SP: novo rodízio tira carros das ruas, mas gera aglomeração nos transportes
Resumo da notícia
- Rodízio ampliado de veículos reduz carros no centro expandido de São Paulo, mas aumento de passageiros no Metrô era visível
- Foram vistas aglomerações nas estações Sé e Brás do Metrô e na estação Brás da CPTM
- Passageiros reclamaram e disseram que isolamento social deveria ser maior
- Secretário estadual de Transportes disse que a CPTM e o Metrô registraram, pela manhã, aumento do número de passageiros entre 12% e 15%
O rodízio ampliado implementado hoje na cidade de São Paulo tirou carros das ruas no centro expandido da capital, porém causou aglomeração no transporte público.
A sensação para quem teve que usar Metrô e trem no final da tarde de hoje, quando a maioria das pessoas retorna do trabalho para casa, era de uma segunda-feira normal, pela quantidade de passageiros nas estações e vagões. Exceto pelas máscaras obrigatórias, nem parecia que o país vive uma crise devido à pandemia do novo coronavírus.
A reportagem do UOL entrou às 17h15 na estação República e fez paradas nas estações Sé e Brás do Metrô (Companhia do Metropolitano de São Paulo) e na estação Brás da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanas). Observou-se que o movimento foi aumentando constantemente, quase como em um dia útil normal, até as 19h, quando ainda estava movimentado, mas menos denso.
Em vários momentos, apesar da grande adesão às máscaras, era impossível para os passageiros respeitar o distanciamento social, recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde, os governos estaduais e municipais e especialistas em Saúde.
12% a 15% de aumento pela manhã
Em entrevista ao Bom Dia SP, da TV Globo, o secretário estadual de Transportes, Alexandre Baldy de Sant'Anna Braga, disse que a CPTM e o Metrô registraram pela manhã aumento do número de passageiros entre 12% e 15%, principalmente nas estações de transferência.
O UOL procurou Braga para uma entrevista, mas a assessoria da pasta disse que os dados oficiais referentes ao movimento nos trens e no Metrô hoje só seriam divulgados amanhã (12).
Já o secretário municipal de Transportes, Edson Caram, afirmou que o rodízio ampliado trouxe redução no número de veículos nas ruas, mas ainda abaixo do esperado. Pelo novo esquema de rodízio, veículos com placas terminadas em números ímpares (1, 3, 5, 7 e 9) só poderão circular nos dias ímpares; veículos com placas terminadas em números pares (0, 2, 4, 6 e 8) só poderão circular nos dias pares.
Dia quase normal no Brás
O acesso da estação de Metrô Brás para a estação de mesmo nome da CPTM estava lotado, com todas as lanchonetes abertas normalmente, sendo proibido apenas o consumo no balcão. Estavam fechadas apenas as lojas de roupas e calçados e entreabertas uma loja de chocolates e outra de perfumes, em que os funcionários entregavam os produtos para clientes na porta.
Funcionários concursados e terceirizados estavam todos com máscaras, inclusive em seus momentos de descanso. A adesão dos passageiros era total, apesar de um ou outro utilizar o adereço de forma errada, muitos deles sem cobrir o nariz.
Sé cheia
Na estação Sé, chamou a atenção o movimento na linha azul, sentido Jabaquara, com a plataforma lotada e as escadarias cheias.
Na linha vermelha, também na Sé, sentido Itaquera, o movimento era mais diluído e aumentou progressivamente das 17h20 às 18h15, mas o intervalo entre os trens era de dois minutos, semelhante ao horário de pico de um dia normal.
Aglomerações nos acessos e trens
Entre 18h20 e 19h, o UOL constatou aglomerações no acesso do Metrô para a estação Brás da CPTM, com fluxo intenso de passageiros rumo às plataformas das diferentes linhas da CPTM. O maior movimento observado ocorreu às 18h30, no desembarque de uma composição completamente lotada na plataforma 1 da estação.
Um profissional da área hospitalar continua usando transporte público, pois dá treinamentos pessoais a profissionais terceirizados de hospitais. Ele afirmou que desde a Páscoa tem aumentado cada vez mais o número de pessoas nas ruas.
"É triste porque minha mãe é idosa e está em casa, mas eu e meu irmão, não. A gente pode estar levando a doença para ela, como pode ter acontecido com meu avô de 85 anos, que faleceu semana passada. Tudo indica que é covid, pois ele teve uma pneumonia severa, ficou 18 dias internado e não resistiu, mas o resultado do exame ainda não saiu", contou ele, que pediu para não ter seu nome identificado.
Carro foi trocado pelo Metrô
"Tiraram os carros das ruas, mas as pessoas que precisam trabalhar pegaram ônibus ou metrô. Meu irmão, por exemplo, é mecânico e vai trabalhar de carro, num trajeto de 25 minutos. De condução é uma hora e meia. Ou seja, ele está exposto ao vírus por mais duas horas, dia sim, dia não, a partir de agora", afirmou.
Para esse profissional da área hospitalar, que conversou com a reportagem enquanto se distraía um pouco ao celular, antes de pegar o metrô para casa, no Brás, a solução seria que mais empresas dessem estrutura para seus profissionais trabalharem em casa.
"Deveriam ter parado tudo"
O motorista João Ramos, que trabalhou pela primeira vez após um período de férias compulsórias e voltava de trem para Guaianazes, parecia inconformado com a aglomeração.
"Um absurdo quarentena dessa maneira. Ou param todos, ou não para ninguém. Voltei de férias compulsórias hoje e, por causa do rodízio ampliado, o movimento está como o de um dia normal aqui na estação. Desse jeito, está todo mundo transmitindo a doença, levando para lá e para cá", disse.
Para ele, as restrições deveriam ter sido mais amplas desde o começo da quarentena, com mais categorias em casa. "Teria sido muito melhor se parassem com tudo logo no começo. Se param mais carros, deveriam mandar mais gente ficar em casa. Qual o sentido de proibir carro pequeno e caminhão não? Pegar dinheiro?", reclamou.
A Secretaria de Logística e Transportes do governo do estado se pronunciou por meio de nota, afirmando que "não há restrições por parte do Governo de São Paulo ao trabalho dos caminhoneiros, pelo contrário, foi criada uma força-tarefa, no início da pandemia, para ajudar a categoria a manter os serviços pelas rodovias paulistas."
* Colaborou Carolina Marins, do UOL, em São Paulo
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