Homem desaparece após ser espancado por guardas municipais em Alagoas
Um jovem acusado de vandalizar o portão de uma casa em uma rua do município de Branquinha, localizado na região da Zona da Mata de Alagoas, desapareceu depois de ser espancado por guardas municipais durante a detenção.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, nesta quinta-feira (7), dois guardas municipais agridem Wanderson Alves dos Santos, 18, com tapas e socos nas costas e no abdômen, enquanto colocavam o rapaz no porta-mala do carro da corporação.
Um dos guardas aparece com uma espingarda na mão, empurra o jovem contra o carro e ordena que ele coloque as mãos para trás para ser algemado. "Bota as mãos para trás, porra! Fí da peste (sic), você tá abusando direto!", grita um dos guardas. O acusado não reage e o outro guarda coloca as algemas nele. Os dois guardas municipais continuam a bater no suspeito. O vídeo acaba quando o homem entra no carro.
Relatos de moradores indicam que o rapaz teria jogado pedras e tentado arrancar o portão de uma casa. Segundo a polícia, a abordagem dos guardas municipais ocorreu na noite do dia 28 de janeiro e, desde então, Wanderson Alves dos Santos, 18, está desaparecido.
Um corpo com um tiro de arma de fogo na cabeça e características do acusado foi encontrado boiando em um riacho na zona rural do município, no último dia 3. O corpo foi levado para o IML (Instituto Médico Legal) de Maceió para ser necropsiado. Até agora, nenhum familiar apareceu para fazer o reconhecimento.
A Polícia Civil informou que instaurou inquérito policial para investigar o caso, após receber o vídeo da abordagem dos guardas municipais, na quarta-feira (6). Os delegados Sidney Tenório, de Branquinha, e Valter Nascimento, de União dos Palmares, foram designados para as investigações.
Segundo relatos de moradores, não é a primeira vez que Wanderson teria cometido atos de vandalismo. Os moradores da residência que teria sido vandalizada pelo jovem foram até a delegacia de Palmeira dos Índios, junto com os guardas municipais e o acusado, mas desistiram de registrar boletim de ocorrência.
O delegado Sidney Tenório disse que testemunhas ouvidas pela polícia contaram que os guardas municipais retornaram com o casal para casa e, em seguida, informaram que o acusado passaria a noite no prédio da corporação.
"Depois disso, o suspeito desapareceu. No domingo, foi localizado um corpo com as características físicas e a bermuda parecidas com a do suspeito. Solicitamos o registro de liberação do acusado da delegacia de União dos Palmares, além da identificação do corpo que está no IML para saber se é a mesma pessoa", disse Tenório.
O delegado informou que oito pessoas que testemunharam a abordagem foram ouvidas pela polícia. A polícia já foi até os locais da agressão e desaparecimento do rapaz. "Estamos aguardando o laudo do IML, mas há fortes indícios de que o corpo é do rapaz desaparecido", explicou Tenório.
Guardas estão presos
Os guardas municipais foram identificados como Carlos Roberto da Silva, 29, e Jaelson Ferreira da Silva, 25. Eles foram presos nesta quinta-feira (7), após a juíza Emanuela Bianca Porangaba acatar pedido do MPE (Ministério Público Estadual) solicitando a prisão temporária dos dois guardas municipais.
Caso seja comprovado que o corpo encontrado se trata de Wanderson Alves dos Santos, a polícia informou que os dois guardas municipais devem ser indiciados por homicídio, ocultação de cadáver e fraude processual.
O MPE instaurou uma notícia de fato - que é um tipo de procedimento administrativo - para apurar o caso. O promotor Marcus Mousinho solicitou que a Prefeitura de Branquinha afaste os dois agentes públicos das funções, bem como que seja instaurada sindicância contra eles.
"Requisitei o afastamento dos guardas municipais das suas atividades funcionais até o final das investigações e que a prefeitura abra sindicância imediatamente para apurar a conduta dos dois agentes públicos", destacou Marcus Mousinho, informando que chegou à promotoria, nesta quarta-feira, quatro vídeos registrando a abordagem dos guardas municipais.
O promotor afirmou que já entrou em contato com a Polícia Civil e que aguarda a conclusão do inquérito para adotar novas medidas cabíveis ao fato. "Ainda não podemos afirmar em quais tipos de crime os acusados poderão ser enquadrados, uma vez que o que está sendo apurado não é somente a agressão física contra a vítima, mas também o suposto homicídio praticado contra ela. Há uma grande suspeita de que um corpo encontrado seja de Wanderson", acrescentou Mousinho.
A prefeitura de Branquinha informou, nesta quinta-feira, que abriu procedimento administrativo para apurar o ocorrido e que "os servidores públicos que estão envolvidos no lamentável episódio já foram afastados do cargo".
O UOL tentou localizar a defesa dos dois guardas municipais, durante esta quinta-feira, para saber o posicionamento dos acusados, mas não conseguiu.
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