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Homens são 85% dos moradores de rua em SP; 70% são negros e há 386 trans

Moradores de rua se protegem do frio no Pateo do Collegio, no centro de São Paulo  - Willian Moreira/FuturaPress/Estadão Conteúdo
Moradores de rua se protegem do frio no Pateo do Collegio, no centro de São Paulo Imagem: Willian Moreira/FuturaPress/Estadão Conteúdo

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

31/01/2020 10h27

Resumo da notícia

  • Homem negro com média de 31 a 49 anos é o perfil do morador de rua
  • São 24.344 pessoas nestas condições, 60% superior ao identificado em 2015
  • Contingente é 32% superior ao previsto pela prefeitura

A população de rua na cidade de São Paulo aumentou, chegou a 24.344 pessoas este ano e é composta, majoritariamente, por homens (85% do total) e negros (70%), segundo o Censo da População em Situação de Rua divulgado hoje pela prefeitura.

O número de pessoas nessa situação é 60% superior ao identificado no censo de 2015 (15,9 mil). E o contingente encontrado superou em 32% a projeção feita pela prefeitura, que esperava contabilizar 18.216 pessoas nessa situação.

O levantamento ainda mostrou que:

  • 386 pessoas nas ruas que se declaram transexuais
  • A maior parte (46,6%) tem entre 31 e 49 anos (46,6%)
  • 3,9%, (quase 1.000 pessoas) são crianças
  • 28% brancos
  • 1,7% são indígenas
  • 0,9% são de cor amarela

Localização e razões

Segundo o Censo, cerca de 45% dessa população vive na Subprefeitura da Sé e 19% na Mooca. Parelheiros, Sapopemba e Perus reúnem 0,07% dessa população.

No estudo, essas pessoas afirmam que foram parar na rua por diferentes razões como morte de parentes, brigas entre familiares (50%), problemas de saúde (5%), como depressão, dependência de drogas (33%), perda de moradia (13%) e falta de trabalho (13%). Entre 2015 e 2019, a taxa de desemprego na cidade saltou de 13,2% para 16,6%.

Moradores de rua aguaram em uma fila por almoço no albergue Boracéia, na Barra Funda - Wanderley Preite Sobrinho/UOL - Wanderley Preite Sobrinho/UOL
Moradores de rua aguaram em uma fila por almoço no albergue Boracéia, na Barra Funda
Imagem: Wanderley Preite Sobrinho/UOL
A pesquisa

Segundo o prefeito Bruno Covas (PSDB), o censo estava previsto para ser realizado em 2020, com resultado a ser divulgado em novembro, "mas a prefeitura resolveu antecipar porque não dá para falar sobre política pública sem dados para utilizarmos bem o dinheiro público".

Munidos de tablets, os pesquisadores da empresa Qualiteste Ciência e Tecnologia encontraram moradores de rua em 6.800 pontos da cidade, número superior aos 2.800 na edição de 2015 do estudo. Foram 184 pesquisadores, 19 supervisores e 37 pessoas "com histórico de rua".

Segundo Cristiano Luiz Ribeiro de Araújo, da Qualiteste, pessoas vivendo em barracos improvisados nas vias "não são contadas como população de rua". "A gente contou quem estava em barraca improvisada. Se está em ocupação, pequena favela, barracos em vias, não contabilizamos", afirmou. "Essas pessoas não se encaixam nesse perfil. Para fazer uma pesquisa é preciso definir o público-alvo."

Covas promete dar emprego

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho anunciou a criação de 1.000 vagas para as Frentes de Trabalho voltadas à população de rua, 59% acima do atual número de oportunidades.

"Os beneficiários serão responsáveis por atividades como zeladoria de parques e praças, higienização e limpeza, jardinagem, cultivo de horas, auxílio em obras, moda com criação de peças de rua e acessório utilizando resíduos têxteis", informou a prefeitura. "A bolsa-auxílio mensal varia de R$ 698,45 para 20 horas semanais a R$ 1.047,90 para 30 horas."

De acordo com Covas, "não adianta apenas o acolhimento sem a reinserção". Para isso, ele prometeu a publicação de um decreto "nas próximas semanas" que regulamenta e autoriza a prefeitura a exigir de empresas contratadas pela prefeitura "que contrate um percentual mínimo de pessoas em situação de rua".

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