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Greve de ônibus em SP: "Ou param todos ou não para ninguém", diz passageiro

O raspador de taco José Lucivaldo de Araújo, 49, criticou a greve parcial - Wanderley Sobrinho/UOL
O raspador de taco José Lucivaldo de Araújo, 49, criticou a greve parcial Imagem: Wanderley Sobrinho/UOL

Wanderley Sobrinho e Cleber Souza

Do UOL, em São Paulo

06/09/2019 10h23

Embora a greve de ônibus hoje em São Paulo não tenha sido geral, como inicialmente prometido pelo sindicato, mas, sim, parcial, usuários do transporte público sofreram para se deslocar ao longo da manhã.

Alguns paulistanos não conseguiram ir ao trabalho, outros buscaram alternativas, como o metrô, mas chegariam atrasados.

Irritado enquanto esperava o ônibus no Terminal Parque Dom Pedro 2º, no centro, o raspador de taco José Lucivaldo de Araújo, 49, criticou a greve parcial. "Ou param todos ou não para ninguém. Desse jeito está errado", afirmou.

Morador do bairro Iguatemi, na zona leste, ele não encontrou o ônibus que o levaria para a Marechal Deodoro, também no centro.

"Também não tinha ônibus no Terminal São Matheus. Desci na Radial Leste e peguei outro ônibus. Aqui no Terminal Dom Pedro 2º não tem o que eu preciso. Vou ter de ir de metrô", disse Araújo.

A greve foi parcial porque, segundo informação da assessora de imprensa do sindicato dos motoristas e cobradores, a categoria decidiu acatar a decisão da Justiça que determinou a circulação de 70% dos ônibus nos horários de pico (entre as 06h às 09h e 16h às 19h) e de 50% no restante do dia.

Por volta das 8h45, Barbara Thomas, 21, já estava uma hora atrasada para chegar ao trabalho. Ela saiu de São Miguel (zona leste), mas nem conseguiu entrar no Terminal Parque Dom Pedro 2º. O trânsito, que já estava ruim na região, piorou com o fechamento do local às 8h30.

"Pararam o ônibus no meio da rua e mandaram a gente descer", disse. "Na hora de aumentar a passagem, eles aumentam... Agora posso até perder o dia de trabalho porque o segundo ônibus que pego não pode sair do terminal."

Barbara Thomas - Wanderley Preite Sobrinho/UOL - Wanderley Preite Sobrinho/UOL
Barbara Thomas reclamou: "Na hora de aumentar a passagem, eles aumentam"
Imagem: Wanderley Preite Sobrinho/UOL

O auxiliar administrativo Gabriel Jesus, 16, que trabalha na Academia de Futebol do Palmeiras, na Barra Funda (zona oeste), decidiu voltar para casa, na Vila Sapopemba, zona leste, depois de 30 minutos a espera de um ônibus também no Terminal Dom Pedro 2º.

"Deveria estar no trabalho às 8h30, mas o ônibus não chega. Vou ligar para o meu chefe e avisar que não vou", disse Jesus, que aguardava a linha Terminal Lapa.

Mesmo antes do bloqueio do terminal, as filas para pegar um ônibus já eram longas, e a espera podia chegar a uma hora. De acordo com a agente de terminal Querem Hapuque de Carvalho, as linhas circulam normalmente, o problema eram os bloqueios no entorno.

A greve de hoje é um protesto contra o corte de linhas e de frota de ônibus anunciado pela gestão Bruno Covas (PSDB). A categoria diz que as mudanças provocarão demissões, o que a prefeitura nega.

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Os motivos da greve

Além disso, a categoria pede o pagamento do PLR (participação no lucro das empresas) que está atrasado, o que as empresas confirmaram.

O motorista Germano Neves, 57, precisou cruzar os braços hoje quando estava prestes a conduzir a linha 909-T do Terminal Dom Pedro 2º para Pinheiros.

Ele disse que é favorável à greve "desde que correta". Ele critica o Sindicato por "não respeitar a decisão da Justiça". "Se a Justiça liberou 40% dos ônibus e o sindicato está controlando a saída dos terminais, então por que bloqueia o terminal e vias de acesso?", questiona. "Então que parasse tudo na garagem."

Mais cedo, o motorista Itamir Lourenço, que trabalhava normalmente no Terminal Varginha, na zona sul, disse que não tinha sido comunicado sobre a greve. "Até o momento estamos trabalhando. Não passaram nada sobre greve para nós ainda".

A principal manifestação da categoria ocorria em frente ao prédio da prefeitura, no centro. Ônibus bloqueavam a o viaduto do Chá.