chegam a quase R$ 860 milhões em investimentos. O Corpo de Bombeiros ficará com R$ 59 milhões.

O restante da verba está sendo destinado à Secretaria de Segurança, ao custeio do próprio Gabinete de Intervenção Federal e outros órgãos de segurança e para o Ministério da Defesa, responsável pelas Forças Armadas, que estão apoiando as ações da polícia no Rio.

O dinheiro está sendo usado para a compra de cerca de 3.600 veículos, mais de 30 mil armas, mais de 1 milhão de munições e 2.000 coletes à prova de balas, entre outros itens.

O general disse acreditar, porém, que o legado mais importante da intervenção não pode ser mensurado. “O mais importante é o intangível. São os cursos de gestão, são a parte de ensino que nós estamos trabalhando, são a postura do policial na rua”, disse.