"Eu quero entrar para a história", disse sequestrador aos reféns de ônibus
Lola Ferreira
Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro
20/08/2019 13h53
O professor Hans Miller Moreno do Nascimento, de 34 anos, morador do Rocha, em São Gonçalo, estava a caminho de Santa Cruz, na zona oeste do Rio quando se viu refém do sequestro do ônibus na ponte Rio-Niterói. Ele contou na porta da Delegacia de Homicídios de Niterói que o sequestrador do ônibus, Willian Augusto da Silva, em nenhum momento se mostrou nervoso e disse que queria entrar para a história.
"Eu não quero machucar ou levar os pertences de vocês, só quero entrar para a história. Ao fim do dia, vocês vão ter muita história pra contar", disse Willian Augusto da Silva, segundo Hans Moreno, aos reféns do ônibus sequestrado por ele na manhã desta terça-feira.
O sequestrador escolheu uma das passageiras para auxiliar no andamento do sequestro. A moça, ainda não identificada, foi responsável por prender os passageiros com braçadeiras de plástico e, posteriormente, estender os fios de barbante com os copos de garrafa pet.
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Miller conta que o sequestrador estava com um rádio transmissor, e escreveu o número da frequência no vidro do veículo, para entrar em contato com a polícia. No rádio, Willian perguntava "em que altura estava o engarrafamento". A todo momento, de forma calma, Willian pedia para a polícia "tomar cuidado para os passageiros não se machucarem".
Em todo o momento, Willian repetiu que "iria entrar para história" e que "nós vamos entrar para a história".
O professor explicou que logo após a entrada de Willian no ônibus, entre 5h e 5h10, na altura do Mocanguê, ele explicou que não se tratava de um assalto. Para tranquilizar os passageiros, Willian permitiu que cada um usasse seus celulares para se comunicar com a família. O professor também observou que Willian tomava energéticos para "manter a adrenalina".
De acordo com Miller, Willian pintou com spray de cor preta os vidros frontais do ônibus e pediu para que os passageiros fechassem as cortinas.
Foi neste momento que alguns passageiros passaram mal e, assim, foram liberadas pelo sequestrador. Willian também negociava com a polícia a entrega de água para os passageiros e, a todo tempo, tentava tranquilizá-los.
Pelo clima controlado, apesar de tenso, Miller conseguiu, de forma discreta, escrever algumas informações sobre o sequestrador: "Ele está sentado na fileira" e "Ele está em pé na frente". A vítima também conta que, já ao final do sequestro, Willian falou à polícia sobre um valor de "R$ 30 mil", mas Miller não sabe precisar se era um valor a ser negociado pela liberação dos reféns. A vítima conta que Willian estava com uma faca "de 40 a 50 cm", uma arma de choque e um revólver.