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Bombeiros mapeiam 10 pontos para buscar desaparecidos em Brumadinho

Giazi Cavalcante/Código 19/Estadão Conteúdo
Imagem: Giazi Cavalcante/Código 19/Estadão Conteúdo

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

01/03/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Superficialmente, toda a área atingida pela lama já foi vistoriada
  • Em média, bombeiros concentram os trabalhos em 10 frentes
  • Maior potencial de resgate de corpos está nas chamadas áreas de remanso

Pouco mais de um mês após o rompimento de uma barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho (MG), o Corpo de Bombeiros concentra as buscas pelos desaparecidos na tragédia em pelo menos dez pontos de trabalho. 

As frentes de atuação se distribuem por todo o local atingido pela lama que vazou da barragem no dia 25 de janeiro. Há desde focos mais próximos do local do acidente até pontos mais afastados, nas imediações do rio Paraopeba, que fica a mais de 5 km da barragem que se rompeu.

"O que fizemos foi tentar identificar quais são aquelas áreas onde havia mais vítimas", explica o tenente-coronel Anderson Passos, que atua nas buscas em Brumadinho.

Até o momento, 122 pessoas permanecem desaparecidas em decorrência da tragédia. Outras 186 mortes foram confirmadas.

Áreas prioritárias para as buscas

  • Descarte - Local onde a lama de rejeito, retirada de outros locais, é depositada
  • ITM - Sigla para instalação de tratamento de minério, nome dado ao espaço pela própria Vale
  • Sotreq - Espaço antes ocupado por uma empresa que prestava serviços para a Vale
  • Drenagem - Local onde o acúmulo da lama estava represando um curso d'água exigiu que fosse feita uma drenagem
  • Área administrativa - Onde foram encontrados os destroços do refeitório e da área administrativa
  • Remansos 1 e 3 - Locais onde a massa de rejeito ficou represada e formou uma espécie de remanso
  • Descontaminação - Onde os bombeiros passam por uma limpeza técnica após o contato com a lama
  • Dique 1 - Espaço onde a Vale deve construir um dique para conter o lançamento dos rejeitos no rio Paraopeba
  • Estrada da pousada - Ponto onde uma estrada, que ficava nas imediações da Pousada Nova Estância, está sendo reconstruída
  • Ponte - Região da ponte de Alberto Flores, que liga Brumadinho à comunidade de Córrego do Feijão.

Potencial de resgate

Mais afastadas, as chamadas áreas de remanso são os locais onde os bombeiros dizem haver mais potencial para o resgate de corpos. São "manchas de alagamento", explica Passos, por onde a lama "não passou com tanta força".

"A gente entende que, nesses locais, a massa de rejeito desceu e houve um represamento, em razão do curso do rio", conta.

Junto à quantidade de chuvas que caiu em Brumadinho nos últimos dias, o relevo dessas regiões fez também com que muita água se acumulasse, deixando as áreas alagadas --o que adiou a possibilidade de escavações mais profundas nessas áreas.

Ele afirma que os bombeiros fizeram, então, um trabalho de drenagem para retirar a água do local. "Com o terreno mais firme, podemos usar o maquinário convencional", explica.

"Corrida de Fórmula 1"

O trabalho dos bombeiros é dinâmico, explica Passos. Segundo ele, cada uma das frentes tem trabalhos de busca, mas isso não significa que os oficiais atuem em todos os pontos ao mesmo tempo.

O próprio número de áreas prioritárias, de acordo com o tenente-coronel, tende a ser elástico. "Nossa média é trabalhar com dez frentes [de busca], mas acontece de conseguirmos, por exemplo, abrir uma frente ao longo do dia. Ou de alguma não estar rendendo e focarmos em outra", diz.

"Na semana passada estávamos lá e um colega disse que tinha encontrado um contêiner. Quando chegamos lá não era um contêiner, era um almoxarifado enorme. Tivemos que usar o cão, o maquinário e o drone, em algum momento, para tentarmos visualizar outros ângulos", conta.

O trabalho, ele diz, não pode ser "engessado". "É uma coisa muito dinâmica. Eu compararia a uma corrida de Fórmula 1, que durante a corrida você vai identificando e tomando decisões", explica.

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