Médico e filha estão entre mortos no PR; avião não podia fazer táxi aéreo
O médico cardiologista Eduardo Philippi, 48, é uma das três vítimas da queda de um avião em Cascavel (PR), na tarde de ontem. Também morreram a filha dele, Fernanda, 12, e o piloto da aeronave, Magnus Boeno Padilha, 32. A esposa do médico e mãe da menina, Graziela de Souza Philippi, 53, foi a única sobrevivente do acidente e segue internada no hospital em estado grave.
Philippi, a esposa e a filha voltavam do feriadão em uma praia em Santa Catarina. O casal tinha outra filha, que atualmente mora em São Paulo e não estava no avião.
O médico era bastante conhecido na cidade e renomado no ramo. Natural de Curitibanos (SC), formou-se em medicina em 1994 na Universidade Federal de Santa Catarina e depois fez duas residências: em cardiologia e hemodinâmica e cardiologia intervencionista. Em 2014, fez um curso de cardiologia no conceituado hospital Johns Hopkins, nos Estados Unidos.
Atualmente, o médico trabalhava em dois hospitais em Cascavel. Por nota, a Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI) lamentou o ocorrido e lembrou da personalidade do médico. "Deixa muitos amigos e a lembrança do seu sorriso franco e da sua grande habilidade nos procedimentos da Cardiologia Intervencionista", disse a nota.
Entre os pacientes, também chamava a atenção a dedicação do médico. A mãe de Junior Silva, 37, foi operada por Philippi por cateterismo e depois angioplastia há cerca de dois anos. "Ele tratou muito bem minha mãe. Um cara humano, humilde, atencioso com os pacientes, muito ético. Resumindo: honrou o seu diploma, amava o que fazia", diz Silva.
Depois da cirurgia, o médico foi recomendado a outros dois parentes, que também passaram pelo mesmo procedimento. "Virou médico da família."
O médico também era presidente do Cascavel Country Club. Em nota, a entidade lamentou o falecimento "com profundo pesar" e determinou luto de três dias.
"A família Cascavel Country Club sente a partida de uma grande pessoa, de ideias progressistas e de respeito às pessoas", destacou a nota. O velório de pai e filha ocorre no salão social do próprio clube, na tarde de hoje. Após o velório, os corpos serão encaminhados para cremação.
Mulher segue internada
Graziela de Souza Philippi segue internada no Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP) da Universidade Paraná. A paciente deu entrada na unidade às 18h30 de ontem e passou por uma cirurgia.
"Graziella está sendo assistida pela equipe de alta complexidade HUOP. Até às 6 h desta segunda-feira, 18, horário do último boletim oficial, o quadro da paciente é muito grave", observou o hospital em nota.
Avião não tinha autorização para táxi aéreo
Conforme a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave de prefixo PT-JQZ não tinha autorização para o serviço de táxi-aéreo, que só pode ser prestado por empresas que cumpram uma série de requisitos e exigências que as credenciam a prestar o serviço de forma legal e regular.
Procurada pela reportagem, a empresa West Wings Escola de Aviação não atendeu as ligações ou respondeu as mensagens. Entretanto, por nota divulgada nas redes sociais, lamentou a morte do piloto.
"A sua morte nos pegou de surpresa e o levou de nós repentinamente. Neste momento de dor e consternação, só nos cabe pedir a Deus que lhe ilumine e lhe dê paz, e que Deus dê conforto à sua família para que possam enfrentar esta imensurável dor com serenidade." Segundo a empresa, o piloto será "sempre lembrado pelo profissionalismo, honestidade, lealdade, inteligência, competência e sensibilidade para lidar com as adversidades e conflitos humanos".
A queda será investigada pelo 5º Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa), órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), ligado à Força Aérea. Investigadores estão se deslocando para o local e vão tentar agora descobrir o que provocou o acidente.
"A ação inicial é o começo do processo de investigação e possui o objetivo de coletar dados: fotografar cenas, retirar partes da aeronave para análise, reunir documentos e ouvir relatos de pessoas que possam ter observado a sequência de eventos", informou o órgão em nota.
A investigação pretender prevenir acidentes futuros. "A necessidade de descobrir todos os fatores contribuintes garante a liberdade de tempo para a investigação. A conclusão de qualquer investigação conduzida pelo CENIPA terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade do acidente", concluiu a nota.
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