Topo

Esse conteúdo é antigo

Homem esquartejado: corpo foi cortado 18 h após morte; casal assume autoria

O corpo de Ronaldo César Capelari, 53, foi dividido em três sacolas - Reprodução/Facebook
O corpo de Ronaldo César Capelari, 53, foi dividido em três sacolas Imagem: Reprodução/Facebook

Marcelo Casagrande

Colaboração para o UOL, em Araçatuba (SP)

17/01/2020 19h24Atualizada em 17/01/2020 20h30

A Polícia Civil de Araçatuba (a 524 km de São Paulo) afirmou hoje que o advogado Ronaldo Cesar Capelari, 53, foi esquartejado cerca de 18 horas depois de ser assassinado. O caso também teve uma reviravolta: três suspeitos apontados inicialmente como responsáveis pelo crime foram inocentadas por outra mulher presa, que confessou a autoria com o namorado.

Capelari era casado e, na segunda-feira (13h), combinou de encontrar-se à noite com outra mulher, Laís Crepaldi, 24. Ao sair de casa, ele disse à família que iria à academia de natação.

Em depoimento, a jovem afirmou que tinha uma "relação próxima" com a vítima havia dois meses e que serviu de isca para um crime de roubo contra Capelari.

Quando entrou na casa de Laís, o homem foi golpeado na cabeça por Jonathan de Andrade Nascimento, 21, que é namorado da moça . O advogado gemeu de dor e quando tentou reagir, levou outros golpes de martelo. A vítima perdeu muito sangue. Os detalhes do crime foram relatados à polícia por Laís e Jonathan, que são considerados suspeitos e estão presos.

"Para não verem o sofrimento da vítima, eles amordaçaram a vítima, cobriram o rosto dela e amarraram com fita isolante. Como viram que ele [o advogado] estava muito mal, o esfaquearam nas costas e no pescoço", afirmou Antônio Paulo Natal, delegado responsável pelo caso.

Jonathan teria tentado colocar o corpo no carro da vítima, mas não conseguiu carregá-lo sozinho. A essa altura, Laís já tinha deixado o imóvel. Segundo o delegado, no dia seguinte, o suspeito pediu ao pai uma carreta emprestada com a desculpa de retirar entulhos da casa da namorada, mas com medo de o crime ser descoberto, desistiu da ideia.

Em depoimento à polícia, o suspeito disse que decidiu pegar utensílios na casa do pai, sem que ele soubesse, para esquartejar Capelari. As investigações mostraram que Jonathan ainda comprou sacos plásticos e luvas cirúrgicas no dia seguinte ao crime. "Não tinha câmeras na loja, mas uma nota fiscal da compra comprova isso", disse o delegado.

Na tarde de terça-feira (14), cerca de 18 horas depois da morte, o casal voltou ao imóvel e esquartejou o corpo que foi dividido em três sacos plásticos. Eles fizeram isso para conseguir carregar o cadáver e, então, fazer o descarte.

As mãos e o celular da vítima foram jogados no córrego Baguaçu e até agora não foram encontrados, segundo os suspeitos.

Aluguel da cena do crime levou até os suspeitos

A Polícia Militar encontrou o carro do advogado em uma estrada rural. Vestígios de sangue foram identificados no automóvel.

No mesmo dia, uma denúncia levou a polícia até uma casa onde o carro da vítima tinha sido visto na noite anterior. As sacolas com as partes do corpo estavam no banheiro do imóvel. Uma mangueira usada para limpar a cena do crime também foi encontrada.

A polícia chegou até Laís após verificar o contrato de locação da casa junto à imobiliária. Ao saber que estava sendo procurada para prestar esclarecimentos, a suspeita foi até a DIG.

Segundo o delegado, Laís, em sua primeira versão do caso, disse que costumava deixar a casa aberta e que não sabia de nada sobre o crime. Logo em seguida, porém, ela teria assumido a autoria do crime e acusado outros três participantes, todos entre 18 e 25 anos. O trio foi preso. Um se manteve calado, outro negou envolvimento e o terceiro disse que foi convidado a ir até a casa.

A polícia desconfiou da participação de mais uma pessoa, e Laís revelou que se tratava do namorado dela.

Três suspeitos soltos

Os cinco ficaram presos e tiveram os depoimentos confrontados. Foi então que Laís assumiu que agiu com o namorado e tentou incriminar os outros rapazes para acobertar Jonathan.

Ontem à noite, a Justiça acatou o pedido de revogação de prisão temporária dos outros três suspeitos. Eles foram soltos, mas uma possível participação do trio ainda é investigada. A polícia espera que o resultado dos laudos de DNA e impressões digitais no carro ajudem a esclarecer o que aconteceu e quem participou do crime. Os resultados devem sair até fevereiro.

"O rapaz [Jonathan] não conhecia a vítima. A suspeita disse ao namorado que Capelari tinha dinheiro. Eles queriam roubar, mas como não são do mundo do crime, perderam o controle da situação e ceifaram a vida da vítima", afirmou o delegado.

Outro lado

A Polícia Civil informou que os dois suspeitos - que foram levados hoje para unidades prisionais do interior de São Paulo - não possuem advogados constituídos.

Já a advogada Dayse Ramos Nery, que representa os jovens que foram soltos, disse ao UOL que trabalha com a linha de que os três sejam inocentes. "Meus clientes garantem que possuem nenhum contato com a garota. Um deles disse apenas conhecê-la por nome", afirmou.

Antes mesmo da reviravolta no caso, fotos dos três jovens foram publicadas em redes sociais e compartilhadas em grupos do WhatsApp. "Analisamos várias medidas que podem ser tomadas para essa situação, até mesmo pedir uma indenização. Mas ainda estamos estudando se isso vai acontecer", disse Dayse.