Policial aposentado é detido ao transportar R$ 500 mil não declarados de MG para SP
Luís Adorno
Do UOL, em São Paulo
20/11/2018 12h24Atualizada em 20/11/2018 13h12
Um policial civil aposentado de Minas Gerais foi detido na noite desta segunda-feira (19) com R$ 500 mil em espécie e não declarados, enquanto se dirigia a São Paulo, após abordagem feita por policiais rodoviários federais na Fernão Dias, na altura da cidade paulista de Vargem.
Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), o policial de 57 anos --sua identidade não foi revelada-- estava sozinho em um Chevrolet Astra. Durante a abordagem, ocorrida às 22h30, ele afirmou que estava indo a São Paulo visitar um amigo. Os policiais rodoviários disseram que ele aparentava nervosismo. Então, pediram que encostasse o carro.
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Os policiais notaram então um "volume sob os bancos e carpetes". Durante vistoria, encontraram R$ 500 mil dentro de sacolas pretas. Indagado sobre a quantia, o policial teria dito não saber a origem e que "era pago para levar", informou a PRF.
O policial civil estava com uma pistola 380, em seu nome, mas com registro vencido. A PRF o encaminhou até o Distrito Policial de Bragança Paulista, no interior de São Paulo, onde o dinheiro e a arma irregular foram apreendidos.
A reportagem apurou que, depois de prestar depoimento na delegacia, o policial aposentado foi liberado. A Polícia Civil instaurou inquérito para investigar a origem do dinheiro e possíveis crimes conexos, como, por exemplo, a suspeita de lavagem de dinheiro.
Há um mês, escolta de dinheiro entre MG e SP gerou tiroteio
Na noite de 19 de outubro, policiais de Minas Gerais e de São Paulo se envolveram em uma troca de tiros, que deixou um policial mineiro morto e duas pessoas feridas, durante escolta de R$ 14 milhões entre os dois estados.
Os policiais paulistas foram detidos e levado para a delegacia de plantão de Juiz de Fora. Segundo as investigações, o executivo Flávio de Souza Guimarães contratou policiais para fazerem uma escolta para que ele pudesse trocar dólares ilegalmente na cidade mineira. O empresário negou a informação, em depoimento.
A suspeita da polícia é de que Guimarães foi de São Paulo a Juiz de Fora com nove policiais civis e o dono de uma empresa de segurança. O encontro com um empresário mineiro ocorreu no estacionamento de um hospital particular, e o tiroteio teria começado após ser detectado que parte do dinheiro era falso.
O Grupo AJC, em que o executivo trabalha, informou, por meio de nota, que "em nenhum momento seus funcionários foram à cidade mineira para trocar dólares ou obter qualquer valor em espécie. Os colaboradores do grupo viajaram a Minas para negociar um contrato de empréstimo que seria feito de acordo com a lei".
Quatro policiais civis de São Paulo foram presos. Os outros cinco voltaram a SP e prestaram depoimentos. Os policiais civis paulistas presos foram transferidos para Contagem, na Grande Belo Horizonte. Dois delegados e dois investigadores de São Paulo tiveram a prisão temporária convertida em preventiva (com prazo indeterminado) e foram encaminhados à Penitenciária Nelson Hungria.
O Grupo AJC disse também que o executivo percebeu que seria vítima de um estelionatário, que respondia por vários crimes envolvendo dinheiro falso. "As investigações não encontraram dólares, descartando versões iniciais publicadas pela imprensa, simplesmente porque nunca houve moeda estrangeira na negociação. O AJC está colaborando ativamente com as autoridades de Minas e São Paulo nas investigações."