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"Minha vida acabou", diz pai de jovem morta após troca de pneu em Bariri

Estudante de fisioterapia Mariana Forti Bazza, 19, que foi morta após pedir ajuda para trocar pneu - Arquivo pessoal
Estudante de fisioterapia Mariana Forti Bazza, 19, que foi morta após pedir ajuda para trocar pneu Imagem: Arquivo pessoal

Wagner Carvalho

Colaboração para o UOL, de Bauru (SP)

25/09/2019 16h11Atualizada em 26/09/2019 12h54

Resumo da notícia

  • A estudante de fisioterapia Mariana Forti Bazza, 19 anos, desapareceu em Bariri, no interior de São Paulo
  • O corpo dela foi encontrado em um canavial no município de Ibitinga, a cerca de 60 quilômetros de Bariri
  • Mariana saiu com uma amiga da academia, por volta das 8h de ontem (24). Ela percebeu que o pneu do carro estava murcho
  • Rodrigo Pereira Alves, conhecido como Rodriguinho, 33 anos, foi preso e confessou ter matado a jovem, segundo a polícia
  • Ele, que estava preso até cerca de um mês atrás, tem passagens por furto, extorsão, tentativa de latrocínio, estupro e outros delitos
  • O suspeito também teria afirmado que abusou sexualmente da vítima, mas voltou atrás na confissão

A Polícia Civil de Bariri, 341 km de São Paulo, encontrou o corpo da jovem Mariana Forti Bazza, 19 anos, que estava desaparecida desde a manhã de ontem (24). O suspeito, Rodrigo Pereira Alves, o Rodriguinho, 33 anos, que ficou detido na carceragem da Polícia Civil em laudJaú, cidade vizinha a Bariri, admitiu que havia matado a jovem e contou onde abandonou o corpo.

A equipe de investigação da Polícia Civil chefiada pelo delegado Durval Izar Neto, seguiu para o local indicado pelo suspeito. O corpo de Mariana foi encontrado a cerca de cem metros da rodovia José Cesário de Castilho (SP-321) no km 410, próximo ao trevo de acesso ao distrito de Cambaratiba, que pertence ao município de Ibitinga (SP), a cerca de 60 quilômetros de Bariri.

No local indicado pelo suspeito os policiais encontraram o corpo da jovem em um canavial, de bruços, amordaçado, com as mãos amarradas para trás, e com olhos vendados. A Polícia Científica de Araraquara foi chamada para periciar o local e liberar o corpo para o IML (Instituto Médico Legal) de Araraquara.

A confirmação da morte e o encontro do corpo da jovem transformou em desespero a esperança que ainda restava nos pais e no namorado de Mariana. Com a notícia de que o suspeito havia confessado o crime, o pai, Airton Bazza, e o namorado, Jeferson Viana, acompanharam os policiais até o local onde o corpo estava, mas foram orientados a não chegar perto. Marlene Aparecida Forti Bazza, mãe de Mariana, precisou ser hospitalizada e sedada novamente quando recebeu a notícia. "Minha mulher está desesperada, minha vida acabou, ele matou minha filha, meu anjo. Ele acabou com a nossa vida", afirmou o pai, aos prantos.

Jeferson contou que quando a namorada mandou a foto de Rodriguinho trocando o pneu, ela não estava com medo. "Ela me mandou apenas para contar o que tinha acontecido, a gente riu da situação e mandei uma foto de uma solenidade de que eu participava e estava fardado, de branco, porque sabia que ela gostava", explica. Jeferson conta que Mariana respondeu às 8h36 com a seguinte frase. "Meu 'princeso' (jeito como a gente se tratava), eu te amo", depois não falou mais", lamentou.

Suspeito chegou a confessar abuso, e voltou atrás

De acordo com o Delegado Marcílio Frederice de Mello, que tem auxiliado o delegado Durval Izar nas investigações e diligências, somente com o laudo do IML será possível afirmar a causa da morte de Mariana. Ele afirmou que a faca encontrada embaixo do banco do veículo, que havia sido furtada da chácara em Bariri, não foi utilizada para o crime. "Talvez tenha sido utilizada para intimidar a jovem, mas não foi a causa da morte", afirmou.

Questionado se o corpo apresentava sinais de agressão, o delegado afirmou que devido ao estado do corpo, que passou mais de 24 horas abandonado naquele local não dá para afirmar nada. "Vamos esperar os laudos para colocar mais informações nesse caso", explicou.

Integrantes da investigação afirmaram que Rodriguinho contou ter matado a jovem ainda na chácara onde ele estava trabalhando e foi utilizada para trocar o pneu do carro de Mariana. Ele também teria afirmado que abusou sexualmente da vítima, mas voltou atrás na confissão e colocou a culpa da morte em uma terceira pessoa.

"Temos uma gama de provas que nos garantem que ele agiu sozinho. Câmeras de segurança registraram os movimentos dele pela cidade de Bariri e pela rodovia Deputado Leônidas Pacheco Ferreira (SP-304) onde o carro da jovem foi flagrado em cima da ponte do Rio Jacaré Pepira por volta das 11h30 de ontem. Dali até o onde o corpo foi deixado é coisa de 20 minutos", contou o delegado Marcílio Frederice.

Por motivo de segurança, a audiência de custódia de Rodriguinho foi transferida para Jaú. "Acreditamos que ele deverá ficar detido aguardando os procedimentos da Justiça. Temos dez dias para apresentar a acusação, os laudos da perícia e IML vão responder muitas questões que ainda estão em aberto e fundamentaram ainda mais a acusação", completo o delegado.

A família aguarda a liberação do corpo para o final da noite de hoje (25), por volta das 23 horas, para o início do velório. De acordo com funcionários das funerária responsável por realizar o velório, tudo vai depender da situação de conservação do corpo, mas o sepultamento deverá acontecer já na primeiras horas de amanhã (26).

O crime

Mariana e a amiga saíram da academia por volta das 8h de ontem (24). A colega disse à polícia que pegou sua motocicleta e saiu em direção ao trabalho. Já Mariana, segundo câmeras de segurança que estão de posse da Polícia Civil, dirigiu-se até seu veículo e notou que o pneu estava murcho.

Nesse instante, as câmeras flagraram um homem se aproximar dela e oferecer ajuda para a troca do pneu. O rapaz conversou com Mariana e logo em seguida se dirigiu para uma chácara em frente à academia. Ainda de acordo com as imagens do circuito interno de segurança, após conversar com o rapaz, Mariana entrou no carro e o guiou para dentro da chácara. Cerca de uma hora depois, o veículo saiu do local, mas não é possível identificar pela gravação quem está ao volante.

Uma pessoa saiu pela porta do motorista, voltou após alguns segundos e arrancou com o veículo. Enquanto o rapaz trocava o pneu do carro, Mariana chegou a fotografá-lo e, numa rápida conversa por uma rede social, enviou a foto para seu namorado, Jeferson Viana, tenente da Marinha e que estava em Santos (SP) naquele momento.