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DNA dá negativo para jovem que diz ter sido sequestrada há 16 anos

Luana Lopes foi sequestrada em 2003, aos 8 anos - Divulgação
Luana Lopes foi sequestrada em 2003, aos 8 anos Imagem: Divulgação

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, de Ponta Grossa

04/04/2020 18h52

A Polícia Civil do Paraná divulgou hoje o resultado de DNA da jovem de 24 anos que dizia ser Luana Oliveira Lopes, sequestrada em 2003, em Florestópolis, a 453 km de Curitiba. O exame deu negativo, não apontando nenhuma relação genética com os familiares da vítima, que sumiu aos 8 anos depois de ser abordada por um caminhoneiro na PR-170.

O inquérito do sequestro estava sem novidades havia 16 anos e precisou ser reativado pela Polícia Civil depois que a jovem procurou, em 7 de março deste ano, os investigadores do caso alegando ser Luana Lopes.

A mulher de 24 anos tem a mesma idade que a criança sequestrada teria atualmente. Ela também apresentava semelhanças físicas com a vítima, porém a Polícia Civil pediu um exame de DNA para confirmar se tratava-se da mesma pessoa.

Antes mesmo de procurar a polícia, a mulher encontrou os parentes de Luana Lopes acreditando serem parte de sua família biológica. O encontro ocorreu em 6 de março.

Segundo a Polícia Civil, a mulher que dizia ser Luana Lopes contou em depoimento viver na cidade do Rio de Janeiro. A desconfiança sobre a origem familiar surgiu quando uma tia afirmou que ela seria adotada. A jovem, porém, relatou não recordar do sequestro, tendo as lembranças mais antigas somente a partir dos 10 anos.

Luana Lopes - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

A jovem chegou aos parentes de Luana quando buscou na internet histórias de desaparecimentos e sequestros compatíveis com a sua idade.

A partir das redes sociais, conseguiu contato com os familiares de Luana e depois de conversar com os parentes da criança, enviar fotos e fazer comparações, passou a acreditar que teria sido sequestrada.

Procurada na tarde de hoje pelo UOL, a família de Luana não quis comentar o resultado do exame. A mãe, Neide Oliveira, informou através de um dos filhos que atendeu o telefone, ainda estar abalada com o resultado. Eles também não quiseram revelar a identidade e o contato da jovem.

Polícia encerra parte do inquérito

O caso é investigado pela Delegacia de Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride). A jovem que acreditava ser Luana perdeu o pai quando tinha 15 anos e a investigação queria saber, por exemplo, se ele tinha alguma relação com o caminhoneiro que sequestrou a criança paranaense, caso o exame desse positivo.

Segundo a delegada Patrícia Paz, com o resultado negativo, a investigação está em busca de outras pistas do caso, encerrando qualquer desdobramento em relação a jovem de 24 anos e Luana Lopes.

Para chegar à conclusão, peritos coletaram amostras da jovem e da mãe da vítima para serem submetidas ao Instituto Médico Legal (IML) do Paraná, em Curitiba.

"Recebemos ontem o resultado do exame e os peritos do IML concluíram a impossibilidade de vínculo genético entre a jovem e a mãe de Luana, menina desaparecida em 2003. Encerramos a investigação em relação a essa jovem, mas reafirmamos o compromisso com os familiares de continuar com as investigações dessa e de quaisquer outras denúncias que venham a ocorrer", confirmou a delegada ao UOL.

A Polícia Civil do Paraná divulgou uma imagem gerada através de software de como Luana estaria fisicamente hoje para auxiliar nas buscas.

Caso Luana

Luana Oliveira Lopes foi sequestrada em 16 de novembro de 2003, quando caminhava com o irmão, à época com 10 anos, na PR-170. Eles estavam a caminho da cidade vizinha de Prado Ferreira para pegar leite em uma propriedade rural.

No percurso, segundo a Polícia Civil, um caminhão abordou os irmãos e o motorista ofereceu cobertores que estavam no baú do veículo. Quando as crianças entraram na carroceria, o caminhoneiro fechou as portas e partiu. Pouco tempo depois, as vítimas foram levadas para a cabine.

O garoto, no entanto, reagiu e sofreu espancamento do motorista, sendo deixado na estrada amarrado.

Em razão das agressões e do trauma, o irmão de Luana perdeu a memória, dificultando o retrato falado. Em 2004, um homem chegou a ser preso no Rio Grande do Sul suspeito de ser o autor do crime, mas por falta de provas acabou solto, deixando o caso ainda sem respostas.