Topo

Não há prazo para João de Deus ser tido como foragido, diz secretaria

Última aparição de João de Deus foi na quarta-feira (12) - AP
Última aparição de João de Deus foi na quarta-feira (12) Imagem: AP

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

15/12/2018 13h30

A Secretaria de Segurança Pública de Goiás divulgou nota neste sábado (15) informando que "não há prazo específico" para que o médium João Teixeira de Faria, 76, conhecido internacionalmente como João de Deus e "John of God", seja considerado foragido.

Ele teve a prisão preventiva decretada pela Justiça no início da tarde de ontem diante da suspeita de ter abusado sexualmente de mais de 300 mulheres nas últimas décadas. O líder religioso nega as acusações e diz ser inocente. 

Na nota, a secretaria afirma ainda que "as negociações para a apresentação" do médium continuam, sob a responsabilidade da Polícia Civil do estado de Goiás, "para cumprimento do mandado de prisão expedido contra ele".

Desde que a prisão preventiva foi determinada pela Justiça, a Polícia Civil afirma já ter procurado o médium em mais de 20 endereços. Na casa onde ele mora em Goiás, no entanto, as buscas não foram feitas. Além da casa de orações em Abadiânia, o médium tem outros imóveis no estado. Os endereços já investigados estão sob sigilo. "Há pontos que também estão sendo vigiados", disse o delegado geral da Polícia Civil de Goiás, André Fernandes de Almeida.

Médium pode ter saído do estado

Para o delegado, João de Deus provavelmente não está mais em Goiás. Ele informou ainda que o médium acerta os detalhes para se apresentar à Justiça ainda hoje. Ao longo da manhã deste sábado, a Polícia Civil e a defesa do líder espiritual retomaram as negociações. Foram dois telefonemas. "Assim que o local e horário forem fixados, será preparada a logística", disse o delegado.

O pedido de prisão preventiva, ou seja, por tempo indeterminado, havia sido feito no final da tarde dessa quarta-feira (12) pela força-tarefa de cinco promotores de Goiás que investiga denúncias de abusos sexuais e estupros.

Os crimes teriam sido cometidos pelo médium na Casa Dom Inácio de Loyola, espécie de hospital espiritual criado por ele em Abadiânia, contra mulheres que buscavam atendimento.

Também na quarta, antes do pedido de prisão ser divulgado, o médium reapareceu em público na casa de oração pela primeira vez desde que os casos começaram a ser revelados e disse ser inocente.

Até essa sexta-feira, segundo o Ministério Público de Goiás, eram pelo menos 330 denúncias de mulheres de diversos estados brasileiros e de seis países -- Alemanha, Austrália, Bélgica, Bolívia, Estados Unidos e Suíça. Elas formalizaram denúncias contra o médium por meio de canais de denúncias do MP.

As denúncias começaram a vir a público na sexta-feira (7) no programa "Conversa com Bial", da TV Globo. Como as vítimas estão em diferentes estados da federação, os depoimentos são prestados nas localidades e encaminhados a Goiás.

Médium diz que é inocente

Na sua última aparição pública, na quarta-feira, João de Deus cumprimentou o público, sob aplausos, e disse que "queria cumprir a lei brasileira". 

"Agradeço a Deus por estar aqui. Ainda sou irmão de Deus. Quero cumprir a lei brasileira. Estou nas mãos da lei. João de Deus ainda está vivo", afirmou a fiéis. Ele permaneceu no local apenas dez minutos e, ao sair, disse a jornalistas que era inocente.

Defesa reage a acusações

A defesa de João de Deus já afirmou que entrará com um pedido de habeas corpus para reverter a decisão. À Folha, esta semana, o advogado Alberto Toron que o médium recebeu com "indignação" a notícia de que é acusado de crime sexual e está à disposição das autoridades para esclarecimentos.

(Com Estadão Conteúdo)