Em dia de greve, paulistanos acordam mais cedo, reclamam, mas apoiam ato
Com a greve contra a reforma da Previdência convocada para hoje, os paulistanos que dependem do transporte público precisaram acordar mais cedo para tentar chegar ao trabalho. Pela manhã, ônibus e trem funcionaram na capital paulista, mas o metrô operou de forma parcial.
Pessoas ouvidas pela reportagem relataram suas dificuldades para conseguir cumprir seus compromissos, reclamaram da falta de informação, mas, em alguns casos, disseram apoiar a greve.
A diarista Gilvânia Alves, 41, deu uma olhada no noticiário antes de sair de casa, por volta das 5h40, em direção ao terminal Grajaú, na zona sul. Enquanto aguardava para embarcar em seu segundo ônibus do dia, contou que pegou o primeiro ônibus mais vazio do que o normal.
"Normalmente tem duas filas para embarcar, mas hoje tinha uma só. Mas peguei muito trânsito até aqui", disse.
A professora de educação infantil Rose Mendes, 42, também saiu de casa mais cedo, por volta das 5h30, meia hora antes do habitual. "Antes de sair de casa, ainda perguntei pelo WhatsApp a uma amiga que sai para trabalhar mais cedo se tinha ônibus, e ela disse que estava normal", contou a passageira do terminal Grajaú.
De acordo com ela, a administração da escola municipal em que trabalha avisou aos pais sobre a possibilidade de não mandar os filhos caso a greve afete o quadro de funcionários. "O ônibus veio mais cheio, mas tudo está normal. Esperava algo pior hoje, nas não foi nada disso", Mendes.
Estação Itaquera da CPTM fechada
Apesar dos trens terem circulado, a estação Itaquera da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) ficou fechada até 7h10, o que prejudicou as pessoas que foram até lá contando com essa opção de transporte, já que a linha vermelha do metrô não funcionou.
A assistente administrativa Graziella Victória, 16, se decepcionou ao chegar à estação. A jovem, que mora em São Mateus (zona leste) e trabalha na Barra Funda (oeste), previa levar mais de três horas para chegar. "Acho injusto que só esta estação de trem esteja fechada. Muita gente precisa dela na região", declarou.
Para chegar ao trabalho, ela acorda todos os dias às 4h30, embarca em um ônibus até Itaquera e escolhe o metrô ou trem para chegar à estação da Luz. Lá, ela faz uma nova baldeação na linha vermelha e, finalmente, entra em um ônibus para chegar ao trabalho.
"Acordo às 4h30 todos os dias para me aprontar e chegar no trabalho às 8h", disse.
Apoio à greve apesar dos transtornos
A auxiliar de serviços gerais Maria Gildete, 51, deu "graças a Deus" quando a estação Itaquera foi aberta.
Também moradora de São Mateus, ela trabalha na Aclimação, na zona sul, e acordou às 4h para ir trabalhar. "Entro no trabalho às 7h. Pego um ônibus até Itaquera, depois o metrô até a Sé e baldeação na linha azul. São duas horas de viagem."
"Com tudo fechado eu não sabia como ia chegar. Liguei para o meu chefe, que pediu para esperar mais um pouco."
Maria defende a greve contra a reforma da Previdência, mas lamenta que apenas os metroviários tenham aderido completamente. "Só eles pararam. Nossos chefes não querem saber. Eles dizem 'pega o trem, encontra um ônibus."
A analista Tatiane Lima, 31, acordou cedo em Artur Alvim, zona leste, para chegar em tempo no trabalho, no Anhangabaú, centro.
Embora a estação de trem tenha sido liberada em Itaquera, ela esperava que a aglomeração na Luz diminuisse para poder embarcar.
"Na última greve foi desumano na Luz. Tomei cotovelada, fiquei esmagada e vi gente caindo no vão entre o trem e a plataforma", conta. "Preciso trabalhar, mas não vale a pena passar por isso. É preciso viajar bem, com segurança."
Tatiane, que chegou à Itaquera depois de 20 minutos em uma van, também apoia a greve. "Super-apoio, mas para tudo, né? Enquanto uns brigam pelos direitos de todos, outros só ameaçam."
Sem conseguir embarcar na estação Jabaquara do metrô (zona sul), o enfermeiro Paulo Isidorio, 42, decidiu voltar para casa e buscar o carro para seguir até o Campo Limpo, também na zona sul, onde um paciente que ele atende em casa aguardava por tratamento.
"Tinha de chegar até a estação Santa Cruz para entrar na linha lilás, mas não tenho dinheiro para pagar o transporte até lá. Meu carro em casa tem gasolina. Aí o problema vai ser o trânsito", disse.
O paciente de Isidorio depende totalmente de cuidados e o aguardava desde às 8h. "Se é para melhorar as nossas condições, tem que fazer manifestação sim. Sou a favor nesse sentido", disse.
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