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Badim: sobe para 11 nº de mortos e 77 ainda estão internados, diz hospital

Incêndio atinge Hospital Badim, no Rio - MAURO PIMENTEL / AFP
Incêndio atinge Hospital Badim, no Rio Imagem: MAURO PIMENTEL / AFP

Lola Ferreira e Igor Mello

Colaboração para o UOL, no Rio, e do UOL, no Rio

13/09/2019 16h05Atualizada em 13/09/2019 20h07

Resumo da notícia

  • Fogo atingiu o hospital privado Badim, na zona norte do Rio
  • Curto-circuito, segundo dados preliminares, causou incêndio
  • Pacientes foram alocados na rua até serem transferidos

O diretor médico do Hospital Badim, Fábio Santoro, informou, na tarde de hoje (13), que morreu a 11ª vítima do incêndio que atingiu a unidade de saúde ontem (12). Por volta das 15h30, o corpo foi levado do Hospital Israelita Albert Sabin para o IML (Instituto Médico-Legal). A paciente Ivone Cardoso Natarelli, 75, foi transferida do Badim durante o incêndio de ontem e morreu hoje na unidade.

Na manhã desta sexta, dez corpos foram identificados pelo IML. Santoro afirmou que, dos 103 pacientes que estavam na unidade na hora do incêndio e foram transferidos, 77 pacientes continuam internados. Outros 15 que receberam alta e já estão em suas casas.

Além dos pacientes, havia 229 funcionários na unidade no momento do incêndio. O Badim divulgou que, entre funcionários e acompanhantes, há mais 20 pessoas internadas.

Os hospitais que receberam vítimas do incêndio do Badim foram: Américas, Casa de Portugal, Caxias D'Or, Copa D'Or, Norte D'Or, Quinta D'Or, Rios D'Or, Gafree Guinle, Samaritano, São Bernardo, Unimed Barra e Israelita Albert Sabin.

O fogo teve início no fim da tarde de ontem, pouco antes das 18h, quando o prédio começou a ser tomado pelas chamas. Uma fumaça preta e espessa pôde ser vista de longe por moradores da região. Segundo o hospital, a causa mais provável do incêndio seria um curto-circuito.

Veja quem são os outros mortos já identificados:

  • Luzia dos Santos Melo, 88
  • Irene Freitas, 83
  • Maria Alice Teixeira da Costa, 75
  • Virgílio Claudino da Silva, 66
  • Ana Almeida do Nascimento, 95
  • Berta Gonçalves Berreiro Sousa, 93
  • Marlene Menezes Fraga, 85
  • Alayde Henrique Barbieri, 96
  • Darcy da Rocha Dias, 88
  • José Costa de Andrade, 76

Virgílio Claudino da Silva, uma das vítimas do incêndio do hospital Badim, no Rio de Janeiro - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Virgílio Claudino da Silva estava no CTI do hospital
Imagem: Arquivo pessoal

Virgílio Claudino da Silva

Segundo o irmão de Virgílio, ele morreu de embolia pulmonar devido à inalação de fumaça.

Sebastião Claudino da Silva disse que o irmão tinha 66 anos e estava internado no CTI do hospital havia 70 dias após ter sofrido um AVC.

Bastante abalado, o irmão disse que Virgílio estava sozinho no hospital. Ele deixa dois filhos, além dos netos. Nas redes sociais, familiares o descreveram como uma pessoa forte e lamentaram a perda.

"Vai com Deus, tio, ficam somente as lembranças boas que você deixou, o carinho de sempre... Você lutou e lutou bastante, infelizmente aconteceu o inesperado", escreveu uma sobrinha.

