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"O combinado era envelhecermos juntos", diz viúva de PM da Rota morto em SP

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

05/05/2019 12h09

Pouco mais de 24 horas depois do assassinato do policial militar da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) Fernando Flávio Flores, na porta de casa, a mulher dele, Alecsandra Flores, se manifestou nas redes sociais.

"O combinado era envelhecermos juntos, mas tiraram você de mim. Sei que vou ser forte pelos nossos filhos, mas vai doer para o resto da minha vida. Te amo", disse em postagem compartilhada na manhã de hoje. Amigos e familiares se solidarizaram com a viúva e os três filhos do casal.

Em seu perfil no Facebook, Flores exibia fotos orgulhoso por trabalhar na Rota e pelas vitórias do seu time do coração, o São Paulo. No último dia 30, ele compartilhou uma publicação na qual se dizia "de luto por um amigo". Nos comentários, outros policiais lamentam a morte de um colega.

Flores foi executado na porta de casa na manhã de ontem (4) no bairro de Interlagos, na Zona Sul de São Paulo. Imagens de segurança da região mostram que a ação aconteceu rapidamente, no momento em que o policial saía da garagem de casa. Os criminosos emparelharam o veículo branco no sentido oposto, efetuaram os disparos, desceram do carro para se aproximar do policial e fugiram.

O corpo do policial foi enterrado na manhã de hoje no Cemitério Campo Grande, na zona sul de São Paulo. Estiveram presentes senador Major Olimpio (PSL), o deputado estadual Delegado Olim (PP) e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.

Colega relatou ameaça

Carro em que estava o policial da Rota foi atingido por tiros de fuzil - Divulgação/Polícia Civil - Divulgação/Polícia Civil
Carro em que estava o policial da Rota foi atingido por tiros de fuzil
Imagem: Divulgação/Polícia Civil
Em depoimento, um policial que trabalhava com Flores informou que a vítima já havia sido ameaçada de morte há cerca de seis meses. As ameaças teriam partido de um presidiário conhecido como "Zé Bedéu". Apesar de relatar a existência de ameaça prévia, o policial não explicou o porquê das ameaças.

Horas depois do assassinato, ontem, um veículo semelhante ao usado pelos assassinos foi encontrado parcialmente queimado e com cartuchos de fuzil. O caso é investigado pelo DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa).

No último dia 25, outro policial da Rota foi assassinado no estado. O cabo Daniel Gonçalves Correa foi atingido por cinco tiros nas costas na zona noroeste de Santos, litoral paulista. O policial estava sem farda em um evento de divulgação de um empreendimento imobiliário.

MP analisa se morte está ligada à ação contra PCC

O assassinato do policial ocorreu um dia depois de o MP (Ministério Público) ter realizado uma operação em cinco cidades do estado contra o PCC. Os alvos da operação eram integrantes da facção que estariam estudando endereços de autoridades policiais e de investigação para matá-los.

A reportagem apurou com membros da Promotoria que o MP recebeu a notícia do assassinato do policial "com apreensão" e que analisa uma possível relação entre a ação de ontem e o crime de hoje.

MP também avalia se os ataques contra os dois policiais da Rota ocorreram em represália à ação que envolveu a corporação e que terminou com 11 ladrões de banco mortos em confronto, em Guararema, no interior do estado, há um mês.