MP de Goiás confirma que João de Deus é considerado "oficialmente foragido"
A força-tarefa que investiga denúncias de abuso sexual apresentadas por mais de 330 mulheres contra o médium João Teixeira de Faria, 76, conhecido como João de Deus, confirmou às 14h20 deste sábado (15) que ele é "considerado oficialmente foragido" pelas autoridades públicas de segurança.
João de Deus teve o pedido de prisão apresentado na última quarta-feira (12) pelo Ministério Público de Goiás. A instituição foi a primeira a confirmar, nesta tarde, que ele é considerado foragido, já que não se apresentou até as 14h, prazo máximo concedido pela Polícia Civil.
Em nota, a força-tarefa do MP-GO informou que João de Deus passou a ser considerado foragido "pois as diligências de localização em todos os seus endereços, resultaram negativas e o comparecimento espontâneo não ocorreu nas 24 horas seguintes à ordem de prisão, a despeito das tentativas de negociação com a defesa. Assim, poderá ser preso por qualquer autoridade policial brasileira ou estrangeira, com auxílio da Interpol, caso saia do país. O mandado de prisão está inserido no BNMP (Banco Nacional dos Mandados de Prisão, do Conselho Nacional de Justiça)", diz a instituição.
"Acrescenta, em face das declarações públicas de um dos advogados de defesa, que não negou acesso ao Procedimento de Investigação Criminal. Ao contrário. Houve despacho deferindo o pedido, mas, até o momento, o requerente não procurou o Ministério Público para retirar cópia dos autos, não obstante tentativas de contato", complementou a nota a respeito da defesa do médium.
Pela manhã, em nota, a Secretaria de Segurança Pública de Goiás divulgou que não havia "prazo específico" para que o médium fosse considerado foragido, uma vez que "as negociações para a apresentação" dele continuavam, sob a responsabilidade da Polícia Civil do estado de Goiás, "para cumprimento do mandado de prisão expedido contra ele".
João de Deus teve a prisão preventiva decretada pela Justiça diante da suspeita de ter abusado sexualmente de mais de 330 mulheres nas últimas décadas. O líder religioso nega as acusações e diz ser inocente.
Ao confirmar a situação criminal do médium, o MP-GO informou também que o mandado emitido pela Justiça "já teve seu sigilo derrubado" e está "disponível para conferência no site do Banco Nacional de Mandados de Prisão do Conselho Nacional de Justiça".
Médium pode ter saído do estado
Para o delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, André Fernandes de Almeida, provavelmente o médium não está mais em Goiás. Mais cedo, o policial relatou que estavam sendo acertados os detalhes para que o líder religioso se apresentasse à Justiça ainda hoje. Ao longo da manhã deste sábado, a Polícia Civil e a defesa de João de Deus retomaram as negociações. Foram dois telefonemas. "Assim que o local e horário forem fixados, será preparada a logística", disse o delegado.
O pedido de prisão preventiva, ou seja, por tempo indeterminado, havia sido feito no final da tarde dessa quarta-feira (12) pela força-tarefa de cinco promotores de Goiás que investiga denúncias de abusos sexuais e estupros.
Os crimes teriam sido cometidos pelo médium na Casa Dom Inácio de Loyola, espécie de hospital espiritual criado por ele em Abadiânia, contra mulheres que buscavam atendimento.
Também na quarta, antes do pedido de prisão ser divulgado, o médium reapareceu em público na casa de oração pela primeira vez desde que os casos começaram a ser revelados e disse ser inocente.
Até essa sexta-feira, segundo o Ministério Público de Goiás, eram pelo menos 330 denúncias de mulheres de diversos estados brasileiros e de seis países -- Alemanha, Austrália, Bélgica, Bolívia, Estados Unidos e Suíça. Elas formalizaram denúncias contra o médium por meio de canais de denúncias do MP.
As denúncias começaram a vir a público na sexta-feira (7) no programa "Conversa com Bial", da TV Globo. Como as vítimas estão em diferentes estados da federação, os depoimentos são prestados nas localidades e encaminhados a Goiás.
Religioso diz que é inocente
Na sua última aparição pública, na quarta-feira, João de Deus cumprimentou o público, sob aplausos, e disse que "queria cumprir a lei brasileira".
"Agradeço a Deus por estar aqui. Ainda sou irmão de Deus. Quero cumprir a lei brasileira. Estou nas mãos da lei. João de Deus ainda está vivo", afirmou a fiéis. Ele permaneceu no local apenas dez minutos e, ao sair, disse a jornalistas que era inocente.
Defesa rebate acusações
A defesa de João de Deus, feita pelo advogado Alberto Toron, afirmou que entrará com um pedido de habeas corpus para reverter a decisão já na próxima segunda-feira (17). Para Toron, a prisão é "ilegal", já que trataria de fatos "antigos" e sobre os quais "não há nenhuma contemporaneidade" capaz de exigir, agora, uma prisão preventiva.
O advogado afirmou que o cliente se apresentará, independentemente da apresentação e do julgamento do habeas corpus, mas não quis revelar o dia e a hora em que isso será feito.
(Com Estadão Conteúdo)
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