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Homem mata 4 pessoas dentro de Catedral em Campinas (SP) e se suicida

Ana Carla Bermúdez, Guilherme Mazieiro, Janaina Garcia e Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo e em Campinas

11/12/2018 14h04Atualizada em 11/12/2018 22h05

Um homem matou quatro pessoas ao final de uma missa na Catedral Metropolitana de Campinas (a 100 km de São Paulo) nesta terça-feira (11) e se suicidou dentro da igreja. Todas as vítimas são homens, segundo informações da Polícia Militar. O atirador foi identificado como Euler Fernando Grandolpho, de 49 anos.

As quatro vítimas são: Sidnei Vitor Monteiro, José Eudes Gonzaga, Cristofer Gonçalves dos Santos e Elpidio Alves Coutinho. A idade dos mortos não foi revelada.

Além dos mortos, quatro pessoas ficaram feridas pelos disparos, que aconteceram por volta das 13h, e foram encaminhadas para hospitais da região. Três delas já tiveram alta.

De acordo com o hospital municipal Mário Gatti, para onde foram encaminhados dois feridos, Jandira Prado Monteiro, 65, foi atingida por estilhaços na mão direita e teve a clavícula fraturada, mas está fora de risco. Heleno Severo Alves, 84, foi atingido no tórax e no abdômen e às 17h estava no centro cirúrgico em estado muito grave.

O hospital Beneficência Portuguesa afirma que um homem de 64 anos foi atingido nos dois braços e já teve alta. Segundo a assessoria de imprensa do Hospital das Clínicas da Unicamp, a quarta vítima ferida é uma mulher baleada em um dos membros inferiores sem gravidade, que já foi liberada.

O que se sabe sobre o ataque:

  • Um homem atirou contra fiéis ao fim da missa, matou 4 e se suicidou
  • 4 feridos foram levados para hospitais; um deles está em estado grave e os outros tiveram alta
  • O atirador tinha 49 anos, nenhum antecedente criminal e endereço de Valinhos (SP)
  • Não se sabe a motivação para o crime

Entenda como foi o ataque

Imagens de uma câmera interna da catedral (assista no vídeo acima) mostram que o atirador estava sentado em um banco próximo aos fundos da igreja. Ele se levanta e atira em pelo menos três pessoas atrás dele. Duas delas permanecem caídas enquanto uma outra se levanta, cambaleante, e vai em direção à porta. Enquanto isso, um grupo de pessoas que estava do lado oposto da igreja também vai em direção à porta. O homem então passa a atirar em direção a elas.

Uma pessoa que estava no centro da catedral fica no chão. O homem então vai até o corredor, atira em direção à saída da igreja e caminha até ela. Ele recarrega a arma e, enquanto isso, uma mulher escondida entre os bancos se levanta e consegue escapar. O atirador caminha em direção ao altar e sai do campo de visão da câmera. As próximas imagens mostram dois policiais entrando na igreja.

De acordo com a PM, enquanto atirava, Euler Fernando Grandolpho foi atingido por um disparo efetuado por policiais e, ferido, se suicidou --o que, na avaliação da corporação, impediu que o homem continuasse atirando contra quem estava dentro da igreja. 

11.dez.2018 - Fotos circulam nas redes sociais mostrando que o atirador seria um homem entre 40 e 50 anos, de cabelos curtos, com bermuda jeans, camiseta azul e óculos de sol. Ele se suicidou após matar e ferir fiéis na Catedral Metropolitana de Campinas - Reprodução - 11.dez.2018 - Reprodução - 11.dez.2018
Imagem: Reprodução - 11.dez.2018
Ao lado do corpo, a PM apreendeu duas armas: um revólver calibre 38 e uma pistola. Os documentos de Grandolpho foram encontrados em uma mochila abandonada dentro da igreja. Segundo imagens, ele tinha cabelos curtos, trajava bermuda jeans, camiseta azul e óculos de sol. 

O representante da Guarda Municipal de Campinas, Alexandre Moraes Rangel, relata que uma equipe de patrulha a pé ouviu barulho de tiros e pediu ajuda a viaturas da corporação pelo sistema de rádio. "Viemos o mais rápido que pudemos. É bem complicado agora, é tudo muito lotado, dada a época de Natal", disse.

Não há ainda informações sobre a motivação para o crime. Grandolpho não tinha antecedentes criminais, segundo a polícia.

"A visão que eu tive é a de que era uma pessoa ensandecida e que resolveu tirar a vida de outras pessoas, inocentes. Cheguei e ele estava praticamente morto", afirmou o guarda.

A catedral fica na principal área comercial da cidade, próxima à rua Treze de Maio. Em frente à catedral, o major Paulo Monteiro, do Corpo de Bombeiros, declarou que a principal preocupação agora é o atendimento aos sobreviventes. "Pelo horário, havia um fluxo de pessoas, tinha bastante gente na igreja. Os socorros já foram feitos, e os óbitos, detectados", disse o major.

A Prefeitura de Campinas decretou luto oficial de três dias na cidade.

"Achei que era barulho de moto"

Giovana Mazzo, 18, conta que subia a rua Treze de Maio quando ouviu tiros. "Foi horrível a sensação. Começamos a ouvir disparos, mas achei que era escapamento de moto porque o som era parecido. Mas aí o pessoal começou a sair de dentro da igreja dizendo que era tiro e assim começou um alvoroço no centro. Eu e outras pessoas corremos para dentro de uma loja e aí as viaturas começaram a chegar", disse a técnica de enfermagem.

Proprietária de um restaurante em frente à catedral, a comerciante Rosemeire Barbosa afirmou que estava na porta do estabelecimento quando começou a ouvir o barulho dos tiros.

"A gente nunca imagina que uma coisa dessas vai acontecer em uma igreja, né? Mas aí eu vi um senhor saindo ensanguentado da igreja, ferido na altura do ombro, indo até uma base da PM que tem em frente à catedral pedir socorro -aí tive a certeza de que o barulho era mesmo de tiro", conta.

    Aliado de Bolsonaro critica desarmamento

    O deputado federal e senador eleito por São Paulo Major Olímpio (PSL) classificou o ataque como uma tragédia, mas questionou se as armas utilizadas no crime estavam em situação legal e se o atirador possuía porte de arma.

    "É uma tragédia. Mas a arma dele lá era legal? Ele tinha porte de arma? As armas envolvidas em crimes quase que em sua totalidade são ilegais. O que aconteceu com o Estatuto do Desarmamento é que ele foi uma farsa. Se disse que retirando a condição da legítima defesa do cidadão se proporcionaria um equilíbrio na sociedade. De forma nenhuma. O que se fez foi um empoderamento dos criminosos", afirmou. (*Colaborou Luciana Amaral, em Brasília, e Leonardo Martins, em São Paulo)

    Errata: este conteúdo foi atualizado
    Diferentemente do que esta reportagem informava, as quatro vítimas eram homens.