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Morre 15ª vítima do deslizamento em Niterói, um menino de três anos

Marina Lang

Colaboração para o UOL, em Niterói (RJ)

11/11/2018 16h08Atualizada em 11/11/2018 20h55

Morreu neste domingo (11) a décima quinta vítima do deslizamento no morro da Boa Esperança, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Arthur Caetano Carvalho, de três anos, havia sido socorrido com vida na véspera e levado ao hospital estadual Azevedo Lima em estado gravíssimo, mas não resistiu aos ferimentos e morreu às 12h59, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro. 

Segundo o hospital, o quadro clínico do menino piorou e ele teve uma parada cardíaca, com múltipla falência dos órgãos. 

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Com a morte de Arthur, o total de vítimas sobe para 15 pessoas, sendo quatro crianças. O número de sobreviventes cai para 10. 

Dos sobreviventes, apenas dois adultos continuam internados, um no hospital Azevedo Lima e outro no hospital Alberto Torres. O estado de saúde de ambos é estável, segundo a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro.

Veja a lista de mortos:

  • Arthur Caetano Carvalho, 3 anos 
  • Alan Ferreira Teles: 29 anos
  • Amanda Tomaz da Silva: 30 anos
  • Beatriz Martins Pereira: 18 anos
  • Claudiomar Dias Martins: 37 anos
  • Dalvina Marins: 56 anos
  • Géssica Martins Firmino: 15 anos
  • Janete Martins Ferreira: 53 anos
  • Kaique da Silva Resende: 1 ano e 2 meses
  • Marcos Antony Martins de Aguiar: 9 anos
  • Maria Aparecida Martins Viana: 19 anos
  • Maria do Carmo: 80 anos
  • Marta Pereira Romero, 61 anos
  • Maria Madalena Linhares de Resende: 54 anos
  • Nicole Caetano Carvalho: 10 meses

Menino e bisavó são enterrados

O sepultamento de 13 das 15 vítimas do desabamento está sendo realizado na tarde deste domingo, no Cemitério do Maruí, em Niterói. Sete dos mortos eram da mesma família.

Dentre as vítimas enterradas, estão Kaique Da Silva Resende, 1 ano e 2 meses, e sua bisavó, Maria Madalena Linhares de Resende, 54.

Corpo de Kaique da Silva Resende, 1 ano e 2 meses, é sepultado em Niterói - Marina Lang/UOL - Marina Lang/UOL
Corpo de Kaique da Silva Resende, um ano e dois meses, é sepultado
Imagem: Marina Lang/UOL

Pedra caiu sobre sete casas

O morro da Boa Esperança fica na estrada Francisco da Cruz Nunes. Sete casas foram soterradas durante a madrugada de sábado (10), quando uma pedra se desprendeu do alto do morro e deslizou, levando abaixo árvores e muita lama. O terreno estava úmido devido às fortes chuvas que atingem o estado do Rio, incluindo a região metropolitana, desde quarta-feira (7).

De acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros e secretário de Estado de Defesa Civil, Roberto Robadey, Niterói estava em estágio de atenção e alerta, e as comunidades estavam avisadas da situação.

Claudio dos Santos, presidente da associação dos moradores do morro da Boa Esperança, disse ao canal "GloboNews" que algumas casas estavam isoladas pela Defesa Civil, por causa do risco de deslizamento, mas que as famílias continuavam no local por não ter aonde ir.

As primeiras equipes de resgate chegaram ao local da tragédia por volta das 5h do sábado. Ao todo, 80 homens do Corpo de Bombeiros atuaram nas buscas, além de voluntários.

As buscas por vítimas foram encerradas por volta das 5h da manhã deste domingo, mas as equipes continuam no local para remoção dos escombros e limpeza da área.

Diversos imóveis foram interditados pela Defesa Civil do município, de forma preventiva, na comunidade. Famílias desabrigadas por causa do desabamento foram alojadas na Escola Municipal Francisco Portugal Neves, no Piratininga. A prefeitura montou uma base de apoio na escola para receber doações. Foram arrecadados ao menos sete toneladas de alimentos. 

Local não era de alto risco, diz prefeito

O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT-RJ), disse que o deslizamento era difícil de prever e isentou a prefeitura de responsabilidade pela tragédia. 

Segundo ele, a tragédia foi causada por uma ruptura no maciço da encosta e o local não era considerado de alto risco geológico, Neves estava na Espanha, em um encontro internacional, e voltou às pressas ao Brasil.

A prefeitura afirmou também que em nenhum momento o sistema de alertas e alarmes por sirenes, que foi municipalizado em setembro de 2016, deixou de funcionar.

Pezão lamenta mortes, e Witzel visita local

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, lamentou as mortes e se solidarizou com as famílias que perderam parentes na tragédia.

O governador eleito do Rio, Wilson Witzel (PSC), visitou o local na tarde de sábado e acompanhou o trabalho dos bombeiros. Segundo sua assessoria, ele pretende coletar informações sobre o acidente para levá-las à equipe de transição do governo.

Tragédia no morro do Bumba há 8 anos

O desmoronamento aconteceu em Niterói, mesmo município da tragédia no morro do Bumba em abril de 2010, quando uma tempestade causou deslizamentos e deixou 48 mortos, além de milhares de desabrigados.

Oito anos após a tragédia, famílias atingidas ainda cobram as promessas de moradia. Alguns voltaram a morar no Bumba, mesmo com a Prefeitura interditando as casas do local devido ao risco de novos deslizamentos.

A Prefeitura de Niterói informou, em nota, que fez cerca de 70 obras de contenção de encostas, entregou mais de 3.000 casas populares e está desenvolvendo um trabalho focado em áreas de alto risco geológico.

"Foram investidos mais de R$ 200 milhões no Sistema Municipal de Defesa Civil de Niterói, considerado pela ONU um dos cinco melhores do Brasil. Nos últimos seis anos, não tivemos nenhuma tragédia com deslizamento de terra em encostas na cidade", informou a administração municipal.

(Com Agência Brasil)