Maria Alice Teixeira da Costa, de 76 anos, uma das vítimas do incêndio - Reprodução - Reprodução
Maria Alice Teixeira da Costa, de 76 anos, uma das vítimas do incêndio
Imagem: Reprodução

Maria Alice Teixeira da Costa

Maria Alice tinha 76 anos e estava internada desde segunda-feira (9). Segundo a família, ela estava desaparecida desde ontem. Sua filha, Tânia Teixeira, estava desesperada em busca de notícias da mãe hoje cedo. "Minha mãe está sumida, eu não sei onde ela está. Ninguém sabe dar informação nenhuma", relatou à TV Globo. "Eu preciso achar minha mãe. Pelo amor de Deus. Se alguém souber, eu agradeço."

A acompanhante da idosa, Gigiane dos Santos, despencou do terceiro andar do hospital ao tentar deixar o prédio usando uma corda e fraturou os dois tornozelos. O marido da acompanhante disse que ela tentou sair pela janela porque não estava mais conseguindo enxergar o ponto de saída em razão da fumaça no local.

Luzia dos Santos Melo - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Luzia dos Santos Melo receberia alta na semana que vem
Imagem: Arquivo pessoal

Luzia dos Santos Melo

Luzia, que tinha 88 anos, estava internada no CTI do hospital desde quarta-feira (11) com pneumonia. Ela tinha previsão de alta para a próxima semana. Emanuel Ricardo, filho da idosa, disse que estava com a mãe ontem quando ouviu um barulho de explosão. Em seguida, segundo ele, o prédio foi tomado por muita fumaça e um cheiro forte de óleo diesel.

O filho disse ainda que já havia reclamado sobre a ocorrência de fumaça no prédio cerca de 40 minutos antes da tragédia, quando faltou luz pela primeira vez na unidade de saúde --pouco depois, houve outra queda de energia. Ele relatou momentos de desespero após uma explosão, falha no socorro aos pacientes e no resgate em geral

Emanuel relatou ainda que tentou auxiliar o resgate da mãe, mas foi impedido pelo Corpo de Bombeiros. Ele afirmou ter empurrado a maca onde Luzia estava até um local onde estavam os bombeiros, que não o deixaram passar dali com a mãe.

Emanuel disse que deixou a mãe lúcida, com uma máscara de oxigênio, e só soube do falecimento hoje pela manhã.

Ana Almeida do Nascimento

Ana Almeida tinha 95 anos. Segundo a TV Globo, ela havia sido internada com uma pancreatite no início de agosto, tendo passado por outros três hospitais antes de chegar ao Badim, onde estava no CTI. A família da idosa passou a madrugada procurando por ela em diversos hospitais.

Irene Freitas

Irene era do Rio de Janeiro, moradora do Méier e dona de casa. Estava internada com desidratação. Ela deixa seis filhos.

Segundo familiares, era uma pessoa ativa e alegre. "Ela estava entubada. Minha mãe estava com desidratação, muito fraca, tinha até suspeita de câncer. É trágico. Queria que a minha mãe tivesse uma morte natural, não uma morte dessa forma", disse o filho Daniel Freitas de Brito.

Berta Gonçalves Berreiro Sousa

A idosa, que tinha 93 anos, estava em um CTI no terceiro andar do hospital. Ela tinha pneumonia e uma infecção no útero.

O advogado Carlos Outerelo, filho de Berta, também relatou ter sentido cheiro de queimado após a primeira queda de luz na unidade de saúde, minutos antes de o fogo começar. Ele afirmou ainda que os bombeiros o impediram de salvar a mãe, endossando relatos de outras pessoas que perderam familiares na tragédia, mas avaliou que a decisão dos socorristas foi correta.

O incêndio

A assessoria de imprensa do hospital informou apenas que não há relato de funcionários entre as pessoas mortas, mas oficialmente não há a confirmação de que eram todos pacientes ou familiares.

A causa do incêndio será investigada pela polícia, que chegou por volta das 8h de hoje para realizar a perícia no local.

Dados preliminares apontam que um curto-circuito no gerador que fica localizado no subsolo de um dos prédios teria causado o fogo.

"Sabemos que o fogo chegou ao gerador, mas estamos vendo o foco primário para saber se realmente o foco primário foi no gerador ou não", explicou o delegado Roberto Ramos, responsável pelo caso.